🖤𝟎.𝟐🖤

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Era uma manhã fria e nublada em Londres. O som dos saltos de Cruella ecoava pela calçada enquanto ela se dirigia à loja de Artie mais uma vez. Ela estava com pressa, como de costume, mas havia uma certa leveza em seus passos. O vestido vermelho para o baile estava completo, mas agora, outro projeto estava em sua mente: um vestido inacabado que havia sido deixado de lado, esquecido por conta da pressa em criar sua última obra-prima.

Ao entrar na loja de Artie, a familiar campainha tocou. Artie, como sempre, estava arrumando alguns tecidos, seu estilo inconfundível e sua energia vibrante enchendo o ambiente.

─ Cruella, minha musa favorita! ─ Ele exclamou, dando uma volta dramática para cumprimentá-la. ─ O que a traz até minha humilde loja tão cedo?

─ Preciso de tecidos, Artie. Verdes, para ser mais exata. E missangas, muitas delas. ─ Cruella foi direta, como sempre, mas havia um brilho curioso em seus olhos.

─ Ah, verdes? Uma mudança de paleta, interessante. ─ Artie sorriu, claramente intrigado. ─ Você costuma se inclinar mais para os tons dramáticos, mas verde... Isso me interessa. O que está planejando?

─ Algo que deixei de lado. ─ Ela acenou com a mão, minimizando a importância do projeto, embora sua mente estivesse claramente ocupada com ele. ─ Nada grandioso, mas é hora de terminá-lo.

Artie, com sua sensibilidade usual, notou o tom despreocupado, mas não insistiu. Ele rapidamente conduziu Cruella até a seção de tecidos e missangas, onde apresentou uma variedade de opções.

─ Seda verde esmeralda, organza, e claro, veludo. E quanto às missangas, temos essas pequenas pedras que brilham com um toque dourado, talvez para detalhes na borda? Ou prefere algo mais discreto? ─ Ele a observou atentamente, esperando sua aprovação.

Cruella correu os dedos pelos tecidos, avaliando a textura e o brilho de cada um. Seu olhar parou na seda verde esmeralda.

─ Este aqui. ─ Ela disse, puxando o tecido da prateleira com elegância. ─ E as missangas douradas. Quero que brilhem com cada movimento do vestido.

─ Sempre sabe o que quer, Cruella. ─ Artie sorriu, pegando os itens escolhidos e os levando até o balcão. ─ Você tem um talento para fazer até o mais simples parecer grandioso.

─ Não é exatamente o que eu faço? ─ Ela respondeu com um sorriso presunçoso.

Os dois compartilharam algumas piadas e histórias enquanto Artie embalava os tecidos e as missangas. Era uma rotina familiar, algo que eles faziam desde que se conheceram pela primeira vez. A relação entre eles era fluida, quase sem esforço, com uma mistura de admiração e amizade.

─ Vai para casa direto agora? ─ Artie perguntou quando Cruella estava pronta para sair.

Cruella hesitou por um segundo, lembrando-se da garota na fonte. Ela balançou a cabeça rapidamente, afastando o pensamento. Era ridículo estar tão intrigada com alguém que mal conhecia.

─ Sim, direto para casa. ─ Ela disse, mais para si mesma do que para ele.

Mas, enquanto se dirigia ao carro, algo em seu peito a fez mudar de ideia. O rosto da garota, com seu caderno no colo, voltou à sua mente. Por que ela estava tão fixada nisso? Era uma garota comum, sem nada que se destacasse de forma óbvia... exceto, talvez, aquela quietude, aquela serenidade que ela exalava.

Cruella se encontrou novamente dirigindo em direção à fonte. Seu coração batia mais rápido do que o normal, uma inquietação que ela não conseguia explicar. Ao chegar lá, esticou o pescoço, procurando pela jovem. E, para sua surpresa, lá estava ela. Exatamente na mesma posição de ontem, com o caderno aberto no colo, desenhando com concentração absoluta.

𝕷𝖔𝖛𝖊 𝖍𝖆𝖘 𝖙𝖍𝖊 𝕮𝖔𝖑𝖔𝖗 𝖔𝖋 𝕽𝖊𝖛𝖊𝖓𝖌𝖊Where stories live. Discover now