Capítulo 04

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CENA 01 • INTERNA • NOITE • CASA DE VIRGÍNIA

As luzes da casa estão apagadas, o silêncio reina, nenhum movimento no ambiente, até que o barulhinho das chaves destrancando a porta da frente rompe o silêncio. Marquinhos entra em casa, ainda cabisbaixo. Virgínia sai de seu quarto, acabou de acordar com o barulho dele chegando.

VIRGÍNIA (Sonolenta): Onde cê tava até agora?

Marquinhos fecha a porta, tranca e vai indo em direção do quarto.

MARQUINHOS: Pensando por aí.

CENA 02 • STOCK SHORTS • NOITE/MANHÃ

Ao som de (Fracassos - Alice Caymmi)
Imagens do Rio de Janeiro. As praias. Os prédios. As pessoas no corre da manhã. O Bairro São Cristóvão.

CENA 03 • INTERNA • MANHÃ • CASA DE VIRGÍNIA

Marquinhos está na cozinha, terminando o seu café da manhã. Gabi sai do quarto e o vê, revira os olhos. Entra na cozinha, senta-se a mesa pegando um pão.

GABI: Resolveu voltar?

MARQUINHOS: Eu tô afim de discutir.

Os dois permanecem calados por um breve momento.

GABI: Quê que é hein Marquinhos? Não suporta a felicidade alheia não é? Pra quê mentir daquele jeito?

Marquinhos levanta de saco cheio.

MARQUINHOS: Olha aqui Gabriely eu não menti, tá? Teu namoradinho me roubou minha mochila, com laptop, celular e mais um monte de coisa... Mas se tu prefere acreditar que teu irmão tá mentindo pra tu pra acabar com teu namoro que com certeza não vai nem durar dois meses, então tudo bem... Essa é uma escolha sua, mas não vem me perturbar não.

Marquinhos sai.

CENA 04 • INTERNA • MANHÃ • APARTAMENTO DE REGINA E INÊS • QUARTO DE ELLANY

Ellny está se arrumando em frente ao espelho, vez ou outra dá uma espiada no celular, para conferir se chegou alguma mensagem de Marco Aurélio, mas ao ver ainda não tem nada, volta ao que estava fazendo, um pouco triste.

CENA 05 • INTERNA • MANHÃ • APARTAMENTO DE REGINA E INÊS • VARANDA

Ellany sentada ali tomando um café, Regina entra. Ellany a vê.

ELLANY: Que foi mãe?

REGINA: Vim passar pra te dar um beijo e reparei que você está inquieta.

Ellany arfa.

ELLANY: Tô esperando uma mensagem do Marco Aurélio... Ele disse mãe, que se um dos autores mais velhos ler a minha sinopse e se interessar em ser meu supervisor de texto, minha sinopse vai pra frente, só que até agora ele não me deu nenhuma retorno.

Regina ri-se.

REGINA: Minha filha calma...

ELLANY: Como calma mãe? E se todo mundo ler e achar uma merda? Ou achar sem graça? Ou boba demais? Estranha? Sem rumo? Mal estruturada? Ou se simplesmente acharem arriscado demais bancar uma sinopse de uma autora com tão pouca experiência e...

REGINA: Filha, filha calma, relaxa você tá colocando o carro na frente dos bois, você não vai conseguir prever o que os autores mais velhos vão achar do seu projeto, tudo bem eu entendo que você tá ansiosa com esse resultado, mas ficar se descabelando criando mil possibilidades de desfechos pra uma história que ainda nem tá na metade não é a melhor coisa a se fazer, eu sei que é difícil ouvir isso, mas você não pode fazer mais nada, a sua parte você já fez, agora está nas mãos deles... Tenha paciência meu amor.

Ellany respira fundo.

ELLANY: É cê tá certa, eu vou te tar parar de pensar nisso por enquanto.

Regina beija a cabeça de Ellany e sai para trabalhar.

CENA 06 • EXTERNA • MANHÃ • PRAIA DO LEBLON

Ellany caminha em direção da água, da um mergulho, nada um pouco e logo sai, se aproxima de um quiosque.

CENA 07 • EXTERNA • MANHÃ • PRAIA DO LEBLON • QUIOSQUE

Ellany chega ao balcão, não vê ninguém.

ELLANY: OPA! Tem ninguém pra atender não?

Bianca, mulher madura, branca, loira, 47 anos, sai de um outro cômodo do quiosque, nem percebe que está alí.

BIANCA: OPA! Tem eu...

Mas então quando chega mais, perto sorri.

BIANCA (Animada): Não acredito! Ellany?

Ellany olha bem para Bianca e também sorri ao reconhece-la.

ELLANY: Madrinha!

BIANCA: Meu Deus...

Bianca sai de dentro do quiosque e vai até Ellany, a abraça.

BIANCA (Cont): Menina como tu cresceu... Tá diferente mudou, quantos anos a gente não se vê hein?

ELLANY: Sete? Oito?

BIANCA: Deve ser isso mesmo.

ELLANY: Não sabia que cê tava com esse quiosque aqui.

BIANCA: Comecei em novembro minha filha.

ELLANY: Ah por isso, eu novembro, dezembro eu não tava no Rio, só voltei mesmo depois do Ano Novo.

BIANCA: E tuas mães como é que tão?

ELLANY: Estão bem, mãe Inês ano passado inclusive comprou uma casa em Petrópolis.

BIANCA: E o que é que Regina disse?

ELLANY: Brigou com ela... Aquela discussão de sempre quando mãe Inês compra uma propriedade nova.

BIANCA: Sei bem como é minha filha, olha no tempo que a gente tinha mais ou menos a sua idade e elas ainda eram só amigas, Inês inventou de comprar uma apartamento na Gávea, caríssimo! Aí já pode imaginar o que a Regina disse... Você quer beber o que meu amor?

ELLANY: Uma água de côco mesmo.

Bianca entra no quiosque e já vai pegando logo o côco.

BIANCA (Cont): Enfim Regina ficou fula da vida.

ELLANY: Teu filho cadê?

BIANCA: A essa hora deve tá pegando uma onda lá prós lados do Leme, inclusive a gente tá morando lá.

ELLANY: A senhora tinha sumido, nunca mais foi lá em casa, o que ouvi? 

BIANCA: A verdade é que eu deixei o Rio, fui passar uns tempos no interior de Minas.

As duas continuam alí conversando.

CENA 08 • EXTERNA • TARDE • PRAIA DE COPACABANA

Mayara sai da água, Murilo, jovem branco, moreno, 22 anos se aproxima.

MURILO: Oi sumida!...

mais uma vez Onde histórias criam vida. Descubra agora