O peso do legado

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Na vasta sala do trono de Vermoria, onde os estandartes da Casa Eldareth flutuavam silenciosamente ao sabor das correntes de ar, a tensão era palpável. Tarian, firme em sua postura, encarava seus irmãos, Kaelith e Liora, que acabavam de chegar. As pesadas portas de madeira fecharam-se atrás deles com um som surdo que ressoou pelo salão.

"Sentem-se," disse Tarian, indicando as cadeiras diante do trono. Sua voz carregava um peso incomum, e quando Kaelith e Liora se acomodaram, ele continuou, "Recebemos notícias perturbadoras de Ignis."

Kaelith, sempre o mais direto, inclinou-se para frente, "O que aconteceu, Tarian?"

"O Rei de Ignis faleceu," começou Tarian, as palavras saíam lentas e deliberadas. "E em seu leito de morte, contrariou todas as expectativas e tradições ao nomear Kyrian, seu segundo filho, como seu sucessor. Alarion foi preterido, e isso já está causando tumulto."

Liora, cuja preocupação se refletia em suas feições, interrompeu, "Mas por que Kyrian ? Alarion sempre foi preparado para sucedê-lo."

Tarian suspirou, "Parece que o favoritismo e as características marcantes de Kyrian como um Eldareth influenciaram a decisão. Alarion descreve em sua carta que seu pai sofria de uma doença antiga, conhecida entre os montadores de dragões—deixa a pele escamosa e rachada, emitindo calor como se fosse fogo. Não há cura conhecida."

Enquanto digeriam a informação, Aric e Elara entraram na sala, percebendo o clima tenso. "O que perdemos?" perguntou Aric, a urgência clara em sua voz.

Tarian recapitulou brevemente a situação para eles e então mencionou, "E há mais, Kyrian reivindicou o dragão de seu pai,Darktalon, um dos maiores dragões de Eldoria. Sua presença é como a de um verdadeiro monarca, com escamas que brilham como ouro derretido e olhos tão profundos quanto as minas de Vermoria."

Elara, sempre a voz da razão, acrescentou, "Isso não é só uma questão de sucessão. Ignis agindo unilateralmente pode desestabilizar o equilíbrio entre os reinos."

Aric, com a mão no punho da espada, falou, "Não podemos simplesmente assistir enquanto Ignis faz suas jogadas de poder. Precisamos agir, ou corremos o risco de parecermos fracos."

"Concordo," disse Tarian, levantando-se. "Mas nossa resposta deve ser medida. Ignis é poderoso, e uma abordagem agressiva demais pode nos custar mais do que estamos dispostos a perder."

Kaelith finalizou, "Precisamos de mais informações. Talvez seja hora de uma visita diplomática para avaliar a situação de perto e entender as intenções de Kyrian. Isso nos dará a clareza necessária para tomar a próxima decisão."

Os irmãos assentiram, cada um absorvendo a gravidade da situação.

Os irmãos Eldareth, montados em seus dragões, cruzaram o céu rumo a Ignis, com os ventos frios da diplomacia e a ansiedade pesando no ar. A paisagem de Ignis se desdobrava abaixo deles, um mosaico de terras férteis e vastos exércitos, um lembrete visual da força e da ordem que o reino ostentava. A grandeza de Ignis era inegável, e a presença militar, embora silenciosamente intimidadora, parecia perfeitamente alinhada.

Ao aterrissarem, foram recebidos no grande pátio do castelo, onde Kyrian , o recém-coronado rei, os esperava em seu trono. Sua postura era a de alguém que não só herdara o trono, mas também a confiança e a autoridade que vinham com ele. Seu acolhimento foi frio, marcado por uma formalidade que mal escondia seu desprezo disfarçado de respeito.

"Não vi necessidade de incomodar Vermoria com trivialidades internas," disse kyrian com uma calma condescendente. "Afinal, somos todos Eldareth."

Kaelith, contudo, não estava disposto a deixar a autoridade do irmão inquestionada. "A morte de um rei e a ascensão de outro não são trivialidades, Kyrian. As consequências dessas ações ecoam além das fronteiras de Ignis."

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