Quando O Rock Encontrou A Lua 🌙

CAPÍTULO 1: Quando o Rock Encontrou a Lua

Quando o Rock Encontrou a Lua

Larissa estava deitada no sofá, rolando o feed do Facebook sem muita expectativa, quando parou de repente. Na tela, um perfil chamou sua atenção: um homem tatuado, barbudo, com o cabelo raspado nas laterais, mas ainda ostentando um cabelão bagunçado, o olhar sério, distante, perdido em algum horizonte. Havia algo nele que a intrigava. Talvez fosse o ar de perigo, de quem vivia intensamente. "Hum, que lindo", murmurou para si mesma, e, sem pensar duas vezes, clicou em "Adicionar".

No dia seguinte, a notificação apareceu. "Jack aceitou sua solicitação de amizade." Pouco depois, a primeira mensagem chegou:
— Bom dia, maravilhosa. 🌿

Larissa riu sozinha. Um coração verde. Mal sabia ele que aquela era sua cor favorita. Respondeu com um simples "Bom dia" e, sem perceber, abriu as portas para uma conexão que mudaria sua vida.

Jack e Larissa começaram a conversar todos os dias, em todas as redes sociais possíveis. Não havia hora, nem pausa. Pelas manhãs, eles trocavam mensagens; à tarde, fotos e vídeos; à noite, chamadas de vídeo que frequentemente só terminavam quando um dos dois caía no sono. As câmeras ficavam ligadas, e era como se dormissem juntos, separados apenas pelas telas.

Em pouco tempo, suas histórias se entrelaçaram. Larissa, uma professora de inglês, era uma mulher negra, dona de uma força silenciosa. Vivia em Brasília, no fim de um casamento desgastado, tentando redescobrir quem realmente era. Jack, por outro lado, era um baterista de uma banda de rock, com tatuagens que narravam sua vida turbulenta. Branco, já tinha passado por dois casamentos, seis namoros, e era pai de dois filhos de mães diferentes. Ele vivia em Belo Horizonte, dividindo a casa com o pai e a avó, enquanto levava uma vida intensa entre ensaios e shows.

Eles eram opostos em quase tudo. Larissa, com sua disciplina e seu histórico reservado; Jack, com seu caos e suas experiências marcadas por excessos. Ainda assim, o amor pelo rock os unia. Em cada conversa, eles falavam de bandas, shows, e das vidas tão diferentes que, de alguma forma, se completavam.

Até que, um mês depois, Jack tomou uma decisão.
— Eu preciso te ver, Larissa. Não dá mais pra continuar só pelas telas.
— E como você pretende fazer isso? — perguntou ela, rindo, sem acreditar na seriedade dele.
— Eu vou pegar um ônibus e atravessar 16 horas de estrada pra te conhecer.

Ela congelou. A ideia de Jack, aquele homem que exalava perigo e intensidade, vindo até ela era ao mesmo tempo emocionante e assustadora. Ele realmente faria isso?

Dois dias depois, a confirmação veio. Uma foto dele na rodoviária, com a legenda: "A caminho de você." O coração de Larissa disparou. Jack estava mesmo vindo.

Enquanto ele encarava as horas intermináveis de viagem, Larissa tentava controlar a ansiedade. Passou o dia arrumando a casa, escolhendo a roupa, questionando se ele a acharia bonita, suficiente. Quando a mensagem chegou, avisando que ele havia chegado, as pernas dela tremeram.

Ela desceu as escadas devagar, sentindo cada batida acelerada do coração. Quando chegou ao portão, lá estava ele. Alto, com a mochila jogada no ombro, a jaqueta de lã preta e o olhar que parecia devorá-la. Ele abriu um sorriso enviesado e disse:
— Você é ainda mais bonita pessoalmente.

Larissa riu, tentando esconder a timidez. Jack a abraçou forte e se beijaram, e naquele momento, o mundo parecia parar. O cheiro de tabaco e lã preenchia o ar, e ela percebeu que, por mais intenso que fosse o virtual, nada se comparava ao impacto de tê-lo ali, diante dela.

Mas Jack não era apenas o homem misterioso que ela via na tela. Ele era real, com todas as cicatrizes e sombras que carregava. Naqueles dias juntos, entre risadas, confissões e beijos cheios de desejo, Larissa descobriu mais sobre ele. Sobre os traumas, os excessos, as escolhas difíceis. E Jack viu em Larissa uma luz que ele não sabia que precisava.

Porém, a estrada entre Belo Horizonte e o Brasília não era o único obstáculo entre eles. O passado de Jack e a vida metódica de Larissa começaram a colidir. O amor pelo rock os conectava, mas seria suficiente para mantê-los juntos?

Entre batidas de bateria e confissões ao pé do ouvido, eles descobriram que o amor é tão poderoso quanto perigoso. O encontro de dois mundos tão distintos trouxe paixão, mas também conflitos que testariam até onde estavam dispostos a ir um pelo outro.

Porque, às vezes, quando o rock encontra a lua, o impacto pode iluminar o céu... ou incendiar tudo ao redor.