Poderia ser minha

132 23 0
                                    

Ver.ba.tim

palavra por palavra; literalmente.

Poderia Ser Minha

Eu vejo o jeito como ele te trata

E isso me faz querer me levantar e competir

Ganhar você desse pedaço de merda

Você merece estar comigo e é assim que eu vejo

— Sasuke-kun, eu vou até ali cumprimentar a Haruka-san, nós trabalhamos juntas... – Sakura disse, sorrindo minimamente e saindo com o rosto muito vermelho ao ver que ele não iria se oferecer para ir junto. O Uchiha acenou com a cabeça, dando uma olhada no drink dela.

É claro, ele tinha autorização para beber. Sakura e seu olhar baixo, ainda que determinado, lhe davam toda a autorização do mundo. Sempre tinha sido assim. Ultimamente, no entanto, diferente de antes, ele se perguntava o que poderia ter acontecido com eles se tivesse retribuído todas as coisas no momento certo.

Sasuke levou o copo até os lábios e bebericou o líquido lentamente, aproveitando a solidão.

Ele sabia que não deveria estar mais aqui, em Konoha; o fato de seu braço esquerdo agora ser falso, reconstituído depois de muita insistência de Naruto, dizia-lhe isso constantemente. Alguns olhares tortos, de membros da vila e colegas shinobis, também. Mas algo o mantinha bem ali, em cada bairro, durante as caminhadas matutinas, embora o único Uchiha vivo não soubesse bem o quê. Por enquanto, talvez, fosse o líquido amargo escorrendo por sua garganta. Sasuke quase fechou os olhos, apreciando o prazer da bebida, mas algo os manteve bem abertos.

Num canto afastado de um dos poucos bares de Konoha, Naruto tinha acabado de enroscar seus dedos enfaixados na nuca da Hyuuga mais velha, puxando-a para si num beijo pouco tímido. Sasuke franziu o cenho enquanto, devagar, a garota fincava suas unhas curtas na jaqueta laranja do Uzumaki. Então, num segundo, eles se separaram e Naruto saiu, mais cambaleando do que andando, sorrindo duas vezes mais do que o normal – e isso era muito – até o banheiro.

Parada, encostada à parede, Hinata parecia sem ar. Com os lábios entreabertos, o rosto corado, ela respirava com tanta força que a barra de sua blusa descia e subia, acompanhando o peito. Sasuke bebeu mais um gole, imaginando que Sakura, sinceramente, não daria a mínima. Mesmo se ele bebesse tudo, ela não daria a mínima.

Tinha sido uma má ideia vir.

Sorridente, no dia anterior, Naruto tinha o convidado para fazerem alguma coisa ao anoitecer – além dos dois, Sakura e Hinata, a namorada do Uzumaki, também viriam. Soou como uma espécie de encontro duplo para o Uchiha, mas ele não teve coragem de recusar.

Para fazer o convite, é claro, o Uzumaki tinha deixado seus estudos à mercê de um clone e invadido, ele próprio, o distrito Uchiha, onde Sasuke passava os dias revirando os próprios pensamentos e imaginando o que deveria fazer agora. Naruto já tinha o seu objetivo insuportável de se tornar um Hokage. Sakura estava se encaminhando para ser chefe do centro obstétrico do hospital, uma habilidade especial que tinha surpreendido até mesmo sua mestra, Tsunade. Mas e ele? O que restava para ele, ali? O gosto do gloss labial de Sakura invadiu seus pensamentos; não... Ela não.

O motivo do incômodo no estômago dele, porém, nada tinha a ver com a falta de perspectiva. Não, agora mesmo, sentado na mesa que os quatro tinham começado a dividir cerca de uma hora atrás, Sasuke estava muito incomodado com o jeito como Hinata, um pé atrás do outro, vinha caminhando até a mesa deles, sorrindo meio boba.

VerbatimOnde histórias criam vida. Descubra agora