O Desespero

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Faye POV

Saí do parque com passos apressados, o som das folhas secas quebrando sob meus pés ecoava na noite silenciosa. Meu coração parecia martelar dentro do peito, tão forte que seus batimentos reverberavam nos meus ouvidos. A sensação de estar fugindo daquilo que mais desejei era sufocante, como se o ar ao meu redor estivesse rarefeito. Eu sentia uma pressão esmagadora no peito, mas simplesmente não sabia como lidar com o que havia acabado de acontecer. O beijo. Yoko. O peso daquele momento me atingiu com a força de um tsunami, e a única coisa que consegui fazer foi... fugir.

Abri a porta do carro com mãos trêmulas e me sentei atrás do volante. Mas, por mais que meus dedos estivessem no lugar, não consegui girar a chave de ignição. Fiquei ali, imóvel, respirando rápido demais. Fechei os olhos, tentando conter a avalanche de emoções que se desenrolava dentro de mim. L Minha mente estava acelerada, e a imagem de Yoko, com seus olhos surpresos e seus lábios ainda entreabertos após o beijo, era tudo o que eu conseguia ver.

Será que a decepcionei? Será que ela pensou que eu não senti o mesmo?

Meus pensamentos se atropelavam. Eu não sabia como interpretar o que havia acontecido, o que aquele beijo significava. E pior, eu não sabia por que fugi daquele jeito. Sempre foi fácil para mim reconhecer os sentimentos que cresciam por Yoko, lentamente, dia após dia. Mas agora, com algo tão concreto entre nós, a realidade me aterrorizava. Aquilo significava que poderia haver algo real entre nós, algo que talvez eu não estivesse pronta para enfrentar.

Depois de alguns minutos que pareceram horas, inspirei profundamente e liguei o carro, tentando ignorar o nó na garganta. A noite estava caindo, e a escuridão do lado de fora parecia refletir o caos dentro de mim. Eu deveria mandar uma mensagem para Yoko, explicar o que aconteceu. Mas o que eu diria? Como eu poderia explicar algo que nem eu mesma compreendia?

Cheguei ao meu apartamento com a cabeça ainda latejando. A cidade ao redor começava a se acalmar, mas dentro de mim, a tempestade persistia. Joguei as chaves no balcão e desabei no sofá, sentindo o peso emocional me puxar para baixo. Peguei o celular, olhando para a tela, mas sem coragem de escrever qualquer coisa. As palavras que passavam pela minha mente não faziam sentido.

"Yoko... eu não fugi por não querer. Eu fugi porque quero demais."

Como eu poderia dizer isso sem parecer uma completa idiota?

Suspirei e larguei o celular ao meu lado. O silêncio do apartamento parecia quase opressor, e, por mais que eu quisesse desligar a mente, ela continuava voltando para o mesmo lugar. O beijo. Aquele momento carregado de tensão, de desejo, de algo muito mais profundo do que eu estava preparada para lidar.

De repente, o celular vibrou, fazendo-me tremer junto. Peguei-o apressada, o coração batendo forte mais uma vez. Era uma mensagem de Yoko.

— Chegou bem?

A pergunta era tão simples, mas o peso que carregava era imenso. Por trás dela, eu podia sentir a preocupação, talvez até um pouco de insegurança. Ela queria saber o que eu estava pensando, o que aquele beijo significava para mim.

Passei os dedos pelo teclado, as palavras não vinham. Tudo o que eu conseguia pensar era em como aquele momento mudou tudo entre nós. Finalmente, digitei a resposta mais neutra que pude:

— Sim, cheguei. E você?

O tempo parecia se arrastar enquanto eu esperava sua resposta. Minutos que pareciam horas. Quando finalmente o celular vibrou novamente, senti meu coração saltar.

— Também.

Um simples "também", mas que parecia cheio de significados não ditos. Eu sabia que ela esperava mais de mim, alguma palavra que explicasse minha fuga repentina. Mas eu não sabia como dar nome ao que estava sentindo. Levantei-me do sofá, andando em direção a janela da sala, como se o movimento pudesse clarear minha mente.

Inevitável (FayeYoko)Onde histórias criam vida. Descubra agora