O DESPERTAR

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Gilead acordou de sobressalto e se assustou com a imagem totalmente branca que estava recebendo, pensou ter perdido sua visão mas logo se deu conta que estava deitado de bruços com o rosto enterrado na neve. Estava um frio de rachar a pele mas Gilead não se preocupou, usava sua armadura de prata completa que o cobria dos ombros aos pés, apenas se preocupava com seu rosto, estava sem o capacete com suas madeixas avermelhadas deitando-se de acordo com o vento extremamente forte que soprava. Levantou derrubando neve que parecia ter estado há anos em sua armadura, esticou as pernas e os braços e começou a andar em direção a algo que o chamava.

Depois de andar alguns metros na neve chegou onde sentia uma energia o atraindo, essa energia parecia vir de baixo de um pequeno monte de neve, depois de remexer e cavar com as mãos teve a sensação de ter encontrado um membro de seu corpo perdido que nem tinha se dado conta que perdeu. Era Chikage, uma katana com a lâmina de prata, o cabo era de um metal acobreado com runas ao redor. Logo que Gilead pegou a arma, se deu conta de um pequeno peso ao lado direito de sua armadura, era a bainha dela, sua, pois logo que a embainhou se deu conta que a espada lhe pertencia há tempos. Junto com a lâmina, encontrou nas profundezas de sua mente o que havia ocorrido. Gilead era soldado da Guarda da Rainha de Cainhurst, Annelise.

Há um tempo os nobres do reino ouviram falar que um povo de uma cidade vizinha estava sendo curado de todo tipo de doenças, desde a mais simples da mais incurável. Não demorou muito para a realeza de Cainhurst por as mãos nessa nova cura. De acordo com a Igreja da Cura, responsaveis pela descoberta desse item, o liquido era sangue de seres antigos e superiores descobertos em masmorras e catacumbas de um povo ancestral.

Logo que o povo de Cainhurst pos as mãos nesse sangue descobriram que alem de curar dava forças sobre humanas para o usuario, agindo para cada um de forma diferente, no caso da Rainha Annelise, a imortalidade. Porém os poderes ganhos eram finitos sempre tendo que injetar mais sangue antigo a cada vez que era usado, chamando a atenção da Igreja da Cura. Não demorou muito para que a Igreja considerasse Cainhurst seu inimigo numero um, pois além de conseguirem sangue de forma ilegal não queriam que a informação de que o sangue não era apenas uma cura fosse espalhada. Como forma de inimizar os nobres a Igreja passou a chamá-los de sanguevis, espalhando às cidades vizinhas que Cainhurst era um reino de vampiros e sugadores de sangue. Essa inimizade levou a Igreja a criar um grupo chamado de Executores, caçadores de sanguevis.

Depois de muitas batalhas os Executores, liderados por Martyr Logarius decidiram atacar o castelo e acabar com os malditos sanguevis de uma vez por todas. Gilead gostaria de dizer que sairam vitoriosos mas pelo cenário que via com corpos na neve, em sua maioria com a cor carmesin de Cainhurst, junto com sua memória encontrada, fora um massacre. Nem tudo estava perdido, de alguma forma Gilead ainda estava vivo e sabia que sua rainha também, além de ela ser imortal sentia sua presença, estava fraca mas ainda sim viva, tudo que precisava era apenas localizá-la e receber novas ordens.

Sentia a presença de Annelise vindo de dentro do castelo. Correu para a entrada, mesmo com a enorme porta de cinco metros estando aberta, Gilead parou há alguns passos antes de entrar, logo na escadaria principal avistou um corpo que reconheceu. Apesar do cadáver ser apenas um esqueleto, além de estar com a armadura de Cainhurst completa, estava com a capa toda carmesim usada apenas pelas altas patentes da Guarda da Rainha, amarrada por dois broches, no ombro direito estava o broche com o símbolo de Cainhurst e do outro o símbolo de uma coroa, mostrando que o corpo era o Capitão da Guarda da Rainha Raymond. Correu para o corpo e com cuidado retirou os broches e a capa e os colocou. A capa estava desbotada e com alguns rasgos na parte de baixo, mas ainda sim a sensação de ter recebido uma alta patente chegou a Gilead, junto veio a sensação de solidão, afinal, o fato de estar usando essa capa é que era o último cavaleiro de Cainhurst.

- Me desculpe Raymond mas parece que fui promovido - sua voz sem emoção ecoou pelo salão enquanto se abaixava para retirar o capacete do esqueleto - sinto muito Capitão mas você não precisará mais disso.

Antes de colocar o capacete chacoalhou para poder tirar o pó, junto com a sujeira, caiu um pequeno papel que devia estar no compartimento secreto do capacete que apenas a Guarda da Rainha possuía, servia para guardar pequenos objetos ou bilhetes secretos para a Rainha. Pegou o bilhete e nele estava escrito com a caligrafia de Annelise "Busque sangue pálido na cidade vizinha" É claro! A Rainha sabia que estaria enfraquecida, e com a maioria dos nobres derrotados e mortos precisaria recuperar suas forças com outros nobres. Foi aí que Gilead decidiu ir atrás desse sangue, afinal sabia que há pouco tempo algumas pessoas da nobreza de Cainhurst decidiram desistir da realeza e foram para Yharnam, apesar de muitos serem contra. Isso foi bom. Pelo menos Cainhurst ainda tinha uma última chance de sobrevivência e Gilead não chegaria para a sua rainha de mãos vazias.

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