"Queria chegar e poder te alcançar"
Como de praxe, o bar estava lotado, bombardeado de pessoas, à procura de diversão - ou para esquecer de algo -, multidão até o teto.
A casa sempre estar cheia era motivo de orgulho pra mim que cuidava daquele lugar tão bem, por isso e dentre outros motivos que Samuca nem aparecia aqui direito. Confia na minha organização e no meu profissionalismo como líder.
Como bom gerente, eu permanecia pleno andando de um lado para o outro dando suporte para a equipe, que viraram nesses anos todos meus parceiros e fiéis escudeiros.
Mesmo lotado, era uma das noites mais tranquilas e, bem, eu aguardava pela chegada da nova contratada da Sony Music.
Rodrigo, Juliana, Samuel, Carolina já estavam por ali esperando junto comigo e só faltava ela. Flávia e Otaviano não estariam conosco esta noite. Éramos poucos amigos, mas era o necessário. Sempre nos ajudamos, apoiamos e comemoramos um com o outro e isso bastava.
Não sabia se o encosto viria e nem ousei perguntar. Sempre preferi minha reação reativa quando ele estava no mesmo ambiente.
E sentado no bar bebendo um saquê de morango e com meu corpo virado para a entrada do Boa Praça, vejo ela entrar linda como sempre. Num vestido solto, preto, com alguns detalhes e uma sandália até a altura da batata da perna da cor marrom.
Chamando a atenção de todos sem fazer o mínimo esforço, cumprimentou algumas pessoas que conheciam a vereadora de Ipanema enquanto desfilava ao nosso encontro.
- Cheguei! - falou me abraçando.
- Até que enfim, achei que a deusa da noite iria dar um bolo nos seus convidados. - Carol disse após abraçá-la.
- Jame, chery! Só peguei um pouquinho de trânsito vindo pra cá, por isso atrasei. - voltou para perto de mim pegando a taça da minha mão e bebendo dela.
- E como foi a entrevista com os cara?
- Ai, Ju, foi complicado! - falou exacerbada. - Muita conversa, muitas reuniões, muitos "testes" que duraram um mês inteiro, mas eu consegui!!
- O que não é difícil, sempre consegue tudo!
- Isso é! - Rodrigo concordou comigo.
- E já tenho um trabalho para ser produzido nessa nova fase, mas segredo não posso contar.
- Cadê seu cônjuge? - questionaram me fazendo soltá-la para beber mais um pouco do saquê.
- Está resolvendo umas coisas da gravação, mas deve tá chegando. - respondeu normalmente. - Mas eu vim aqui pra beber e até agora não vi ninguém me oferecendo uma cerveja, um drink e nem nada.
- Não seja por isso! - chamei um dos rapazes do bar para fazer o drink favorito dela. - Caique, faz um clericot, por favor?
- Pode deixar, Nero!