oito.

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As crazy as it sounds to me it's sane
And I like it, why? 'cause I feel like we're still united

⭐ caroline ⭐

Não há nada que me traga mais tristeza do que ver a minha família destroçada e sem poder contar com a presença uns dos outros na vida deles. Não é para isso que a família serve? Para poder partilhar os seus problemas, sem receios de ser julgados e criticados? Bem, a minha família já não é assim há algum tempo. Provavelmente desde a morte da minha avó, há cerca de dez anos.

É verdade que um bocadinho de cada um de nós foi enterrado com aquela senhora bondosa, carinhosa e sorridente, mas o mais complicado foi ver a família desmoronar após o seu falecimento, assistir ao início de cada discussão, de cada lágrima caída e rancor guardado pelas palavras ouvidas. Ver os natais passados cada um em sua casa, primos de relações cortadas e irmãos de sangue amargurados uns com os outros, que acabavam por distribuir essa raiva nos seus filhos e mulheres.

Foi o início e desde lá tudo tem andado a piorar a passos largos. Costumava ser bastante próxima dos meus pais, conversavamos bastante, a minha mãe cantava para mim todas as noites para eu adormecer, iamos para o parque aos sábados à tarde e acabavamos sempre a comer um gelado. Agora, o parque está mais que abandonado, assim como eu estou.

Fui abandonada pela minha família. E tudo o que eu fiz foi ser forte e ignorar as ofensas saídas da boca dos meus progenitores, porque dói demasiado. Dói demasiado ser-se abandonada pela própria família.

"Carol?" ouvi uma voz vinda de uma das divisões da casa.

Espera, não da minha casa. isto é a casa do Luke....será que...?! Não, eu vomitei-lhe no lavatório, passei à friendzone.

"Sim, passa-se alguma coisa?" perguntei de volta.

"Era para ver se estavas bem, mas também porque preciso que me venhas trazer papel à casa-de-banho porque vim cagar e esqueci-me completamente que acabei com ele ontem!"

Obviamente friendzonada.

*

Tinha de enfrentar os meus pais, não ia passar outra noite como a de ontem, mesmo que não gostasse da alternativa.
Eram 14h de um sábado, não havia dúvidas de que ambos estariam em casa, se bem que não tenho acompanhado de perto as suas atividades de lazer ao fim-de-semana, para meu grande desagrado.

Mas como previ, ao meter os pés na minha habitação, o meu pai encontrava-se no computador e a minha mãe a ver televisão, se bem que nem tentavam comunicar entre si. E pelos vistos, nem comigo. Nem sequer pestanejaram quando eu entrei em casa e não fui recebida nem com um abraço nem com um estalo. Ignorada totalmente. E não sei se gosto disso ou não.

Fui para o meu quarto esperar que a birrinha dos meus progenitores passasse e decidi atualizar a Rita acerca dos acontecimentos recentes, se bem que ela não gostou muito que eu tivesse posto logo de parte a ideia de ir para casa dela. Mas a verdade é que não suporto olhos de pena, e sei que seriam esse tipo de olhos que me receberiam. Notei que tinha 3 chamadas não atendidas do Ashton e 2 mensagens, mas não me sentia pronta para as ler, nem para falar com ele. Queria pensar para ter a certeza se o que fiz com ele foi um erro ou não.

"Mas o que é que eu estou para aqui a pensar, claro que foi um erro, ele traiu-me!" afundei a cabeça na almofada e fechei os olhos na tentativa de ir dormir, mas recebi uma mensagem de um número que eu não conhecia.

?? - boa noite princesa, já estou a morrer de saudades tuas xx

Terá sido o Ashton? Porque é que ele mandaria mensagem de outro número? Antes de lhe puder perguntar a identidade, recebi outra mensagem.

?? - a pizza estava ótima, podemos repetir sempre que quiseres, desta vez pode ser em tua casa *wink*
-- luke xx

Ah, afinal é este parvalhão, como é que ele conseguiu o meu número?

?? - ps: é possível que tenha andado a stalkear o teu telemóvel durante a noite para conseguir o teu número, dorme bem babe

Que atrasado.

(a/n) hey, estou farta de pedir desculpas pelo atraso na publicação mas yah a vida é bosta e ainda devo de publicar outro hoje

harmless fun? ♠ l.hOnde histórias criam vida. Descubra agora