Capítulo 07

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   Desço do carro, me xingando mentalmente por ter esquecido que Daniel estaria aqui

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   Desço do carro, me xingando mentalmente por ter esquecido que Daniel estaria aqui. Deveria ter ficado mais alguns horas na lanchonete, ter a companhia de Lena seria melhor do que ter que conversar com esse pulguento. Dou passos calmos até a porta e respiro fundo antes de entrar.

   Com cuidado, deslizo a chave na fechadura, girando-a lentamente para evitar qualquer ruído. A madeira da porta cede com um suspiro suave, e eu me esgueiro para dentro da casa. A luz da tarde atravessa as cortinas, criando padrões dourados no chão de tábuas. Meu coração bate forte, e a lembrança da última vez que vi Daniel me assombra.

   Ele está aqui, conversando com meus pais na sala de estar. O homem que partiu meu coração, que me deixou com lágrimas e perguntas sem resposta. O homem que, apesar de tudo, ainda é minha conexão mais profunda, minha alma gêmea.

   — Nossa alma gêmea. — Narah me corrige, fazendo-me revirar os olhos.

   Eu sei. Penso, evitando falar e eles acabarem me escutando.

   As escadas se estendem à minha frente, e eu subo com passos leves, segurando o corrimão para evitar rangidos. Cada degrau é uma batalha contra o tempo e a memória. Lá em cima, meu quarto espera, um refúgio temporário onde posso me esconder até que a coragem retorne.

   A voz de Daniel flutua até meus ouvidos. Ele ri, e meu estômago se aperta. Como posso enfrentá-lo? Como posso olhar nos olhos dele e não revelar a tempestade de emoções que me consome?

   Respiro fundo e continuo subindo. A madeira sob meus pés é firme, e eu me concentro em cada detalhe: o cheiro do verniz, o leve farfalhar das cortinas, o calor do sol na minha pele. Tudo menos Daniel.

   Mas como tudo no mundo parece estar contra mim, quando estava na metade dos degraus, um deles range, tão alto que mais parecia a escada de uma casa velha e sem manutenção.

   Meus passos cessam e eu rezo internamente para que eles não tenham prestado atenção e estejam focados demais na conversa para me notarem.

   — É sério isso?

   Congelo no lugar, engolindo o bolo que se formou em minha garganta. Minha respiração fica pesada e minhas pernas bambas, eu sabia que se tentasse me mover acabaria rolando escada abaixo. Então fiquei parada, olhando para os vãos entre os degraus.

   — Amélia. — O tom de voz repreensivo me causa um arrepio. — Está fugindo de mim?

   — Não — respondo, ainda sem conseguir encará-lo.

   Eu me odeio por ser tão medrosa.

   — Não?

   — Não.

   — Não é o que parece.

   — Estou apenas indo para o meu quarto.

   — E o que está te impedindo?

Lunares - Destinada ao AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora