HABITS (1)

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ALEXA HOPKINS

Já devia passar das duas da madrugada quando Why'd You Only Call Me When You're High, do Arctic Monkeys, começou a tocar. A multidão à minha volta começou a gritar a letra, e uma explosão de papel picado foi lançada sobre nós, causando mais euforia.

Meus ouvidos pulsaram com as batidas da música. Os flashes de luz da boate fizeram com que minha visão ficasse desfocada. Meu coração batia forte contra o meu peito, enquanto eu dançava junto de um cara qualquer. Nossos corpos estavam suados e quentes, e quando as mãos dele tocaram meu corpo,A descendo da minha cintura até a coxa, a sensação foi como um leve formigamento.

O cheiro de tequila, vodca e maconha era notório dentro da boate fechada, além da quantidade de fumaça que pairava no ar. As luzes de led no teto faziam com que o lugar ficasse num tom de azul e vermelho intensos, lembrando-me dos quartos de motéis onde já estive.

Senti minha garganta secar e, assim que o garoto ruivo com quem eu estava dançando, tentou me beijar, eu dei as costas para ele, saindo sem dar nenhuma explicação. Atravessei a multidão de pessoas e tentei manter meus passos firmes, à medida que esbarrava nelas. Quando cheguei ao bar, me apoiei no balcão, procurando pelo barman.

O encontrei próximo às prateleiras de bebidas, se agarrando com uma loira alta.

Assobiei, tentando chamar sua atenção, mas ele estava ocupado demais para me dar ouvidos. Então, assim que percebi que ele não iria me atender, pulei para o lado de dentro do bar e preparei minha bebida. Gin com tônica. Tomei um longo gole, sentindo o gosto amargo e delicioso umedecer minha garganta seca, antes de voltar a analisar o casal. Sorri largo ao reconhecer a garota.

— Sua vadia! — exclamei, e os dois se afastaram para que Carla, que reconheceu minha voz, pudesse me lançar um sorriso brincalhão. A loira tinha seu batom vermelho borrado contra seu queixo, e seu cabelo estava uma bagunça.

— Aí está você! Te procurei por toda parte, Alexa... — Seus olhos quase não se abriram, e ela só pareceu permanecer em pé, porque o corpo do barman estava a pressionando contra a prateleira.

— Sei... E o último lugar onde estava me procurando, era na garganta do seu amigo aí? — provoquei, retrocedendo meus passos para fora do bar. — Oh... Podem continuar, não parem por minha causa. — Abanei minha mão para eles, caminhando de volta para a pista de dança.

Quando encontrei algum espaço entre as pessoas, comecei a rebolar, sozinha. Meus quadris começaram a se mexer no ritmo da música, que logo reconheci ser Habits, da Tove Lo, e ergui meus braços. Eu ainda tinha o copo de gin tônica em mãos e, a cada gole, eu podia sentir que estava me perdendo mais. A adrenalina pulsava nas minhas veias, e meus movimentos ficavam cada vez mais soltos.

Senti alguns olhares sobre mim, mas os ignorei completamente. Na verdade, fechei meus olhos, sentindo as batidas da música.

Eu me sentia livre esta noite...

No entanto, o momento durou pouco, pois fui interrompida quando um par de mãos tocou meu braço, me virando. O garoto ruivo de antes estava à minha frente.

— Você saiu — ele pontuou, e eu concordei com a cabeça, não mais interessada nele.

Não me entenda mal, ele era uma gracinha. Pele clara, olhos verdes, cabelos ruivos como fogo e um sorriso lindo. Porém, eu não estava muito no clima.

E o garoto pareceu perceber isso, quando eu não disse mais nada. Ele tirou do seu bolso um frasquinho transparente com um pó branco dentro.

— O que acha de uma diversão extra? — barganhou, me fazendo sorrir. Cocaína.

DEADLY POISON (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora