Sempre a mesma

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Ver.ba.tim

palavra por palavra; literalmente.

Sempre a Mesma

Porque eu acordei apaixonada

E essa é minha história

Sem dor de verdade, nem verdadeira glória

E essa é minha história

Eu acordei apaixonada

E essa é minha história

Para ser sincera consigo mesma, Hinata imaginou que doeria mais.

Ela se lembrou de quando era pequena e, treinando com outros membros de seu clã, os da família secundária, um deles tinha ido forte e rápido demais contra seu abdômen. Foi uma dor alucinante, como uma perfuração, mas, em ondas, ela se dissipou até que não houvesse mais nada. Deixou um trauma em sua mente e Hinata se empenhou em se desviar com mais habilidade, para que não fosse atingida de novo. Por isso, ela tinha pensado, tendo que dobrar-se para trás, tinha sido bom ser atingida. Aprendera alguma coisa, então não seria acertada de novo – não com tanta facilidade, pelo menos. É claro, foi só o que ela pensou. A verdade é que o membro secundário era melhor do que ela poderia ter sido naquela idade. O próximo, também. O outro, e o outro, e o outro, até que seu pai se cansasse de vê-la sendo atacada.

Então ela podia jurar, com as mãos juntas e os joelhos dobrados, que a cena que se repetia em sua mente, frame após frame, como uma tortura, teria doído mais. Teria feito suas lágrimas mais espessas, como um rio. Hinata tinha pensado que, se algo do tipo acontecesse com ela, teria gritado e segurado o rosto em horror.

Foi muito menos audível que isso. Muito menos impactante.

De cenho franzido, os lábios entreabertos, Hinata não fez uma cena. Uma única lágrima, do seu olho direito, escorreu da sua linha d'água até o queixo. Então, se afastando silenciosa, ela se moveu do cômodo lentamente, da mesma forma que tinha entrado, como uma surpresa. Uma surpresa para Naruto.

Ele, claro, não parecia propenso à surpresa nenhuma, não quando estava com Sakura em seu colo e os lábios sobre os dela, sua coluna tão curvada que Hinata se sentiu sem ar.

Ele nunca tinha a beijado daquele jeito.

Mas, em defesa dele, e ela sempre sairia em defesa dele, Hinata nunca tinha o pedido. Nunca tinha pedido nada; nem suas mãos, nem seus abraços, nem seus beijos. Ela tinha declarado, é claro, seu amor; mas seu amor era puro e não exigia reciprocidade. Nunca exigiu. Hinata nunca tinha exigido nada e, agora, pensando nisso, talvez devesse ter exigido monogamia.

Tinha parecido óbvio, na sua cabeça, que eles tinham um relacionamento monogâmico. Aparentemente, Naruto não via as coisas da mesma maneira. Talvez, ela pensou, enquanto suas pernas a levavam para o distrito Hyuuga – e já não havia lágrimas, nem lábios separados –, Naruto achasse que era certo que ele tivesse mais de uma namorada, pois era um herói. Merecia as glórias, as flores, medalhas e, principalmente, as mulheres.

Cada uma delas, mas, na frente de todas, aquela que mais tinha o rejeitado, Sakura. Como um troféu que representasse a nova vida, a nova existência.

Antes de cruzar o portão, Hinata parou no meio do caminho, respirando muito fundo, fechando seus olhos. Não, não era certo. Não era certo que ela fosse traída; mesmo que ele fosse incrível, mesmo que ela desejasse poder reviver os sorrisos lindos dele, todos os dias, sem dividi-los com ninguém. Mas não era certo que ela fosse traída, Hinata tentou se convencer. Mesmo que não fosse a mais bonita das garotas, ela tinha muito amor para dar. Para ele, por ele, amor incondicional.

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