A Garota

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Faye POV

A luz solar cobria meu corpo com seu calor característico de um dia sem nuvens no céu, caminhava tranquilamente com meus fones de ouvido num volume ambiente. Usava uma camisa manga longa azul, dobrada até os cotovelos e totalmente aberta, um cropped branco e uma calça jeans. Levei meus óculos escuros para cima da cabeça quando cheguei ao meu destino: Biblioteca Pública de Bangkok. Aquele lugar era enorme, três andares repletos de estantes e nelas haviam incontáveis livros de tudo que se pode imaginar. É um dos meus lugares favoritos na cidade, passei muito tempo estudando ali.

Subi as escadas que davam acesso a enorme entrada principal, e tive a ideia de verificar se o livro que estava em minha mão era mesmo o que eu precisava devolver naquele dia. Foi um erro, me distraí sem parar de andar e acabei esbarrando em alguém:

— Ah! Que droga! - Exclamou a pequena garota visivelmente irritada enquanto os papéis que ela carregava se espalhavam pelo ar.

— Me desculpe! Acabei me distraindo.

— Percebe-se.

Me senti mal pelo seu tom de voz e nem me dei tempo para ver suas expressões de raiva, apenas abaixei para pegar as folhas que podiam ser levadas pelo vento a qualquer momento. Comecei juntar todos que podia junto com ela, ainda sem olhá-la diretamente. Quando terminamos, nós duas nos levantamos:

— Poxa, desculpa mesm... - Minha fala se perdeu quando nossos olhares se encontraram.

Eu a conhecia. Quer dizer, não totalmente, mas eu já a vi muitas vezes. Eu era uma frequentadora assídua daquela biblioteca e há uns dois meses atrás eu estava na recepção, devolvendo um livro de Medicina, quando meu olhar foi de encontro a um lugar específico. Na seção infantil, havia uma garota muito linda sentada numa mesa com quatro cadeiras, mas só ela ocupava uma delas. Seu rosto carrancudo e sério contrastava com as cores vibrantes dos diversos livros infantis em volta, a cena chegava a ser cômica.

Desde então, passei a vê-la todas as vezes que ia na biblioteca, ela sempre estava fazendo a mesma coisa. Em sua mão esquerda, tinha uma caneta que poucas vezes encostava no papel. Na maioria das vezes ela balançava a caneta de forma impaciente ou mordia a tampa. Seus pensamentos sempre pareciam estar muito longe e em conflito. Por algum motivo, não conseguia tirar os olhos dela. Decorei cada detalhe de seu cabelo castanho claro, sua pele branca e seu rosto delicado. Também reparei nos diversos penteados que ela usava, todos pareciam combinar com seu rosto de forma harmônica. Mas sempre foi assim, a olhava de longe por poucos segundos, o bibliotecário entregava o livro que eu precisava e eu ia embora.

Aquela era a primeira vez que ouvia a voz dela e também era a primeira vez que nossos olhares se encontraram de fato, porque antes disso só eu a olhava de longe. Quando percebi a vergonha que estava passando completamente travada e sem dizer nada em sua frente, voltei a mim:

— Perdão, de verdade. Serei mais cuidadosa na próxima. - Entreguei as folhas que peguei do chão, ela permanecia irritada.

— Vou ter que organizar tudo de novo... - Disse como um pensamento alto enquanto folheava os papéis.

— Ei, eu posso ajudar.

— Não precisa. - Continuou ajeitando os papéis.

— Eu insisto, vamos tomar algo aqui perto e eu te ajudo.

— Como você pode saber a ordem? - Me olhou como se fosse óbvio.

— Percebi que você os enumerou. - Sorri simpática enquanto ela continuava resistente. - Vamos... Eu juro que sou legal. - Ela revirou os olhos e finalmente ganhei um sorriso entediado e cansado. - E ainda vou te pagar um milkshake. - Apontei para o pequeno quiosque que ficava ao lado da biblioteca.

— Ok, ok... Mas só vou aceitar porque está muito calor. - Sorri assentindo e então começamos a caminhar.

Eu nunca fui de demonstrar interesse em ninguém e muito menos chamar uma estranha do nada para tomar milkshake, geralmente as pessoas vinham até mim nas raras vezes que eu saía de casa para me divertir. Mas aquela garota era diferente, era como se algo nela me chamasse, me atraísse e de repente desenvolvi uma coragem que nunca tive.

Mais tarde, eu viria a entender que o que parecia uma confusão passageira na minha mente era, na verdade, algo inevitável.

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Yoko Apasra | 23 anos

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Yoko Apasra | 23 anos

Faye Malisorn | 27 anos

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Faye Malisorn | 27 anos

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E aí, amores? Gostaram do primeiro capítulo? Se sim dêem estrelinha e comentem bastante, isso me incentiva a continuar😘

Inevitável (FayeYoko)Onde histórias criam vida. Descubra agora