Vinda de uma cidade interiorana, a jovem Margarida agora tem que lidar com todos os desafios impostos pela nova profissão: estilista. Ela, que antes sequer conseguia pegar um Uber sozinha, por medo, ou se aproximar de um sapo sem gritar, agora tem q...
Chega quarta-feira à noite, dia do encontro com Adriane, na cidade vizinha, que era uma pouco maior e tinha restaurantes melhores. Margarida reservou um hotel e foi sozinha, levou uma mala pequena, com itens essenciais, incluindo o lindo conjunto verde que ela confeccionou para si mesma e iria usar naquela noite. Já arrumada, Margarida pontualmente chegou ao restaurante e sentou-se na mesa reservada por Adriane, que ainda não havia chegado. Ela aguardou, aguardou e nada... já passavam das 22h e Margarida já cogitava que tinha sido feita de trouxa e ia se levantando para sair, quando uma mulher de meia idade entra pelo salão do restaurante, com uma elegância notável e um belo Louboutin nos pés, e mesmo antes de se apresentar, ela sabia que era Adriane. A mulher sentou-se, acomodou a bolsa sobre a mesa, tirou uma caderneta de dentro e riscou algo, logo após, fechou, guardou e enfim olhou para Margarida, que continuava em pé perto da mesa.
"Sente-se meu bem, e perdão pela demora, tive alguns imprevistos com meu voo".
Margarida simplesmente se senta, já estava ali mesmo, por que não ter a reunião?
"Você já jantou?" pergunta a mulher.
"Ainda não, eu queria te aguardar para pedirmos juntas".
"Não precisava, eu já jantei no voo".
"Tudo bem..."
"Garçom, por favor, alguns cortes de wagyu para essa jovem, traga também um Merlot suave, garrafa inteira", ela diz, olhando de relance o cardápio. O garçom assente com a cabeça e se retira.
"Eu não bebo nada alcóolico" diz Margarida.
"Hoje você beberá" rebate Adriane.
Margarida se ajeita na cadeira e resolve iniciar o diálogo:
"Então, você gostaria de falar sobre meu trabalho com moda?"
"Sim, eu vi alguns desenhos seus, eram ótimos, e me interessei em te conhecer melhor, você tem talento" responde Adriane, e prossegue:
"Gostaria de te fazer uma proposta, se você estiver aberta à uma".
"Estou", diz Margarida.
"Eu tenho uma boutique de roupas finas em São Paulo, Itaim, clientes de alto padrão, modelos exclusivos e afins, e uma mente criativa como você seria ótimo para os negócios, inovação significa crescimento, e crescimento significa lucro", ela fala, enquanto olha Margarida nos olhos.
"Olha, eu não tenho certeza de ter aquilo que você procura em uma costureira" diz Margarida.
"Costureira?" Adriane ri de canto de boca, e continua:
"Você será estilista".
"Estilista?"
"Algum problema? Não sabe o que significa?"
"Sei sim, mas é que... isso é muito novo, desculpe."
O garçom chega com os pedidos, um eriaky de wagyu para Margarida e a garrafa do Merlot, serve ambas e se retira.
"O que me diz?" indaga Adriane.
"Eu realmente aprecio tudo isso, mas eu não acho que conseguiria ser... estilista de uma boutique de luxo, e eu nem tenho como me manter lá para trabalhar"
Nesse momento Adriane tira a caderneta novamente da bolsa e escreve algo, entrega à Margarida:
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Margarida fica levemente sem reação, Adriane então complementa: "É isso que você vai receber se trabalhar para mim, e pode aumentar ainda mais, à medida que seus modelos ganhem notoriedade, agora só depende de você para isso meu bem".
"E-eu, não sei o que dizer"
"Diga que sim", diz Adriane, com um sorriso malicioso nos lábios.
"Então, sim. Eu aceito a proposta", Margarida responde, ainda incrédula.
"Então um brinde à nós", propõe a mulher. Elas brindam.
"Você tem disponibilidade para começar em 14 dias?" pergunta Adriane.
"Tenho sim."
"Ótimo, em 14 dias nos vemos nesse endereço..." Ela entrega mais um pedaço de papel para Margarida. Pede a conta e paga.
"Preciso ir, até breve", ela diz e se levanta, sem dar nem tempo de Margarida agradecer pelo ótimo jantar, e pelo vinho.
"Tchau!" Margarida diz, e ela acena de costas enquanto se retira.
Margarida então repõe vinho em sua taça e se recosta, pega o papel com o valor e olha novamente, wow, era realmente uma quantia que ela jamais imaginou ganhar na vida, especialmente por mês. Ela bebe mais uma taça, e mais uma depois, não gostava de beber, mas aquele vinho era realmente muito gostoso. Depois de umas 5 taças ela se levanta, levemente bêbada, mas sóbria o suficiente para caminhar e conversar sem nenhum problema, encosta perto do garçom que atendia outra mesa e pergunta se ele conhece algum clube por ali, ele indica um, ela pergunta se ele não a acompanharia, pois ela não pega táxi sozinha, e ele já tinha demonstrado ser um cara legal nas últimas interações deles no restaurante ao longo da noite.
"O meu expediente acaba às 01 da manhã somente, senão eu te acompanhava, mas eu te chamo um taxista da minha confiança", ele diz.
"Não precisa", ela responde, já que ela jamais iria num táxi sozinha, de toda forma.
Ela caminha até o banheiro e lava o rosto, em seguida compra uma garrafinha de água e bebe inteira, pois água ajuda a não ficar bêbada, e segue rumo à saída do restaurante. Seu hotel ficava a 3 minutos dali a pé, ela já pegou esse hotel pensando nisso, em não pegar táxi. Chegando no hotel, ela tranca a porta e se joga na cama olhando o teto, ainda estava incrédula, ela põe o fone de ouvido com um rock suave e ali mesmo ela pega no sono.
