Bloodborne - A Última Chance

O CORVO

A Rainha Annelise estava sentada em um dos dois tronos dourados com estofado carmesim. O salão estava repleto de nobres paralisados, Gilead teve que desviar de todos para chegar em sua Rainha.

- Minha Rainha - Mesmo cansado e perdendo sangue Gilead fez a mesura exclusiva para ela, joelho esquerdo dobrado, braços esticados para a direita e a cabeça baixa - Coletei sangue nobre para Milady.

- Ótimo - a voz dela era grossa e sedutora. Com um velho vestido azul e sua máscara de ferro, usada somente quando o efeito da imortalidade passava e seus traços mostravam sua verdadeira idade. Os cabelos louros caíam pelo ombro com os fios quebradiços - Venha até mim, meu cavaleiro remanescente.

O objetivo de Gilead estava quase sendo concluído, mesmo com tanta vontade iria devagar pois já tinha perdido muito sangue, mas algo na urgência da voz de sua Rainha fez ele levantar e se aproximar rapidamente, ignorando toda a sua dor e fraqueza. Gilead se ajoelhou apoiando os braços no colo de Annelise, ela aproximou o rosto ao seu e ele sentiu o perfume doce e pútrido que ela emanava, enquanto o cavaleiro se extasiava com o cheiro de sua rainha, ela enfiava o rosto mascarado na ferida aberta em seu ombro, sorvendo cada gota de sangue, tanto da nobreza quanto dele. Gilead caiu no chão e os cabelos da rainha ficaram brilhantes e sedosos, as rugas em seus braços tinham desaparecido.

- Era uma meretriz - cuspiu no chão - ainda assim muito melhor do que esses idiotas petrificados, mas ainda não é o suficiente - Mesmo fraco e zonzo Gilead se levantou, Annelise tirou levemente a Chikage da bainha fez um breve corte em seu pulso e o deu para o cavaleiro beber. Seu ombro se curou e ele se revigorou - Meu Cavaleiro Remanescente, busque mais sangue pálido, dessa vez vá para a Torre do Relógio, há alguém lá que seu sangue será mais que o suficiente para reerguermos Cainhurst, e quem sabe você não se sente ao meu lado nesse trono vazio.

- Sim, minha Rainha - Gilead fez uma mesura e saiu em busca de seu novo objetivo.

Novamente em Henwick se deparou com vários corpos das bruxas lunáticas mortas, não lembrava de as ter matado mas pareciam ter sido mortas por uma Chikage. Enquanto caminhava na floresta rumo a Catedral encontrou mais corpos com cortes de uma Chikage, dessa vez, próximo aos mortos tinham algumas penas negras espalhadas, e foi aí que Gilead teve uma ideia do que poderia ser.

Quando a Rainha Annelise pegou gosto pelo sangue antigo chegou um momento em que nem o sangue nobre saciava sua sede, de acordo com espiões infiltrados em Yharnam, a Igreja da Cura fazia experimentos com o sangue das feras, injetando em seus Caçadores que não tinham força o suficiente para enfrentá-la. Muitos morreram no processo, mas os que sobreviveram ficaram com uma força sobre-humana. Não conseguindo se saciar tanto com o sangue nobre, Annelise queria experimentar esse sangue novo e para isso, pegou os vinte melhores cavaleiros de sua guarda e fez o mesmo procedimento que a Igreja, os sete sobreviventes fizeram o árduo treinamento para caçarem esses Caçadores melhorados da Igreja. Como Annelise não queria que Yharnam soubesse de mais um de seus atos, os vestiu com máscaras de corvos. Os sete cavaleiros ficaram conhecidos como os Corvos de Cainhurst que cansaram das falsidades de sua Rainha e decidiram viver por conta própria com seus alvos sendo Caçadores, apenas a Rainha e sua Guarda sabiam da verdade.

Gilead não teve dúvidas quando viu as penas que soltavam das máscaras dos Corvos. O que tinha acontecido com eles com a queda de Cainhurst? Eles nunca tiveram a proteção do reino, mas ainda devia permanecer o sentimento de pertencimento.

Quando estava subindo o primeiro lance de escadas da catedral começou a ouvir o barulho de lâminas de cruzando, apressou o passo e ao chegar no segundo lance de escadas, em frente à Catedral se deparou com um corpo que sangrava, pelo cheiro era uma Caçadora, se não estivesse curioso em ver quem batalhava teria coletado o sangue para sua Rainha.