O sol estava baixo no horizonte, lançando um brilho suave sobre a cidade. Lucas e Gabriel se prepararam para um encontro significativo. Após a conversa tensa no café, Lucas sentia um misto de ansiedade e esperança para o próximo passo: uma conversa mais profunda e pessoal com sua mãe.
Chegaram à casa de sua mãe, um lugar que Lucas sempre associou a memórias de dor e tristeza. O ambiente estava silencioso, e uma sensação de antecipação pairava no ar. Assim que entraram, foram recebidos com um olhar carregado de vulnerabilidade e uma mistura de tristeza e esperança.
– *Lucas, Gabriel, obrigada por virem* – a mãe de Lucas disse, seu tom era suave e sincero. – *Eu gostaria de falar com você, Lucas, a sós, se você não se importar.*
Lucas olhou para Gabriel, que lhe deu um sorriso encorajador e um leve aperto na mão antes de se afastar para dar privacidade ao momento.
– *Claro, mãe* – Lucas respondeu, tentando manter a calma enquanto seguia para a sala de estar, que estava iluminada apenas pela luz suave do fim de tarde.
Sentaram-se no sofá, e o silêncio entre eles era denso. A mãe de Lucas olhou para ele com um olhar carregado de arrependimento.
– *Lucas, eu...* – ela começou, sua voz tremendo. – *Eu sei que você carrega muitas feridas. E eu gostaria de entender o quanto a nossa rejeição te feriu.*
Lucas respirou fundo, seu coração batendo forte no peito. Ele sentia a necessidade de expressar tudo o que havia guardado por tanto tempo.
– *Eu sempre quis que vocês me aceitassem do jeito que eu sou* – Lucas disse, a voz embargada pela emoção. – *Mas a dor que eu senti foi muito profunda. O sentimento de rejeição e de não pertencer foi esmagador. Eu me sentia como se estivesse lutando uma batalha sozinho.*
A mãe de Lucas começou a chorar, e suas lágrimas foram como um alívio para a tensão no ambiente.
– *Eu vi você se afastar de nós e não soube como lidar com isso* – ela confessou. – *Eu vi sua dor e a nossa incapacidade de te apoiar da maneira que você precisava. E, em vez de tentar compreender, eu reagi com medo e rejeição.*
Lucas sentiu o peso das palavras dela. Era um alívio e uma dor ao mesmo tempo, mas havia algo de terapêutico nesse momento de honestidade.
– *Eu entendo que você e papai não sabiam como lidar com a situação* – Lucas continuou. – *Mas isso não diminui a dor que eu senti. Eu carreguei esse peso por muitos anos, e foi só quando comecei a me aceitar e a buscar minha própria felicidade que comecei a me curar.*
A mãe de Lucas olhou para ele com um olhar de profunda tristeza e compreensão.
– *Eu sinto muito por ter contribuído para sua dor, Lucas* – ela disse, enxugando as lágrimas. – *Eu só queria que você fosse feliz, mas acabei fazendo o contrário. Eu não sabia como lidar com o medo e a incompreensão que sentia.*
Lucas sentiu um nó na garganta, mas, ao mesmo tempo, uma sensação de leveza. A conversa estava desenterrando velhas feridas, mas também estava permitindo a cura.
– *O amor da família é importante para mim* – Lucas afirmou. – *Mas o mais importante foi eu ter me encontrado e construído minha própria felicidade. Eu precisei sair de casa e lutar pela minha vida para chegar até aqui. Não posso negar a dor, mas posso escolher como a superar.*
A mãe de Lucas assentiu, a compreensão em seus olhos mostrando que ela estava começando a aceitar a realidade.
– *Eu entendo, Lucas. E quero que você saiba que estou aqui para apoiar você daqui para frente. Quero aprender a ser a mãe que você precisa, se você me der essa chance.*
Lucas sentiu um misto de gratidão e cansaço. O caminho para o perdão e a reconciliação seria longo, mas aquele momento era um passo importante.
– *Eu estou disposto a tentar* – Lucas disse, seu tom refletindo uma nova sensação de paz. – *Mas precisamos seguir em frente um dia de cada vez. O que passou não pode ser mudado, mas podemos construir algo novo a partir disso.*
A conversa continuou, com ambos compartilhando sentimentos e experiências, enquanto o sol se punha lentamente, marcando o final de um dia carregado de emoções. Quando Lucas e sua mãe finalmente se levantaram do sofá, havia um novo entendimento entre eles.
Ao saírem da casa, Gabriel estava esperando do lado de fora, seu olhar cheio de apoio e amor. Lucas se aproximou e abraçou Gabriel, sentindo que, apesar das cicatrizes ainda visíveis, ele havia dado um passo significativo em direção à cura.
– *Como foi?* – Gabriel perguntou suavemente, seu olhar penetrante.
– *Foi difícil, mas foi um começo* – Lucas respondeu, sorrindo com um alívio genuíno. – *Eu sinto que, apesar das cicatrizes, finalmente estou começando a ver a luz no fim do túnel.*
Juntos, eles caminharam para casa, prontos para enfrentar o que viesse a seguir. O caminho à frente não seria fácil, mas Lucas sentia que, com Gabriel ao seu lado e a nova perspectiva que havia adquirido, ele estava preparado para enfrentar qualquer desafio.
Reta Final....
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Além das Cicatrizes
Любовные романыLucas, um jovem gay afeminado que cresceu em uma pequena cidade interiorana, sempre soube que sua essência brilhava de forma diferente. Desde cedo, enfrentou o preconceito e a rejeição de uma comunidade conservadora, inclusive de sua própria família...