🤍𝟎.𝟏🤍

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O dia estava propício para uma nova criação. O salão principal da mansão estava infestado por um ar de criatividade. Manequins espalhados, tecidos cortados, tesouras cortando e agulhas furando.

A mulher de cabelo bicolor estava andando de um lado para outro, imersa em seus pensamentos e em sua inspiração. Cortava tecidos, os prendia aos manequins e costurava as suas peças. Mas por mais que o vestido estivesse quase perfeito, parecia que algo faltava. Um detalhe especial, um toque final para torná-lo mais que perfeito.

─ O que falta...? ─ Disse para si mesma, andando ao redor do manequim, tentando desvendar seu quebra-cabeça da perfeição. ─ Você ainda não está perfeito. Um último toque, apenas isso.

─ Está falando sozinha denovo? ─ Gaspar, um de seus fiéis companheiros apareceu no salão, indo em direção à lareira.

─ Sempre faço isso em momentos de confusão. Parece que se eu disser em voz alta consigo descobrir o que falta. ─ Disse com um sorriso que não alcançava seus olhos. Ela não desviou o olhar da peça nem por um instante enquanto arrumava a saia do vestido com mais alguns alfinetes.

─ Hum, interessante. Horácio levou os dálmatas para passear, já devem estar voltando. ─ Horácio, outro amigo querido, ambos são como irmãos para ela.

─ E os outros dois?

─ Estão no jardim. ─ Gaspar se senta na poltrona próxima a lareira.

A lareira foi acesa, com uma bela chama preenchendo aquele pequeno espaço. Cruella continuava a repetir que só faltava um detalhe para tornar perfeita. Olhou de todos os ângulos e testou todas as cores de tecido possíveis.

Aquilo era um pouco incomum. Ver Cruella de Vil com dificuldades para encontrar a chave para a perfeição. Mas ai, um pequeno acidente.

─ Aai! ─ Exclamou após furar o dedo em um alfinete. Uma pequena bolha de sangue se formou na ponta de seus dígitos finos. Seus olhos agora focavam naquele pequeno machucado. O sangue tão vermelho quanto o vermelho do vestido. Ela encontrou a chave para a perfeição. ─ É isso... Já sei o que preciso.

─ Sabe é? ─ Pergunta humorado.

─ Preciso ir até Artie na cidade. Não pretendo demorar muito. ─ Disse enquanto se apressava para chegar até a porta.

Cruella saiu da mansão com passos decididos, seus saltos ecoando pela entrada até chegar à garagem. Um carro preto e branco a aguardava, e sem hesitar, ela entrou, dirigindo rapidamente até a cidade.

A estrada até o centro fervilhava com a energia da tarde, mas o mundo ao redor era apenas um borrão para Cruella. Seus pensamentos estavam fixos no vestido, no detalhe que faltava, na perfeição que ela visualizava e que estava a apenas um passo de distância.

Estacionou em frente a uma loja que se destacava pelo design arrojado e pela vitrine repleta de roupas chamativas e acessórios extravagantes. Uma campainha tocou quando ela entrou, e de trás do balcão, um homem com uma expressão divertida e estilo marcante sorriu ao vê-la.

─ Cruella, querida! ─ Artie exclamou, abrindo os braços. ─ O que a traz até minha humilde loja hoje? Imagino que seja algo grandioso, como sempre.

─ Artie, meu querido, preciso de algo especial. ─ Ela andava lentamente até o balcão, o olhar calculado analisando o ambiente ao redor. ─ Um tecido vermelho brilhante, e pedras preciosas. Estou terminando um vestido que vai redefinir o conceito de perfeição, mas falta o toque final.

─ Vermelho brilhante? Pedras? Estou intrigado. Posso ajudar, é claro. ─ Ele a conduziu até uma seção mais reservada da loja, onde diversos tecidos de alta qualidade estavam dispostos. ─ O que acha disso aqui? É seda pura com um acabamento acetinado. Brilha à luz e parece... sangue. ─ Ele sorriu, provocando-a.

𝕷𝖔𝖛𝖊 𝖍𝖆𝖘 𝖙𝖍𝖊 𝕮𝖔𝖑𝖔𝖗 𝖔𝖋 𝕽𝖊𝖛𝖊𝖓𝖌𝖊Where stories live. Discover now