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"Eu nunca vou te esquecer, eles disseram que nunca conseguiríamos, minha doce alegria, sempre se lembre de mim" - never forget you

T SILVA | Maio 2024
🇧🇷

Estava quase pegando no sono, quando vi minha mãe passar pelo meu quarto, toda arrumada e cheirosa, a fragrância ficou impregnada no corredor, eu fui atrás dela e a encontrei na sala ajeitando os brincos na orelha.

— Tá indo pra onde mesmo? — perguntei desconfiado.

Ela virou o corpo para mim.

— Roda de samba em Duque de Caxias.

— Tá maluca mãe? Posso ter ido embora daqui, mas to ligado que lá tá mó perigoso.  — falei descendo as escadas, e de graça, recebi um tapa no ombro pela minha mãe.

— Você cresceu lá, menino do caralho. — me repreendeu.

— Peraí, lá no bairro? — indaguei, ela afirmou com a cabeça.

Peguei meu celular, vendo que dia é hoje, e caí na real.

— Ainda tem essa comemoração? Da associação dos moradores? — minha mãe sorriu, quando percebeu que eu me lembrei.

— Todo ano, e eu sou uma das colaboradoras ne, tenho que marcar presença. — se gabou.

— Eu vou com você! — as palavras saíram da minha boca sem pensar duas vezes.

— Ah não Thiago, eu já estou atrasada! Além do mais você é conhecido pra caralho, vai causar muito lá.

— Eu sou cria de lá, não foi tu mermo que disse? — ela estreitou os olhos pra mim. — Vou passar uma água no corpo, me espera! — segurei no rosto dela, e deixei um beijo na testa.

Subi às pressas pro quarto, separei a primeira roupa que vi, e tomei banho rapidão com medo dela ter ido sem mim.

A única coisa que fiz com calma foi passar perfume, jamais saio de casa com cheiro de coisa nenhuma.

Peguei um boné aba torta preto, coloquei na cabeça, deixei a parte da aba pra trás, correntinha de crucifixo no pescoço, relógio no pulso e fiquei pronto.

Desci pra sala, e minha mãe tava no sofá balançando a perna rapidamente, e quando me viu respirou aliviada.

Peguei as chaves do carro, e saímos de casa.

Cerca de 40 minutos depois, eu avistei uma grande pintura minha, na parede de uma escola, a minha escola da infância.

Reduzi a velocidade do carro, e entrei no meu bairro, olhando tudo com certa atenção e sentindo a saudade bater no meu peito.

Passei pelo campinho, que ganhei tantas medalhas e troféu, perdi o tampão do dedo, caí, levantei, aprendi o verdadeiro futebol!!

Os becos e vielas que eu cruzava todo santo dia.

— Parece que eu nunca saí daqui. — murmurei.

—  Todos lembram de você, do grande jogador que se tornou.

Eu respirei fundo, engolindo as palavras que ela me disse, e sai do transe quando escutei o samba alto, olhei para frente e a grande multidão invadiu minha visão, eu achei um lugar para estacionar, e desci do carro com a minha mãe.

I NEVER FORGET YOU | Thiago SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora