Dias depois, era madrugada e Margarida estava no aeroporto, aguardando seu voo que seria em 1h, suas amigas a acompanharam, para uma última despedida, o clima era de ansiedade e emoções boas, não poderiam estar mais animadas.
"Não esqueça de mandar fotos e vídeos de tudo lá em São Paulo hein, quero vlogs!" dizia Sofia, a mais animada das três.
"Pode deixar, vou registrar nos mínimos detalhes", responde Margarida, rindo.
"Eu também quero viu, e assim que pudermos iremos te visitar, por favor, faça novos amigos, mas de preferência não melhores amigos", fala Clara, seu coração estava orgulhosíssimo por Margarida e ela lacrimeja:
"Eu vou sentir tanta saudade, eu vou te ver na primeira oportunidade, tá?", ela diz, com os olhos cheios d'agua, Margarida e Sofia começam a lacrimejar também. As três se abraçam, enquanto o voo de Margarida já era chamado no alto-falante do aeroporto.
"Preciso ir, fiquem bem e prometam que também não vão me esquecer", Margarida diz e dá um último abraço em cada uma das meninas, logo após se vira para seguir para a sala de embarque.
"Margarida, espera", diz Sofia, e prossegue:
"Toma, é para sempre estarmos unidas e você sempre ter uma partezinha nossa contigo", e entrega uma pedra de quartzo azul para a amiga, Sofia era bastante supersticiosa, e Margarida, embora não acreditasse totalmente nisso, achava muito fofo. Ela recebe a pedra e agradece, novamente, as três se abraçam, e entre risos e lágrimas, Margarida segue rumo à sala de embarque. Apresenta o QR Code e passa, dá um último tchau e segue em frente.
Margarida enquanto aguarda sentada na sala de embarque, resolve criar um Twitter para ela, não tinha nenhuma rede social, mas decidiu que queria uma, e essa seria o suficiente e a melhor, porque era uma rede focada totalmente em textos. Começa o embarque, ela nunca havia viajado de avião antes e sentiu um friozinho na barriga ao entrar no avião e sentar eu seu lugar, que era na janela.
Depois de uns 3 minutos, ao seu lado sentaram-se dois rapazes, aparentemente jogadores de vôlei, já que eram absurdamente altos e atléticos, e pareciam tranquilos com o voo, diferente dela, que antes do comando da aeromoça já tinha afivelado o cinto e lido a cartilha de segurança.
"É a primeira vez?", ela ouve aquela voz grossa, meio rouca, olha para a esquerda e é o rapaz ao seu lado.
"É sim", ela diz, meio tímida.
"Fica tranquila, é mais seguro do que você pensa, dá um frio na barriga, mas logo passa", ele diz gentilmente.
"Obrigada".
"Por nada. Eu sou o Anderson, e esse é meu colega de time e melhor amigo, Daniel", ele diz e aponta para o outro ao lado dele, que acena e gentilmente a cumprimenta também.
"Eu sou Margarida"
"Nome bonito, e o que uma flor faz num voo interiorano para São Paulo?", diz Daniel, sentado na poltrona do corredor.
"Estou indo a trabalho, e vocês?", responde Margarida.
"Nós estamos indo para o Uruguai na verdade, São Paulo é uma conexão apenas, nós jogamos vôlei", responde Anderson, e isso confirma o pensamento de Margarida sobre a profissão deles.
"Que legal", a moça responde, e mexe na bolsa procurando um chiclete para mascar, para a pressão auricular, tinha pesquisado macetes para diminuir e esse era um.
O avião decola finalmente, Margarida fechou a janelinha do avião e também os olhos, tentava não pensar sobre estar subindo pelo ar.
Quando o avião finalmente estabilizou-se a 8 mil pés de altitude, ela então abriu a janela, e depois pegou um livreto de bolso e começou a ler.
"Fernando Pessoa? Eu adoro esse cara!", Anderson diz, observando o livro em sua mão.
"Isso, qual o seu poema favorito dele?", Margarida pergunta, surpresa dele conhecer.
"Tabacaria é o melhor para mim, e o seu?". ele responde.
"Eu, é o meu preferido", ela diz com um sorriso por poder falar do poeta com alguém, já que as amigas não gostavam tanto.
"Gosto muito desse também", ele responde, rindo.
Eles passam todo o restante do voo de 1h40 conversando sobre e após o pouso, ela pega sua mala de mão e segue para procurar a pessoa que Adriane disse que mandaria para pegar o Uber com ela, pois sozinha ela não tomava. E enquanto caminhava, sente um leve toque em seu ombro, quase desmaia de susto e se vira devagar rezando para ser, no mínimo, uma mulher, mas se tranquiliza quando vê que é Anderson:
"Não faz isso por favor", ela diz, meio pálida pelo susto.
"Calma aí miudinha, só que eu não peguei seu telefone no voo", ele diz rindo.
"E não vai pegar, mal te conheço", ela rebate, meio tímida, mas séria.
"Ah qual é, por favor", ele pede fazendo um rosto fofo, mas ela se mantém firme.
"Não vai acontecer", responde a moça.
"Então me passa seu Insta?", ele insiste.
"Não tenho"
"Mas o que você é hein? Viajante temporal?", ele pergunta, sendo sarcástico.
Ela pega uma caneta na bolsa lateral, um post it e anota o endereço dela no Twitter que ela recentemente abrira:
"Me segue lá, você vai ser o primeiro", ela diz, meio séria, mas não maldosa.
"Valeu, prometo que vou engajar", ele responde rindo.
"Não precisa se incomodar, agora preciso ir", ela diz se virando, caminha 5 passos adiante e é cercada por Anderson:
"Mas o que você ainda quer?"
"Eu fico aqui até amanhã de manhã, então quero te convidar para um café", ele responde.
"Não vai dar, amanhã eu começo a trabalhar então tenho que me organizar hoje, além do mais você sabe o preço de um café aqui?" ela rebate, olhando ao redor, do meio do aeroporto.
"Eu pago, não precisa se preocupar", ele insiste.
"Obrigada, mas eu passo", ela diz e segue em frente.
"Tchau Florzinha", ele acena, ficando para trás, ela olha de lado, ri sem graça e segue adiante, para encontrar a assistente de Adriane, que a esperava logo à frente, perto da parada de Uber, elas embarcam e vão embora.
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Doce fecho-ecler
ChickLitVinda de uma cidade interiorana, a jovem Margarida agora tem que lidar com todos os desafios impostos pela nova profissão: estilista. Ela, que antes sequer conseguia pegar um Uber sozinha, por medo, ou se aproximar de um sapo sem gritar, agora tem q...