chapter two.

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▬▬▬▬ pontos de exclamação

Eu sentia o raios solares batendo contra minha pele suavemente, agora que sua luz estava mais amena as quase quatro da tarde. Meus olhos captavam a paisagem imensa que se tornava uma imagem divina a minha frente, com aquele mar maldito e tenebroso formando ondas que poderiam me lembrar sobre meus amigos e meu passado, a areia clara e fina brilhava sob o astro da manhã e que me recordavam a tamanha suavidade das águas marítimas a essa hora. O vento estava forte o suficiente para que balançasse as palmeiras e os coqueiros, sua brisa controlando o verde florestal que contornava a ilha.

Meus pés estavam encolhidos junto ao meu corpo em uma cadeira minúscula na varanda, tomando cuidado para que as pessoas que passassem em baixo não me vissem usando uma lingerie vermelha, ou minha carreira estaria jogada no fundo do oceano. Ao mesmo tempo que apreciava aquela praia recheada de memórias, eu me mantia alerta para o horário que Tati chegaria para me chamar e ir assistir o treino do surfe. Eu tenho uma mania terrível de só gostar de me arrumar perto do horário, para não dizer que amo procrastinar o máximo antes e ficar horas imaginando a roupa que iria usar enquanto encarava minha mala. Normalmente, assim que eu a escutava batendo na porta freneticamente, vestia a primeira roupa que via pela frente e sorria como se estivesse lá a muito tempo.

Hoje não seria diferente, e assim que escutei as batidas frenéticas na porta, me encaminhei para atendê-la enquanto mexia no celular.

― Tati, preciso urgentemente que você me diga qual roupa fica melhor. - falei, passando pelo feed do Instagram distraidamente. ― Olha, eu tava pensando nesse aqui. - me virei e comecei a caminhar em direção a mala, revirando algumas roupas. ― Essa saia parece muito com uma que a Kylie Jenner estava usando, acredita?

Mas a única coisa que escutei de resposta foi um completo nada. E depois, uma respiração pesada masculina.

― Então essa não é a sua melhor roupa?

Meu corpo paralisou, minha mente pausou e meu coração estagnou. Uma onda de desespero decidiu tomar conta de mim junto a vergonha quando olhei para trás e encontrei os olhos de Gabriel Medina, que me encaravam, parecendo mais escuros e semicerrados, me vendo com meu rosto corado de timidez e com uma vontade crescente de me esconder de todos.

Minha única reação foi correr e bater a porta na cara dele, me escondendo do outro lado e pondo minhas mãos em meu rosto, sentindo meus dedos trêmulos em nervosismo. Porra, por que justo ele? Por que justamente agora? Acho que nunca tive uma vontade tão grande de sumir na minha vida.

― Então, você vai ficar trancada aí e quer que eu avise pra Tati que você não vai mais? - bateu a ponta dos seus dedos na porta, como se esperasse uma resposta. ― Não esperava uma surpresa tão... agradável.

Meus lábios se fecharam em uma linha fina, remoendo a cena de segundos atrás quando respondi

― Sinceramente, eu nunca mais quero olhar na sua cara.

― Olha, se você parar para pensar, estar de biquíni não é muito diferente de estar de roupa íntima...

― Isso não ajuda nada, Medina!

― Mas é verdade!

Respirei fundo, falhando em acalmar o meu coração acelerado a cem quilômetros por hora. Porém, consegui reunir coragem o suficiente para girar a maçaneta de novo, pondo apenas meu rosto para fora, vendo o rosto extremamente lindo de Gabriel me esperando de braços cruzados, que avantajavam seu bíceps marcado pelas tatuagens. Senhor.

― É... não é querendo incomodar mas... eu posso usar o banheiro rapidinho? - perguntou, desconfortável, pondo as mãos no bolso.

Mas dessa vez não era porque ele estava com frio, até porque o hotel era fechado o suficiente para que o máximo que sentissemos fosse uma brisa. E quando eu olhei para onde suas mãos estavam posicionadas, eu sabia porque, e eu acho que sim, eu poderia me sentir mais envergonhada do que já estava.

SUMMER BUMMER ⸻ GABRIEL MEDINAOnde histórias criam vida. Descubra agora