Capítulo 1: Entre Mundos Proibidos

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O país de Vanguard sempre foi um reflexo de seus habitantes. Ao oeste, as torres metálicas e vidrasticas dos Futuristas tocavam o céu, enquanto seus circuitos neon piscavam em um ritmo frenético, como uma sinfonia digital incessante. Ao leste, as estruturas intricadas dos Clássicos se elevavam, ornadas com engrenagens douradas, tubos de cobre e fumaça constante das máquinas a vapor.

Jake Ito, com sua chave inglesa no bolso e os olhos fixos em um pequeno automaton que ele estava consertando, respirava fundo o cheiro de seu cigarro e do metal queimado em sua oficina. Aquele era seu mundo, onde o palpitar das engrenagens era a única música que ele escuta vá.

- Quase lá... só um ajustezinho á mais... - murmurou, enquanto girava um parafuso com cuidado.

De repente, um ruído agudo invadiu seus ouvidos. Um som peculiar, alienígena ao seu ambiente familiar. Ele ergueu o olhar, franzindo a testa, e olhou ao seu algo que não pertencia ao seu ambiente, algo que não pertence ao lado do país, um caça aéreo tempestade.

- Mii Reis - Jake disse entre dentes, reconhecendo a figura esguia que acabara de entrar ao território. O brilho dos olhos cibernéticos dela perfurava o espaço como faróis de neon.

- Então é aqui que você se esconde? - Mii provocou, um sorriso ladeando seus lábios. Seu tom era sempre sarcástico, sempre um desafio. - Esperava mais, honestamente. -

Jake endireitou-se, limpando as mãos suja de graxa com um pano que estava ao bolso de sua calça. - e o que traz você ao meu território, gata de rua? O que você quer nesse lugar? Por acaso a bichinha perdeu caminho para o futuro?"

Mii arqueou uma sobrancelha, as orelhas felinas movendo-se levemente em resposta ao tom de Jake. - Ouvi dizer que você tem algo que me interessa. -

- Se você está aqui para roubar algo, sugiro que volte agora mesmo. Não tenho nada que preste para você por aqui. - Jake deu um passo em direção a ela.

- Roubar? Não, nadar disso - Mii deixou seu sorriso crescer. - Digamos que eu prefiro uma troca... ou talvez uma cooperação? -

Jake riu sem humor. - Cooperação? Não estamos ao mesmo lado, gata. Então, por que eu deveria confiar em você? -

Mii deu de ombros, se aproximando da bancada desordenada de Jake, onde peças de metal, protótipos e ferramentas estavam espalhados. Ela pegou um pequeno dispositivo, uma mistura de circuito e engrenagem, e o girou em seus dedos com agilidade.

- Porque, Jake - ela começou, observando o dispositivo atentamente, - há algo no Distrito Neutro que tanto você quanto eu precisamos. E, acredite ou não, esse algo é muito mais fácil de alcançar se trabalharmos juntos. -

Os olhos de Jake estreitaram. - e o que seria tão importante a ponto de me fazer considerar essa aliança absurda? -

Mii pousou o dispositivo de volta na mesa, encarando Jake com um olhar sério pela primeira vez. - Uma relíquia. Uma peça que, dizem, contém a chave para revolucionar tanto o seu mundo de engrenagens quanto o meu de alta tecnologia. Está sendo leiloada amanhã à noite."

Jake cruzou os braços, pensativo. - e por que você não pega? -

- Porque, seu infeliz - ela deu um passo mais perto, tão perto que ele podia ver as finas linhas de circuito sob a pele dela, - a segurança é uma mistura de mecânica e digital. Eu posso contornar os sistemas de segurança cibernéticos, mas precisarei da sua "inteligencia" para lidar com as armadilhas mecânicas -

Jake ficou em silêncio por um momento, medindo as palavras dela. Ele odiava a ideia de trabalhar com uma futurista, especialmente com uma tão hábil quanto Mii. Mas algo na proposta dela o intrigava. Ele sabia que aquela relíquia poderia ser abrir portas para algo maior, algo que ele buscava há muito tempo.

- Está bem - disse finalmente, com um suspiro. - Mas vamos deixar claro: essa é uma parceria temporária. Nada mais. -

- Ah, Jake - Mii sorriu, satisfeita. - Eu não esperava nada menos de você -

Fusão das erasOnde histórias criam vida. Descubra agora