Gossip

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— Vamos recapitular. — Eu disse, depois de alguns minutos em silêncio tentando juntar as peças do quebra-cabeça caótico que minha irmã estava pintando. — Você foi para Londres resolver as pendências quanto ao inventário de papai, e na primeira semana, alguém apareceu do nada e tentou matá-la?

Olivia deu de ombros, com um desdém irritante, como se eu estivesse narrando o resultado de um jogo de futebol e não a tentativa de assassinato da própria irmã.

— Foi basicamente isso. — Murmurou, e imediatamente eu soube que ela estava mentindo. Olivia sempre murmurava quando mentia, como se a própria voz não pudesse carregar o peso das próprias escolhas. 

— E então você decidiu procurar os antigos parceiros de negócio do nosso pai, na esperança de... o quê? Que eles te recebessem de braços abertos e te contassem os segredos deles? — Minha voz carregava uma ironia cortante.

— Ninguém confiou em mim para dizer o que está acontecendo ou me deixar tomar a frente. — Ela completou, a voz ficando mais fina, como uma criança sendo repreendida.

Imediatamente, meus olhos foram para aquele homem que estava na sala conosco. Estávamos na casa de Olivia, no escritório, com essa figura enigmática e lamentável que a acompanhou desde a Inglaterra, alegando que trabalhava para o nosso pai. Ele parecia deslocado em meio ao ambiente bem decorado, com seu terno amassado e o cheiro de cigarro barato impregnando o ar.

— Não nos entenda mal, Olivia, mas sua personalidade não combina com o perfil. — Ele riu, uma risada que parecia mais um guincho do que qualquer outra coisa.

Olhei para ele com desdém. Era uma criatura repulsiva — baixo, acima do peso, e com uma feição de rato que parecia perpetuamente molhada.

— E por que você está aqui? — Indaguei, meu tom gélido o suficiente para fazer qualquer um tremer, mas ele apenas virou seu sorriso bisonho para mim, como se eu fosse uma piada particular.

— Seu pai era o melhor de nós. Mas era soberbo demais, presunçoso demais... Você sabe...

— Sim, ele subiu porque vacilou. — Olivia interrompeu, e eu a fuzilei com um olhar afiado. Ela ergueu as mãos em sinal de rendição.

— E então? — Eu o pressionei.

— Bom, há um novo chefe, e ele quer encerrar as pendências abertas... O que, no caso, são vocês duas e a viúva. — Ele falou com uma falsa casualidade que fez meus dentes rangerem.

Revirei os olhos, a exasperação queimando dentro de mim. Porque, claro, nada na minha vida poderia ser simples. Os pecados do meu pai tinham que desaguar em mim, como um legado maldito que eu nunca pedi.

— E por que acha que eu vou me envolver nisso? — Minha voz era um fio de aço, desafiando-o a continuar com aquele jogo ridículo.

Ele deu de ombros, um gesto desdenhoso que me deixou ainda mais irritada. Então, com um movimento calculado, arrastou uma pequena fotografia pela mesa até mim. Meu coração deu um salto involuntário quando vi a imagem: era uma foto minha ao lado de Andrea, capturada em algum momento que eu não conseguia identificar. O que Andrea tem a ver com toda essa bagunça?

— Eu creio que foi um grande engano, considerando que você é casada com um homem, mas eles estão supondo que ela é sua amante. — Ele explicou, o sorriso de rato ainda pendurado em seus lábios. — E vão nela para atingir você.

O cansaço e a raiva colidiram dentro de mim como uma tempestade. Eu levei a mão à testa, sentindo uma dor de cabeça começando a latejar.

— Ah, pelo amor de Deus. — Soltei, exasperada. — Como se eu já não tivesse problemas o suficiente...

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⏰ Última atualização: Sep 06 ⏰

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