𝑳𝒊𝒂𝒏𝒂
— Olá, Liana. — uma voz ressoa vindo da porta do meu quarto. Eu estou sentada de costas para a porta, virada para a mesa em minha frente, estudando para as provas da faculdade, mas logo viro para a porta para encarar com um certo espanto a pessoa que me chamou.
— Tate Fontaine? O que você está fazendo aqui? Como você entrou aqui?
É capaz de ter sido a minha colega de quarto que o chamou para vir aqui.
— Não gostou da minha visita, Rosewood? - Ele pergunta em um tom de sarcasmo e malícia enquanto anda lentamente em minha direção.
— Só fiquei surpresa de você aparecer aqui tão de repente, ao que devo o prazer da sua visita? Hillary ainda não está aqui. — Eu digo me levantando — Desculpe pela bagunça, não estava esperando ninguém.
Ele continua se aproximando, chegando muito perto, mas não dizendo uma sequer palavra. — Tate? — Eu digo, enquanto ando para trás sem me virar, mas esbarro em minha mesa e acabo sentada na sua ponta e Tate fica em minha frente.
Ele se abaixa, aproximando-se de mim, ficando poucos centímetros distante de meu rosto. Tate diz:
— Eu vim aqui por você, eu vim aqui para o seu prazer, eu posso? — Ele diz, apontando em direção à minha boca.
Eu aceno positivamente com a cabeça e ele ataca a minha boca ferozmente, correndo suas mãos por todo meu corpo, então ele puxa a bainha da minha camisa e me deixa somente com o meu sutiã cobrindo a parte de cima de meu corpo. Ele abre minhas pernas e enfia-se no meio delas, sinto o relevo em suas calças quando ele encosta seu corpo ao meu e gemo em sua boca, ele para de me beijar e se afasta minimamente para dizer:
— Acorda, Liana.Me levanto abruptamente.
Eu não acredito que eu tive um sonho de quase sexo com o mais asqueroso ser humano que conheço. Tate Fontaine.
Desde que me entendo como gente eu nunca fui com a cara daquele rapaz.
Apesar de ser dolorosamente lindo com aquele corpinho dos deuses, seu cabelo escuro da cor de uma turmalina negra e seus olhos cor de esmeralda ele continua sendo um garoto rico, mimado, popular e babaca.
Mas aproveito que já estou acordada e me levanto para me arrumar para a faculdade.
Pego meus livros de teoria do jornalismo juntamente dos meus cadernos e saio do meu dormitório escolar. Minha colega que divide o dormitório comigo (que é uma chata) estava dormindo então nem teve a oportunidade de me olhar com aqueles olhinhos julgadores. Apesar de não ir muito com a minha cara, ela é calada e na dela então eu não ligo muito para a sua presença.
Bem, eu tive a opção de escolher um quarto só meu, mas preferi dividir com alguém na esperança de me enturmar mais facilmente. Estava enganada, mas tudo bem, é só ignorar, que nem eu faço com muitas outras coisas em minha vida. Que nem eu faço com o Fontaine.Ando em direção aos prédios das aulas do meu curso e no caminho paro em uma barraquinha que vende cafés em frente à escola e compro um café preto com um pouco de açúcar. Saboreio o café quente em minhas mãos. Simplesmente a melhor bebida já inventada.
Eu amo esse clima frio e aconchegante, a melhor época do ano e nem sequer chegou o inverno ainda.
Não havia notado que estava parada na fila até que ouço protestos vindo de trás de mim e então me movo rapidamente dando espaço para o próximo cliente pedir. Essa é a melhor barraquinha de café do mundo inteiro.
Volto à andar em direção a minha sala enquanto contemplo o meu café quando avisto o grupo dos atletas com Tate no centro, como sempre.
Contorno eles, ignorando-os como sempre, mas sou forçadamente a parar quando escuto meu nome sair da boca de alguém.
— Liana - Pronuncia Tate em um tom cantante e debochado.
Viro em direção da voz e sorrio falsamente.
— Pois não?
Ele me encara de um jeito asqueroso e fodidamente atraente que fico com raiva de mim mesma por sentir isso. Maldito sonho.
— Acho que caiu um pouco de café em sua blusa. - Que porra... Olho para baixo e me vejo realmente suja de café. Estamos no outono e eu sou uma pessoa precavida e tenho uma certa sensibilidade ao frio, por isso estou cheia de blusas por baixo e então nem notei ou senti que tinha pingado café em mim. Deve ter sido na hora em que me desvencilhei rapidamente da fila para deixar com que os outros comprassem também...
— Merda - praguejo em voz baixa para mim mesma. Olho rapidamente em direção à Tate e agradeço o aviso, me virando para ir em direção ao banheiro. Sinto seu olhar queimar minhas costas, mas saio mesmo assim.
Tá, eu realmente me surpreendi que ele tenha me avisado e não tenha dito mais nada, foi legal da parte dele.
Chegando no banheiro tiro o suéter e tento limpar o café com a água da torneira mas falho miseravelmente. Vou ter que usar somente as duas blusas que restam em mim agora.
Saio do banheiro derrotada com um suéter grosso em mãos e duas camisas pretas em meu corpo.
Olho espantada para o meu relógio pois noto que mesmo tendo saído cedo do dormitório estou quase atrasada para a aula, então começo a andar mais depressa no corredor e subo as escadas o mais rápido possível, chegando em minha sala.
Minha sala é grande e é como um auditório, por isso escolho meu lugar de sempre, nem tão à frente e nem tão atrás.
Tento me concentrar, mas infelizmente durante a aula tudo o que consigo pensar é no sonho maluco que tive essa noite. Tate se pressionando contra mim. Suas mãos percorrendo meu corpo...
Noto que minhas bochechas começam a ficar quentes e vermelhas e desvio o olhar do quadro para minha mesa até que sinto alguém se aproximando para se sentar na cadeira livre a meu lado.
Olho para o lado e avisto Tate se aproximando cada vez mais. Então ele realmente se senta ao meu lado e surpreendentemente não diz uma sequer palavra, acho estranho mas aproveito o silêncio.
Tate faz somente essa aula de línguas comigo, mas nunca se sentou a meu lado, ele sempre seguia de cabeça erguida para as últimas cadeiras.
É meio desconfortável mas consigo juntar todas as minhas forças e o ignorar durante toda a aula, nem sequer olho em sua direção.
Ele está muito próximo, consigo sentir...
"Se concentre, Liana." Uma vozinha ressoa em minha cabeça oca.
Eu consigo fazer isso.
A aula acaba e eu estou rapidamente arrumando minhas coisas para ir para a minha outra aula quando sinto um olhar queimar sobre mim.
Ergo a cabeça de minha bolsa e olho para Tate que me encarava descaradamente.
— O que foi?
— Éé... - Ele coça a nuca e percebo que ele está meio nervoso, nunca tinha o visto assim, ele é sempre tão confiante que chega a ser nojento.
— Está nervoso, Tate Fontaine? - Pergunto com uma diversão em meu tom de voz. Eu estou curtindo esse lado meio tímido dele, até acho graça, confesso.
— Não. — Olho feio em sua direção.
— Estou com vergonha. — Ele confessa e eu fico genuinamente curiosa do porquê.
— E você gostaria de compartilhar o motivo? — Digo, mas logo me corrijo. — Eu gostaria de saber o motivo?
A sala está ficando vazia e daqui à alguns minutos os alunos da próxima aula vão começar a entrar, ele tem que desembuchar logo.
— Você é inteligente e eu preciso de nota nessa matéria para continuar competindo. — Ele compete nadando pela faculdade. — Quero saber se você aceitaria me ajudar e dar umas aulas.
Estou meio desconfiada... e pensando na possibilidade de o ajudar com isso. Quanto tempo duraria essa "ajudinha"? Quando seriam essas aulas? O que eu ganharia com isso? E é exatamente isso que eu o questiono.
— E o que eu ganho com essa ajuda?
— Você prova ao universo que é uma pessoa humilde e boa de coração. - Ele me diz em um tom de ironia tentando ser engraçado.
Eu dou um sorrisinho e o olho com uma sobrancelha erguida.
— Eu vou te ajudar.
— Fico eternamente agrade...
— Mas quando eu precisar da sua ajuda, eu vou cobrar.
— Trato feito.

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Trato feito
RomansaLiana Rosewood é uma estudante de jornalismo que teve a sorte grande de conseguir uma bolsa de estudos para estudar o seu tão almejado curso. Não tendo apoio de sua família em sua jornada ela acaba sempre resolvendo tudo sozinha, sendo uma garota in...