05: O encontro

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Jack ouviu um grito ecoar por entre as arquibancadas. Ele olhou ao redor, buscando a origem, enquanto a plateia permanecia absorta no show, aparentemente alheia. Foi então que notou algo... um palhaço diferente dos demais. Seus olhos fixaram-se na figura sinistra, e Jack se perguntou como não o havia percebido antes.

As luzes do circo mudaram, lançando sombras distorcidas ao redor. Um choro baixo e soluçado chamou sua atenção. No fundo das cadeiras, uma criança, com não mais que cinco ou seis anos, chorava inconsolável, enquanto seus pais, nervosos, tentavam acalmá-la.

Jack se levantou, seus sentidos em alerta. Ele decidiu caminhar até o fundo, tentando entender o que estava acontecendo.

De repente, as luzes se apagaram, e apenas um holofote permanecia aceso, focando naquele palhaço estranho. A figura estava parada, observando a criança com uma atenção perturbadora, o sorriso congelado em atrás da maquiagem.

Jack continuou sua caminhada, ignorando o incômodo crescente que apertava seu peito. Quando chegou ao fundo, a criança ainda soluçava, de olhos fechados, como se algo a estivesse aterrorizando de forma silenciosa. Jack olhou em volta, sentindo os olhos do palhaço ainda fixos na pequena.

Então, alguém no palco, com um saco cobrindo o rosto, pegou a criança nos braços. Os pais, confiantes de que aquilo fazia parte do show, deixaram-na ser levada sem questionar.

"Que merda é essa?", murmurou Jack, confuso e desconfiado.

Ele olhou de volta para o palco, mas o palhaço havia desaparecido, assim como a criança. A plateia, no entanto, não parecia notar nada de errado. Todos continuavam assistindo, como se aquilo fosse parte do espetáculo.

No centro do picadeiro, o palhaço reapareceu, agora ao lado de uma grande caixa, típica dos números de mágica. Com gestos exagerados, ele mostrou a caixa para o público. Quando a abriu, a criança estava lá dentro, mas agora estranhamente quieta, imóvel. Um calafrio percorreu a espinha de Jack. Algo definitivamente não estava certo.

Ele observou com atenção, enquanto o palhaço tampava a caixa com a criança dentro. O público irrompeu em aplausos, mas Jack franziu o cenho, sua desconfiança aumentando. A quietude da criança não parecia natural, e a tensão no ar era quase palpável.

De repente, figuras mascaradas começaram a circular ao redor da caixa. Eles usavam máscaras grotescas de animais e, enquanto se moviam, uma música sombria, quase ritualística, começou a tocar.

Jack sentiu os pelos de sua nuca se arrepiarem. Sem hesitar, sua mão foi direto para o coldre, seus dedos segurando a arma com firmeza, pronto para agir caso algo pior acontecesse

As figuras mascaradas se aproximaram da caixa, enquanto o palhaço levantava um pano, cobrindo-a. Palavras estranhas e incompreensíveis foram sussurradas ao redor, criando um clima ainda mais inquietante. Em seguida, o palhaço, com um sorriso sinistro, pegou facas longas e afiadas. Ele as segurou acima da cabeça, como em um truque de mágica tradicional, mas havia algo errado... tudo parecia sombrio e ameaçador.

Jack assistiu, seu coração batendo rápido, enquanto as lâminas eram enfiadas na caixa, uma a uma. A plateia, sem notar o terror iminente, aplaudia, encantada com o que acreditava ser apenas mais uma ilusão. Mas Jack sabia... algo horrível estava prestes a acontecer

Jack estava pronto para agir. Ele olhou para a plateia e percebeu que alguns espectadores tinham olhares estranhos, mas o que mais o perturbou foi a mãe da criança ao seu lado, que estava paralisada, os olhos fixos à frente, como se estivesse hipnotizada. Um frio na espinha percorreu seu corpo ao perceber que ela realmente parecia estar sob o controle de algo maligno.

Sentindo um aperto no peito pela criança que estava em perigo, Jack decidiu que não poderia ficar parado. Ele começou a avançar em direção à caixa, a urgência de salvar a criança tomando conta de seus pensamentos. O que poderia acontecer com ela? Ele não queria nem imaginar.

Quando estava prestes a ir, todas as luzes se apagaram, mergulhando o circo em uma escuridão quase total, com apenas luzes vermelhas acesas. Um murmúrio de medo percorreu a plateia, enquanto alguns espectadores trocavam olhares nervosos. O som da caixa se abrindo, cortou o silêncio, e Jack sentiu seu coração acelerar.

Na escuridão, ele sabia que precisava agir rapidamente. O palhaço e as figuras mascaradas continuavam no centro do picadeiro, mas agora, tudo parecia mais sombrio, mais ameaçador. Ele trocou olhares furtivos com o palco, determinado a salvar a criança antes que fosse tarde demais.

Com a adrenalina correndo em suas veias, Jack avançou em direção ao palco, suas mãos firmes no coldre, preparado para enfrentar o que quer que estivesse esperando ali. Ele não podia permitir que o horror se concretizasse. A vida da criança estava em suas mãos.

Circo malditoOnde histórias criam vida. Descubra agora