dois | f o r b i d d e n

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cafeteria do campus, horas depois

— Você está estranha demais. No quê está pensando?

Olhando para Nathan que me encara com a testa franzida, eu tomo mais um gole do meu café e por sorte, queimo a minha língua. Ai.

— Eu não estou pensativa, eu só estou cansada. Acredita que passei a madrugada acordada, assistindo…

Massacre da Serra Elétrica?  — adivinhando o que assisti, sorrio para ele e mordo um pedaço do meu sanduíche. Amo peito de peru.

Nathan e eu estamos na cafeteria do campus. É a cafeteria onde todos os alunos do colégio frequentam, sejam quais forem. Do calouro ao mais veterano que for. Até professores tomam café aqui e fazem reuniões.

— Isso, isso mesmo.

— Mas não é por isso que você está pensativa, ou cansada. É outra coisa. O quê aconteceu além do que você me contou? — curioso ao se inclinar em minha direção, Nathan apoia seus antebraços fortes sobre a mesa.

Ele sabe que tem algo a mais. Afinal, ele me conhece há muito tempo e, vamos combinar, a convivência frequente com outras pessoas meio que vulnerabiliza você. Então é quase impossível esconder algo do Nathan.

Principalmente o meu comportamento.

— Nathan, o que você pensa sobre o time de basquete?

Me encarando fixamente, Nathan ergue uma sobrancelha e beberica sua xícara de café.

— O nosso time de basquete? — corrigindo de forma irritante, eu dou um revirar de olhos, mas balanço a cabeça em um sim — Eles são bons. Sempre estão ganhando.

— E os atletas?

— Uns idiotas.

Agora faz sentido.

— Por quê está me fazendo essa pergunta? Tem a ver com o quê vai me contar? — me encarando fixamente, seus olhos castanhos claros me deixam até desconfortável.

Nathan sabe muito bem deixar alguém sem jeito com apenas um olhar. E não é à toa. Ele adora estudar o comportamento humano, além de criar robôs. Não sei quantas vezes eu já confessei coisas a ele com apenas um olhar fixo ao meu.

Uma dessas confissões foi quando eu estava com um chupão no pescoço e eu tinha esquecido de  escondê-lo com maquiagem. Nathan percebeu e começou a fazer perguntas sobre o porquê eu estava usando o moletom do colégio com gola alta.

Só um adendo, estava sol. Eu era a única usando moletom e ainda de gola alta.

Então ele olhou do mesmo jeito no qual está me olhando agora.

Daí acabei confessando que fiquei com alguém.

É, isso mesmo. Com certeza isso deve ser estranho, porque sou uma boa garota, uma boa aluna e uma boa filha, e eu sou mesmo. Mas não sou de ferro.

Eu tenho os meus desejos.

— Hallie…

— Está bem, está bem! Nossa, você precisa parar com esses olhares de psicopata. — desistindo de ser um livro fechado para o meu amigo, Nathan comemora.

Sobrevivendo aos Badboys do Basquete Onde histórias criam vida. Descubra agora