🤍𝟎.𝟑🤍

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Cruella estava em seu ateliê, o som rítmico da máquina de costura preenchendo o espaço enquanto ela trabalhava meticulosamente no vestido que havia copiado do caderno de Caitlyn. O desenho havia ficado gravado em sua mente. Havia algo mágico, quase encantador, na simplicidade e delicadeza dos traços de Caitlyn, e Cruella sabia que esse vestido seria mais do que apenas uma peça de moda. Era uma representação da própria Caitlyn - suave, sutil, mas ao mesmo tempo poderoso.

Ela parou por um momento, os dedos correndo pelas dobras do tecido vermelho, observando o brilho suave que ele refletia à luz do ateliê. As missangas douradas estavam dispostas sobre a mesa, prontas para serem aplicadas no acabamento do vestido. Elas trariam o toque final de sofisticação que Caitlyn havia imaginado.

─ Curioso como você me inspira, Caitlyn... ─ murmurou Cruella, quase para si mesma.

Desde o dia em que encontrara Caitlyn na fonte, suas conversas haviam se tornado uma constante em sua rotina. Todos os dias, Cruella fazia questão de vê-la, ora na fonte, ora em cafés discretos da cidade, e às vezes até em passeios mais longos pelas ruas de Londres. Caitlyn era um enigma para Cruella, alguém que, com sua doçura e simplicidade, havia conseguido penetrar as camadas mais rígidas de sua personalidade. Quando a viu pela segunda vez, ficou intrigada com o fato da garota ter saído correndo, assustada com algo. Descobriu que se tratava de um garoto insistente que a perseguia desde a escola, sempre a importunando por seu infantilismo e parecendo ter segundas intenções.

Cruella pegou a tesoura e cortou um pedaço do tecido com precisão. Embora tivesse uma habilidade inata para a costura, havia algo diferente sobre este vestido. Não era apenas mais uma peça de sua coleção, mas sim algo que simbolizava uma conexão inesperada.

No entanto, havia algo que a incomodava. Caitlyn, apesar de toda sua gentileza e abertura, parecia esconder algo. As histórias que contava eram sempre vagas, muitas vezes contraditórias. Ela falava de uma infância comum, de pais amorosos, mas havia algo em seu comportamento que não combinava com a narrativa que ela criava. Era como se, por trás de seus olhos inocentes, houvesse uma profundidade que ela não conseguia - ou não queria - compartilhar.

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No dia seguinte, Cruella encontrou Caitlyn na fonte, como de costume. A garota estava sentada com o caderno no colo, desenhando algo com a mesma concentração serena de sempre. Quando Cruella se aproximou, Caitlyn ergueu o olhar e sorriu, um sorriso tímido, mas cheio de afeto.

─ Cruella! Você chegou cedo hoje. ─ Caitlyn comentou, fechando o caderno cuidadosamente.

─ Sim, decidi que queria um pouco mais de tempo para nossa conversa. ─ Cruella respondeu, sentando-se ao lado da jovem. ─ Como vai o seu dia?

─ Está tranquilo. Eu estava desenhando um pouco. ─ Caitlyn mostrou o caderno com um esboço em andamento de uma paisagem, cheia de detalhes minuciosos.

Cruella observou o desenho por um momento antes de voltar seu olhar para Caitlyn. Havia algo que ela precisava perguntar, algo que estava incomodando-a já há algum tempo.

─ Caitlyn, eu venho pensando... ─ Cruella começou, com a voz calma, mas séria. ─ Nós temos passado muito tempo juntas, e eu sinto que ainda não conheço a verdadeira você. Tem algo que você está escondendo de mim, não é?

Caitlyn ficou visivelmente desconfortável. Seus olhos desviaram rapidamente, e ela começou a brincar nervosamente com a manga de sua jaqueta.

─ Eu... eu não sei do que você está falando, Cruella. ─ Sua voz estava mais baixa do que o normal.

Cruella, percebendo a tensão da jovem, suavizou seu tom.

─ Não estou aqui para julgar você, Caitlyn. Mas algo me diz que você não está sendo completamente honesta comigo. E eu quero que você saiba que não importa o que seja, você pode confiar em mim.

𝕷𝖔𝖛𝖊 𝖍𝖆𝖘 𝖙𝖍𝖊 𝕮𝖔𝖑𝖔𝖗 𝖔𝖋 𝕽𝖊𝖛𝖊𝖓𝖌𝖊Where stories live. Discover now