Capítulo 4

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Zoe Wilson

Não era uma sensação nova pra mim, novamente isso aconteceu, pra falar a verdade, menos pior que antes.

Novamente eu caiu dentro de uma piscina, nem faço questão sequer! De lutar para viver, que perda de tempo tudo isso!

Minha vida acabou a alguns anos atrás, quando minha mãe dizia o quão decepcionada estava comigo, eu lembro direitinho de suas palavras.

- Você é uma vagabunda mesmo! Tudo que eu fiz pra você foi de água a baixo, você tem tudo que quer, e me decepciona desse jeito?- Ela diz furiosa, vermelha de raiva, com os olhos cheios de lágrimas.

- M-mamãe- tentava dizer, tentava me explicar em meio de lágrimas desesperadas.

- Acabou o nosso laço! A partir de hoje, nem ouse mais me pedir nada! Eu pensava que você era uma criança ainda, mas pelo visto você sabe de mais coisas do que eu, tá virando uma puta mesmo!- Ela dizia com as mãos no cabelo.

- Não mãe, por favor- Eu implorava, enquanto soluços em minha boca saiam e lágrimas dos meus olhos deciam.

- Por favor?! Você é uma decepção, uma decepção! Eu pensava que tinha uma filha, mas eu tinha uma vagabunda me esfaqueando por trás! É isso que você está virando, uma puta de verdade, igual sua irmã!- Ela dizia batendo na parede.

Cada palavra que ela dizia, cada frase me machucava, eu implorava para Deus, eu preferia mil vezes que ela me batesse, do que dizer essas coisas.

- Acabou Zoe, Acabou, todo aquele amor de mãe que eu tinha por você, toda aquela admiração, aquela alegria acabou! Hoje, agora!- essa parte foi o fim da minha vida.

- Mãe, não fala isso, eu amo você!- Dizia tentando abraçar ela.

- Se puder, nem me chame de mãe essa semana, nem fale comigo, nem me olhe- Ela dizia se afastando de mim.

Ela tava certa, por está brigando comigo, tinha apenas 13 anos e comecei a gostar de um garoto na escola, minhas amizades eram sujas, e ela ficou com raiva.

Minha mãe era tudo pra mim, eu amo muito ela, eu morreria por ela, eu matava por ela, eu faria tudo, nem que isso custasse minha vida!

- Você nunca me amou mesmo! Eu sempre fui apenas uma pessoa qualquer para você, não é Zoe?! Eu sempre fui uma mãe ruim, não é?!- Ela dizia- E você sempre foi uma inútil! Traidora!

Inútil? Mamãe, eu me esforcei até hoje só para vê um sorriso em seu rosto, tem tantas coisas que você não sabe, eu sempre tiro notas acima de 8! Eu estudo até Doer a cabeça, eu faço o que eu consigo dentro de casa, para no final, uma bela surpresa.

Quanta bobagem.

Era o que eu pensava naquele momento, enquanto estava ajoelhada no chão com desespero, olhando para minha mãe.

- Decepção, é o que você é, puta, vai fazer o que quando completar 18 anos? Vai sair de casa igual a Jeke? Você é virgem?- Ela dizia me olhando, com aquele olhar de nojo para mim.

- Eu sou mãe, eu sou!- Eu dizia, e eu nem estava mentindo, eu realmente era virgem.

Como eu vou tirar minha virgindade, sendo que nem tenho tempo para pensar? A única coisa que eu faço é estudar, estudar, estudar, e estudar!

- Eu não acredito em você- Ela dizia com desgosto.

- Mamãe eu tenho 13 anos! Por favor acredita em mim?- Eu dizia em desespero.

Sério que isso tudo era por que eu estava apenas gostando, ou melhor! Sentindo atração por um garoto, que eu nem falo direito?! E só por que ela viu uma mensagem no meu celular, que meu amigo mandou dizendo "Tchau puta".

Você teve adolescência mãe?

- Acha isso Bonito? "Tchau puta"- Ela dizia repetindo o que via no celular- Acha isso Bonito?! Essas são as amizades que você arruma?

Era apenas o nicou falando "Tchau puta" na brincadeira, e depois ele ainda pediu desculpas por ter dito isso!

Ela me afastou de todos os meus amigos, ela não era mais minha mãe...

Era apenas uma mulher decepcionada comigo.

- Sua vagabunda!- Dizia batendo na minha cara- Ele está certinho! Puta é o que você está virando.

Eu nunca nem saí de casa, a não ser escola.

- Mamãe por favor, não fica assim comigo!- Era o que eu dizia.

Eu não ligava para nada disso, eu só queria minha mãe de volta, eu realmente me arrependi de ter arrumado esse tipo de amizade e me senti atraída por um Garoto.

Eu queria minha mãe de volta.

Não me crie como seus pais te criaram.

Mamãe, por favor, me perdoa, me perdoa, me perdoa! Eu amo você, eu amo você, eu amo você, mas por favor, me bate, me faz passar vergonha na frente dos meus amigos, mais por favor mamãe, volta pra mim.

Ela estava bem ali, na minha frente, eu a amo.

Mas ela não me amava.

É claro que para qualquer pessoa, isso era apenas mais uma briga entre mãe e filha, uma imensa besteira, porém, eu tenho um amor grande por ela, era a única coisa que eu tinha, a única mesmo.

Uma mãe rígida e uma filha tentando ser livre, assim como um pássaro preso dentro de uma gaiola, tendo todo tipo de cuidados possíveis do dono.

Mas você prefere perder seu dono que te ama, cuida, mesmo te prendendo, ou você prefere se ferrar lá fora, com os outros pássaros que nem cuidados tem?

Eu lembro que naquele mesmo dia estava tão deprimida, tava nevando e fazendo muita frio, eu fui até o quintal de fora sem nenhuma roupa para me aquecer, caminhei até a piscina quase congelada.

Olhava para a piscina enquanto meu rosto era aquecido pelas lágrimas quantes que desciam pelo meu rosto, sem pensar duas vezes eu pulei.

Pulei lá dentro, dentro da piscina.

Não era um tentativa de suicídio, ou algo assim, eu só queria saber, se minha mãe ainda me amava, era só isso, eu queria saber se ela iria chorar por quase ter morrido lá dentro.

Tava cada vez mais difícil de ficar lá, mas em momento algum eu tentei sair de lá, meu fôlego já tinha ido embora, eu cheguei ao ponto de não sentir mais nada, nem dor, pelo gelo da água.

Minha consciência tava sumindo aos poucos, meus olhos pesavam me fazendo ver o escuro.

Mais a única coisa que eu pensava era.

Mamãe, me perdoa, eu te amo.

Fim do capítulo 4 gente!
Espero que estejam gostando desse humilde livrinho.

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