Ver.ba.tim
palavra por palavra; literalmente.
Torne-me sua
Às vezes preciso de muitas coisas, amor
Às vezes preciso de mudança
Às vezes fazemos qualquer coisa, amor
Às vezes não temos vergonha
—... então voltei – Sasuke termina de dizer, olhando para o rosto impassível de seu ex professor. Mesmo agora, Kakashi o encara como se ele fosse o mesmo menino de 12 anos, o que nunca deixa de ser desconfortável.
Nada na expressão séria do Uchiha, no entanto, transparece esse sentimento.
O Hokage, e o chapéu lhe cai melhor do que muitos poderiam ter imaginado, levanta uma sobrancelha.
— É bom te ver, Sasuke – ele comenta, relaxando sobre a cadeira. É um tom de voz sincero. – Como foi sua viagem?
O homem de pé, de frente para a imponente, ainda que simples, mesa, controla a vontade de revirar os olhos. Ele escuta um pequeno "tsc" vindo do fundo do cômodo, perto da janela, e o cheiro de tabaco invade seu nariz. Não se esforça para olhar na direção, sabendo que Shikamaru acabou de acender um cigarro.
— Pensei que poderíamos pular as amabilidades – responde, embora saiba que dizer "Bem, obrigado" cortaria boa parte do que vem a seguir. Ao menos Kakashi parece se divertir e o Uchiha imagina um sorriso brotando por debaixo da máscara.
— Podemos. Mas confesso que achei que você se demoraria mais... – Sasuke balança a cabeça muito levemente. É verdade, ele tinha imaginado que passaria ao menos um semestre inteiro longe de Konoha; esse dia, na verdade, ainda estava distante por um mês. – Só fiquei curioso. Voltou apenas por causa desse pergaminho? – E o tom de voz dele é mais sério agora.
É o Uchiha quem levanta a sobrancelha dessa vez, embora o movimento seja fraco. Ele consegue escutar quando Shikamaru traga o cigarro mais forte. É claro, Sasuke imaginava o que Kakashi estava querendo sugerir, uma vez que havia descoberto há apenas dois dias sobre o relacionamento de Naruto e Sakura.
Há dois dias...
Ele tenta focalizar os pensamentos – os malditos, que haviam acabado de transportá-lo para um momento que pouco importava agora. O cheiro floral, cítrico, que invade seu nariz, substitui o tabaco com muita leveza, e ele move os lábios um contra o outro, interrompendo a sinestesia maluca à qual a lembrança havia submetido seu cérebro.
— Foi uma viagem tranquila – responde, ignorando a segunda pergunta. Então, convicto em parar com a conversa fiada do hokage, ele continua: — Imaginei que você saberia como me ajudar.
Kakashi não parece satisfeito com a resposta, mas entende que é o limite do antigo pupilo. Então apoia os cotovelos sobre a mesa, olhando o que o Uchiha havia depositado alguns minutos atrás: é um único pergaminho vermelho, com bordas douradas e brilhantes; embora bem armazenado, é evidente que é antigo. O símbolo Uchiha, um leque pequeno, está rabiscado nos cantos. O hokage, semicerrando os olhos, coça a bochecha para o selo sobre a folha fina, amarelada, depois de deslizá-lo aberto.
— Também nunca vi esse selo – ele confessa, passando os dedos com cuidado sobre a tinta. Parece estar pensando no que Sasuke havia dito; ele tentara todos os jutsus de selamento que conhecia, entre diferentes níveis de habilidade, mas nada acontecera. – Você pensou na possibilidade de não ser autêntico?
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Verbatim
FanfictionNão, Sasuke pensou, olhando-a de perto. Ele não merecia a confiança ou a bondade dela; de ninguém da vila, nem mesmo de Naruto, mas muito menos dela. Hinata também sabia disso. O jeito como as íris dela tremulavam entre seu olhar e seus lábios demon...