Hermione se recostou e descansou os olhos, ouvindo a música tocar e depois outra e outra. Espera, onde diabos estava Malfoy? Ela pulou do sofá e correu pelo corredor, certa de que o encontraria inconsciente no piso de ladrilho do banheiro. Mas quando passou pela porta do quarto, ela o viu sentado na ponta da cama, cabeça baixa, o robe dela recolhido em seus braços.
— Draco?
Ele olhou para cima e ela sabia.
O rosto dele era uma imagem de emoção crua; incredulidade, dor, alívio, espanto e, sim, um pouco de raiva. Ela engasgou e começou a ir em direção a ele, caindo de joelhos.
— Você estava certa, Hermione — ele disse em voz baixa. — Foi o cheiro que desbloqueou. — Ele levantou o robe dela e ela colocou o rosto nele. Sim, cheirava exatamente como ela. Sua essência.
— Tudo? — ela perguntou. — Está tudo de volta?
Ele assentiu lentamente, seus olhos fixos nos dela.
— Eu estava com medo... e vazio. Uma concha. Você cuidou de mim. Me confortou. Você se tornou meu mundo inteiro. — Ele fechou os olhos. Hermione percebeu que lágrimas brotaram nos seus.
Os olhos dele se abriram e olharam para o chão.
— Você me ensinou coisas. Nós rimos. Eu cozinhei? E você mentiu — os olhos dele se voltaram para os dela, — nós dançamos.
Ela riu em meio às lágrimas.
— Bem, foi menos um balanço romântico e mais uma dança slam bêbada depois de muitas doses de vodca.
— Eu me lembro — ele disse simplesmente.
Ela pegou a mão dele.
— Draco, eu quero me desculpar. Por... deixar que virasse algo físico. Eu deveria ter resistido. Eu tirei vantagem e foi errado.
Ele a olhou firmemente. —Mas eu vim até você. Eu te beijei primeiro. Eu fui um participante muito disposto.
— Sim, mas não foi VOCÊ! — ela exclamou, sua raiva consigo mesma transbordando.
Ele retirou a mão.
— É por isso que você me queria? Ele? — ele perguntou, sua voz de repente muito fria.
Ela enxugou as lágrimas e olhou para ele, assustada.
— É claro que nos conhecemos bem, trabalhamos juntos por cinco anos e você nunca nem flertou comigo. O que há no meu verdadeiro eu que te repele, Granger? — A amargura havia se infiltrado em sua voz. — Talvez tenha sido o bullying no pátio da escola? As calúnias desprezíveis que eu costumava lançar contra você? Minha família intolerante? Minha aliança com o lorde das trevas? O fato de eu ter ficado de pé e assistido enquanto você era torturada? — Auto-aversão impregnou suas palavras. — Talvez isso tenha sido algum tipo de vingança? Claro que você preferiria uma lousa em branco com meu rosto do que eu. — Ele se levantou abruptamente como se fosse sair.
— Draco, não! — Hermione se levantou também, suas mãos se esticando para ele. Ele se virou e olhou para ela e sua expressão angustiada foi direto para o coração dela, quebrando o último resquício de sua reserva. — Eu não o preferia a você. Eu amo você! Eu te amo há cinco anos! — ela gritou. —Talvez mais. Mas você sempre foi indiferente. Você ficou noivo por três desses anos!
Ela enxugou as lágrimas dos olhos.
— E ele era tudo que eu podia ter do que eu queria desesperadamente. Então eu aceitei. Mesmo que fosse menos do que. Não você. Não sua inteligência rápida ou seu senso de humor, sua confiança. Sim, e até mesmo sua arrogância. Você queria saber o que faz você, você? É isso. É isso que eu amo. E ele não tinha, mas ele era tudo que eu podia ter, então eu aceitei. E era errado. Eu sinto muito. — Ela colocou as mãos sobre o rosto, o peso verdadeiro e total do que ela tinha feito e do que ela tinha confessado desabando sobre ela.
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Fragments and Fissures | Dramione
FanfictionDraco Malfoy teve amnésia, amnésia temporária, que durou exatamente duas noites enquanto ele estava no hospital. Então, por que ele continua tendo visões de coisas que nunca aconteceram? E por que ver sua colega de trabalho platônica Hermione Grange...