Escombro

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A pedidos e algumas ameaças

A pedidos e algumas ameaças

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"...Quem não tem um querer
Eu tenho de tido mas me falta tudo
Se eu não tenho você"

Com a chegada da noite, uma forte chuva caiu no céu do Rio de Janeiro, fazendo com que a temperatura despencasse um pouco. Estava ela, eu e Whisky embolados em uma coberta no sofá, com o ar-condicionado bem baixo, a caixa de pizza jogada na mesa de centro, enquanto O Protetor 3 passava na televisão.

Depois do banho, Giovanna apareceu na sala usando uma cueca e uma blusa  imensa. Me contou sobre o seu primeiro dia de fato na empresa e seus olhos reluziam a cada momento compartilhado, a cada mínimo detalhe lembrado. O homem que tinha o deleite da vista de seu rosto contente, da sua presença tão firme, o prazer de tê-la e não dava valor a isso, era um idiota do mais alto nível.

Meu papel ali e que coube a mim fazer era escutá-la e cobrá-la da falta de visita que meus pais tinham reclamado mais cedo naquele dia, e que ela me intimou a subir para a serra no sábado em comemoração - adiantada - do meu aniversário e a de Cris, já que ele era afilhado dela e meu.

Giovanna era a bela e a fera numa só pessoa. Não ponderava sua presença na minha vida e isso me deixava doido. Quando penso que as coisas iriam, ela dava de ombro e me deixava sozinho.

Com ela por perto tinha razão, tinha sentido, tinha mais luar. Sentia que se me distanciasse, o mundo ficaria sombrio e eu me perderia nos caminhos dela. Ela é demais. É até mais que demais pra mim. Mas ficava abalado sem ela do lado e nada era mais triste.

O fato era: eu tinha tudo, casa, saúde, alguém, meus pais também; mas me faltava tudo, se eu não tivesse ela por perto.

Depois disso, o assunto que a tinha deixado puta and chateada não tinha mais sido tocado, expressado, comentado e muito menos lembrado. Era só nossas conversas comuns, banais e leves.

Apaguei com Giovanna dormindo no meu ombro e abraçando meu braço, enquanto Whisky dormia no meio de nós dois. Estava literalmente em casa, de corpo e alma. Estava onde queria estar.

Não sei se fui dormir tarde demais ou se a madrugada realmente tinha passado rápido, só sei que há muito tempo não dormia tão bem quanto aquela noite. Mesmo com o desconforto do sofá, meu corpo sentia apenas plenitude.

Não era tão cedo para Giovanna acordar e ir para o serviço, mas mesmo assim sai do sofá sem muitos movimentos bruscos para deixar ela dormindo mais um pouco. Fui ao banheiro fazendo todo o processo de sempre. Voltei indo direto para a cozinha para preparar nosso café.

Com o avental pendurado no pescoço e quase tudo pronto, ouço o celular dela despertar e logo em seguida o corpo se espreguiçando no sofá.

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