Capítulo III: Loja de Varinhas Carpinteiro

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–Teve um bom pouso? –perguntou Arthur, havia descido pouco depois de André.

–Tive sim –respondeu André tonto, ainda se recuperava da “queda”.

–Vamos lá, aqui sim vamos encontrar o que você precisa.

Arthur pôs as mãos sobre os ombros do filho e o guiou para frente. André olhou em volta, haviam também postes de luz assim como na feirinha dos trouxas, mas olhando para cima, não viu o céu e sim uma imensidão de escuridão, como se o teto do lugar fosse de um preto tão profundo que parecesse infinito. O garoto leu nas barraquinhas e nas lojas placas com nomes estranhos como “Alquimim - Itens de Poções”, “Vassouras Vamp”, “Dois Irmãos: venda e troca de itens mágicos”. Havia também vendedores ambulantes que ocupavam o espaço fora das lojas, um velho senhorzinho chamou a atenção de André, era encurvado e usava uma túnica verde musgo, gritava com a voz esganiçada: 

–VARINHAS, VARINHAS PELA METADE DA METADE DO PREÇO –à frente dele repousava no chão uma lona azul com uma  série de varinhas estendidas sobre.

–Tem um velho ali que está vendendo varinhas –informou André, ao passarem pelo homem.

Arthur fez um gesto de desprezo com as mãos.

–Não confie nesse tipo de coisa –aconselhou ele –essas varinhas ou são falsificadas ou usadas, são uma porcaria, vamos conseguir uma nova pra você.

Havia, também, lojas comuns, como restaurantes, livrarias e lojas de roupas; a primeira parada de Arthur e André foi na Livraria Alexandria, um pequeno prédiozinho cinza e cúbico, cujo interior aparentava ser muito maior do que seu exterior. Assim como em toda livraria, uma fileira de extensas estantes repletas de livros se estendiam por vários metros, havia também  logo à frente da entrada um balcão, onde trabalhava um homem baixinho de óculos, e ao seu lado dispunha-se uma enorme mesa com vários livros padronizados em um tom verde escuro e amarelado, pendurado na mesa via-se uma folha de papel que informava “livros escolares”.

–Que bom que eles já deixaram as coisas fáceis –disse Arthur –antigamente a gente tinha que andar pela livraria inteira caçando os livros certos nas prateleiras. 

Arthur e André se apoiaram na mesa para procurar os livros que contivessem o selo “quarto ano”.

–Espera aí –disse o garoto confuso –eu vou direto para o quarto ano? Eu não precisaria passar pelos três primeiros antes?

Arthur deu de ombros.

–Não faço ideia –disse ele, e André sentiu uma onda de insegurança lhe atingir –talvez por via das dúvidas seja melhor comprar todos os livros desde o primeiro ano. 

Arthur pegou uma cópia do livro “Magizoologia: Primeira Série”, procurou por uma etiqueta de preço.

–Sessenta reais? –berrou ele e jogou o livro de volta na mesa –É melhor arriscar, a gente leva só os do quarto ano mesmo. 

Pegaram os livros da quarta série somente. Enquanto os carregava até o balcão, o cenho de André franzia de preocupação, ele sequer sabia se de fato conseguiria entrar para a escola, e ali estavam eles, gastando uma alta quantia em dinheiro naqueles livros que talvez jamais fossem usados.

–360 reais –disse o homenzinho no balcão, após calcular o preço de todos os livros.

–Isso é um absurdo –disse Arthur indignado, mas já contando as notas para realizar o pagamento.

André sentiu-se estranhamente incomodado, não gostava da ideia de Arthur gastar seu dinheiro para comprar-lhe alguma coisa, no entanto, sabia que não havia outra opção naquele momento, talvez algum dia ele desse um jeito de pagar de volta. André tentou carregar os oito grandes e pesados livros em seus dois braços, obviamente falhou, deixando-os despencar no chão. 

CASTELO BRUXO: A SERPENTE DE FOGO (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora