Capítulo quatorze

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Samantha mal conseguia respirar. O ar parecia rarefeito, cada batida do seu coração ecoava nos ouvidos como um trovão. O beijo, rápido e intenso, ainda ecoava em seus lábios, um fantasma delicioso que a assombrava e a atraía ao mesmo tempo.

Desde aquele dia, a escola se tornou um campo minado. Cada corredor, cada sala de aula, cada canto, carregava a lembrança de Lucas, do seu cheiro, do seu olhar, da sensação de seus dedos em sua pele. Ela não conseguia se concentrar nas aulas, as palavras do professor pareciam borradas, a lousa um borrão sem sentido.

O quarto se tornou seu refúgio, um casulo onde ela se enclausurava, revivendo o beijo em sua mente, analisando cada detalhe, cada nuance. Ela não conseguia comer, não conseguia beber, a fome e a sede eram suplantadas pela intensa necessidade de sentir Lucas novamente, de sentir seus lábios nos seus, de sentir o calor do seu corpo contra o dela.

A semana que se seguiu foi um tormento. Ela o observava de longe, a distância que a separava era uma tortura. Cada vez que ele sorria, seu coração batia forte, cada vez que ele falava, ela sentia um arrepio percorrer sua espinha. Ela não conseguia mais ficar longe dele, essa era a verdade. A atração era incontrolável, um furacão que a arrastava para um abismo de desejo e incerteza.

A semana havia passado em um piscar de olhos, e ela se via presa em um dilema. Era hora de encarar Lucas, de encarar o que sentia, de encarar o que aquele beijo havia despertado dentro dela. Mas como? O que dizer? O que fazer? A insegurança a corroía por dentro, mas a vontade de estar perto dele era mais forte.

Samantha sabia que precisava agir, que precisava encarar o que estava sentindo, que precisava de Lucas. Mas o medo, a insegurança, a dúvida a prendiam em um ciclo de espera, de angústia e de desejo.

***

O pai de Samantha abriu a porta do quarto dela com um suspiro pesado, o rosto marcado pela preocupação. "Samantha, minha filha, o que está acontecendo? Por que você não termina com isso? Já faz semanas que você está assim, fechada em si mesma, sem se transformar, sem falar com ninguém."

Samantha se encolheu na cama, a cabeça escondida sob o cobertor. "Pai, eu não consigo. É muito difícil."

Ele se aproximou da cama e se sentou ao lado dela, colocando uma mão em seu ombro. "O que é tão difícil? Você está escondendo algo de mim? Eu sei que você está apaixonada por ele, mas por que não conta a verdade? Você sabe que ele é seu companheiro, que vocês são destinados a ficarem juntos."

Samantha respirou fundo, as lágrimas começaram a brotar em seus olhos. "Pai, eu tenho medo. E se ele não me aceitar? E se ele achar que eu sou um monstro?"

O pai de Samantha sorriu, um sorriso cheio de compreensão e carinho. "Samanta, você não é um monstro. Você é uma loba, sim, mas também é a minha filha, a menina que eu amo mais do que tudo. E eu sei que ele também vai te amar. Ele já te ama, você pode sentir isso. Ele só precisa saber quem você realmente é."

Ele se levantou e pegou a mão dela. "Eu sei que é difícil, filha. Eu entendo o medo, a insegurança. Mas acredite em mim, ele vai te amar, mesmo que você seja uma loba. E eu estarei aqui para te apoiar em cada passo do caminho. Sempre estive e sempre estarei."

Samantha olhou para o pai, com os olhos cheios de esperança. "Você acha mesmo?"

"Tenho certeza, filha. Você é forte, corajosa e linda. E ele vai ver isso.

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