Capítulo 07

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CENA 01 • STOCK SHORTS • DIA/NOITE

Imagens do Rio de Janeiro, embaladas pela música (Águas de Março - Elis Regina e Tom Jobim). A Lagoa pela manhã. O calçadão de Copacabana à tarde. As ruas do centro à noite. Os dias passando.

CENA 02 • EXTERNA • TARDE • CASA DE VIRGÍNIA

Marquinhos em frente ao espelho de seu quarto, terminando de se arrumar para voltar ao trabalho, até que ele ouve batidas na porta da frente, vai até ela e ao abri-la, respira fundo tentando manter a calma ao ver que se trata de seu pai.

MARQUINHOS (Com raiva): Quê que cê quer?

ALBERTO: Eu vim ver suas irmãs.

MARQUINHOS (Seco): Num tão!

E vai fechando a porta rapidamente, porém é impedido por Alberto.

ALBERTO: Ei calma.

Marquinhos solta a porta, Humberto entra em casa e senta no sofá.

ALBERTO: Não tem problema, eu espero... Hoje eu tô de folga, vim só pra passear com elas.

Marquinhos fecha a porta respirando fundo, se controlando para não pegar aquele homem pela gola da camisa e o arrastar até a rua.

MARQUINHOS: Você não pode ficar aqui, tá? Mãe saiu, não sei que horas ela volta e eu também vou sair pra trabalhar, não vai dar certo você ficar aqui sozinho.

Ele entende o recado filho, levanta e se aproxima dele.

ALBERTO: Diz pra elas que eu vim, tá?

Marquinhos olha para o pai com muito ódio.

MARQUINHOS: Você não tem celular? Manda uma mensagem e tá tudo resolvido.

E vira o rosto para o vaso de plantas na mesinha de centro, Alberto porém continua a olhar para o filho.

ALBERTO: Cê não vai me perdoar nunca? Porra até tua mãe já...

MARQUINHOS: Eu tô atrasado pro trabalho.

Alberto imediatamente para de falar e sem dizer mais nada, sai.

CENA 03 • EXTERNA • TARDE • RUA

Alberto sai da casa, passa pelo portão, chega a rua tentando segurar o choro, mas assim que chega ao fim não esquina, não aguenta e desaba em lágrimas.

CENA 04 • INTERNA • TARDE • APARTAMENTO DE ALBERTO

Alberto entra em casa, limpando as lágrimas. Pedro, adolescente ruivo, 15 anos, se aproxima.

PEDRO: Ué cê não ia sair com as meninas hoje?

Alberto senta no sofá.

ALBERTO: Cheguei lá e não encontrei ninguém.

Pedro senta no sofá.

PEDRO: Ninguém mesmo?

Ele repara nos olhos inchados do pai, olha bem nos olhos dele esperando que lhe diga a verdade, Alberto porém desvia o olhar, Pedro levanta indignado.

PEDRO: Não viu ninguém, né? Viu o idiota do Marcos!

ALBERTO: Ah meu filho não chama seu irmão de idiota.

PEDRO: Irmão? Irmão nada! Se ele não faz questão de ser meu irmão, eu não faço questão de ser irmão dele também.

ALBERTO: Não fala isso meu filho...

PEDRO: Falo sim, é um estupido que fica tratando o senhor como se fosse merda... Dê graças a Deus que eu não encontrei com ele ainda, PORQUE SE EU ENCONTAR QUEBRO A CARA DELE.

Alberto não diz mais nada, ainda arfando de ódio, Pedro se volta para ele.

PEDRO: E ainda por cima te fez chorar o desgraçado!

ALBERTO: Eu não chorei...

PEDRO: O SEU OLHO TA INCHADO!

ALBERTO: Alergia meu filho...

PEDRO: Ah qualé pai? Num sou trouxa... Mas também pra quê que o senhor foi procurar ele?

ALBERTO: Eu não fui procurar ele, fui lá ver as minhas outras filhas, não tenho só ele de filho lá, né?

PEDRO: Pode até não ter sido a sua intenção imediata, mas admita que o senhor tinha esperança de encontrar com ele e finalmente conseguir se acertar, não é?

ALBERTO (Acuado): Tá eu admito, eu tinha esperança sim... Mas já vi que não vou conseguir me acertar com ele... Meu filho me faz um favor, não conta pra sua mãe que eu me encontrei com ele, se ela perguntar... Não quero que ela se aborreça.

PEDRO: Tá bom.

CENA 05 • INTERNA • TARDE • EMPRESA DE INÊS • BANHEIRO FEMININO

Rafaela em frente ao espelho, com o celular na orelha conversando com Pedro, por ligação.

RAFAELA: Não tá bom meu filho, eu não vou dizer nada a teu pai não, mas eu não vou deixar isso aí barato não... Esse pirralho aí que me aguarde.

CENA 06 • EXTERNA • INÍCIO DA NOITE • ESTACIONAMENTO DO SUPERMERCADO •

Marquinhos passando por alí, quando Rafaela se aproxima, ao vê-la, Marquinhos revira os olhos.

MARQUINHOS: Quê que é?

Rafaela o fuzila com o olhar...

mais uma vez Onde histórias criam vida. Descubra agora