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"Acredito que tenha sido um sonho assim, que quase te tirou de mim, porque estamos a beira da perfeição" - end of great

Annie 🪷
Duque de Caxias | 2003

— E a gente? Como fica?

Senti meu coração quebrar, em vários pedacinhos, quando escutei isso sair da boca do Thiago.

A areia da praia me deu um certo incômodo, então me ajeitei no chão, e suspirei olhando para o mar, tentei me encostar em seu ombro, mas diferente do que ele sempre fazia, ficou de pé, tapando o sol do meu rosto.

— Me desculpa. — eu disse.

— Eu tô com um contrato bom, posso pagar a passagem dele pra cá, vocês cuidam dele daqui, eu pago os remédios.. — ele se agachou, ficando de frente pra mim. — Só não desiste da gente, de mim!

É nítido o quão nervoso Thiago está, e infelizmente a situação não está nas minhas mãos. O mesmo nervoso que ele sente, eu sinto também.

Meus pais são separados, desde que me entendo por gente, ele mora em São Paulo e nós no Rio de Janeiro, mas especificamente em Duque de Caxias.

Recentemente recebemos um telefona nada agradável de um hospital em São Paulo, aparentemente meu pai sofreu um AVC e precisa de cuidados, minha mãe se prontificou de cuidar dele.

Meu pai nunca foi presente na minha vida, mas todo dia 30 a pensão estava na conta, nunca deixou me faltar nada, só a presença dele.

— Eu não estou desistindo da gente, meu amor. — segurei no rosto dele, e engoli o choro. — Em menos de 1 ano estaremos de volta...

Ele negou com a cabeça, e afastou-se do meu toque.

— Você não pode me garantir isso, Annie. — bufou. — E se você morar lá em casa? — indagou, me pegando de surpresa. — Minha mãe te ama, nossas famílias se dão bem, seria ótimo!

— Não vou deixar minha mãe sozinha nessa, Thiago. — digo. — E eu sou menor de idade, esqueceu?

Eu e o Thiago nos conhecemos desde pequenos, moramos no mesmo bairro, cresci tendo um crush nele e ele nem aí pra mim, nossa diferença de idade é 4 anos, então é aceitável ele não ter olhado pra mim antes.

Nossa relação começou tem 1 ano, ele é o meu primeiro e único amor. A idade nunca foi um empecilho pra gente, eu com quatorze e ele preste a completar dezoito, minha mãe sempre confiou nele e a mãe dele sempre gostou de mim.

Me apaixonar tão cedo estava fora de cogitação, ainda tenho muito oque viver, mas depois que me envolvi com o Thiago, todos os meus planos são projetados com ele junto.

O jeito que ele me olha, me toca, todas as vez que diz que me ama, são únicas!

Como da primeira vez, é um sentimento surreal.

E por um acaso, por enquanto, tudo isso ficará de lado.

— Venho com soluções e você com mais problemas. — ele bufou. — Estou achando que essa ida até São Paulo, é apenas um desculpa, pra terminar oque você não tem coragem.

— Thiago, não é nada disso, eu amo você! — senti meus olhos lacrimejando. — Acha que é fácil pra mim? Te deixar pra trás ? — ele ficou quieto, e a boca formou-se um bico grande.

— Se eu subir pro profissional, te quero comigo. — ele pegou na minha mão e beijou. — Te busco naquela porra de cidade a qualquer custo, Annie. — eu sorri.

— Eu vibrarei por você. — sorri. — Eu te amo, Thiago.

— Eu também te amo, meu amor, não queria que as coisas mudassem assim. — me abraçou, e ficamos ali, por um bom tempo.

Depois assistimos o pôr do sol juntos em silêncio, não havia nada a ser dito mais.

O destino não nos quis juntos.

Thiago pagou um táxi que nos deixou em nosso bairro, por onde passávamos as pessoas o cumprimentava, até porque ele é a promessa da base do Fluminense, muito querido por todos.

Ao chegarmos em frente de casa, o aperto no peito bateu, eu não queria deixá-lo, e sabia exatamente que o adeus estava chegando.

— Acabou? — ele perguntou, com a voz rouca e embargada.

Ele desvencilhou do meu toque, e virou de costas para mim.

— Não vou conseguir te ver indo embora, Annie. — desabafou. — Não dá!

Respirei fundo.

— Se coloca no meu lugar, Thiago. É o meu pai! Ele precisa de ajuda.

— Seu pai que nunca se quer quis saber de você? — ele virou o rosto para mim, e eu o encarei incrédula.

De uma hora pra outra, quando achei que iria embora sem peso na consciência, tudo desmorona.

— Não é me magoando que você vai fazer eu ficar. — choraminguei.

— Queria fazer isso não, Annie, mas não tenho garantia que você vai voltar. Esse sentimento dentro de mim é forte, parece que eu vou morrer sem tu aqui. — fungou o nariz.

— Então eu te liberto disso, dessa relação. — suspiro. — Viva sua vida Thiago, você merece. — eu disse. — Quem sabe um dia a gente se encontre, com a mente mais madura e o coração mais decidido.

Eu estava cansada, triste e muito magoada. Só que jamais eu deixaria uma lágrima rolar, na frente dele.

Thiago gesticulou como se fosse virar para mim, só que as invés disso, moveu as pernas para frente e segui-o pela rua, em seguida descendo um escadão.

E eu fiquei ali, deixando todas as lágrimas possíveis descerem pelo meu rosto, enquanto sentia uma dor insuportável no coração.

I NEVER FORGET YOU | Thiago SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora