Incompleto

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Pov Raniele

Deito ao lado de Yuri e sinto cheiro de álcool, ele andou bebendo na minha ausência. Abraço seu corpo sentindo seu calor aquecer o meu de uma forma aconchegante que me faz logo pegar no sono devido ao cansaço da viagem. Desperto com sirenes de polícia, não sei bem se sonhei ou se é real, já que o som parou assim que abro os olhos. Yuri desperta também e me olha confuso e com uma cara de ressaca que o deixa ainda mais gostoso.

''Ouviu isso?'' pergunto sentindo meu coração acelerado.

''Não, o que?'' ele esfrega os olhos com dificuldade em despertar.

''Deve ter sido um pesadelo, mas eu ouvi sirenes''

''Não estou ouvindo nada'' ele diz me deixando momentaneamente mais tranquilo.

Ouço um estrondo como de porta sendo arrombada, dou um pulo da cama tentando pegar a arma que tenho escondida na última gaveta. A pego e mando Yuri não sair do quarto. Saio andando descanso bem devagar, me deparo com Coronado no meio do corredor, ele me olha nos olhos mantendo uma calma que nunca vi.

''Rani, foge, é a policia.'' sussurra me deixando ainda mais apavorado.

''Eu não quero voltar pra aquele inferno de prisão!''

''Rani, escuta, a gente só tem uma chance, eu me entrego e você foge.''

''Não!'' de jeito nenhum vou fazer ele se sacrificar por mim.

''Não temos tempo, vai! Procura meu pai, ele mora nesse endereço'' Coronado me entrega o celular, ouço passos, os policias estão se aproximando.

''Não faz isso, vamos juntos?'' tento convencê-lo.

''Não tenho motivos para seguir mesmo, vai e se salva, você e Yuri'' ele se afasta e logo o vejo ficando de joelhos com as mãos para cima se entregando. Não tenho mais o que fazer a não ser voltar rápido para o quarto e chamar Yuri. A Gente sai pelos fundos. Yuri consegue ligar o helicóptero e por sorte escapamos. Tento respirar aliviado, mas ainda temo que eles mandem reforço aéreo e nos persiga.

''Rápido Yuri!'' Ele apressa e consegue tirar-nos de perto da casa.

''Pra onde vamos?''

A única pessoa que me vem a mente é Renato, mas ele não pode ver Yuri vivo, então não faço ideia.

''Não podemos voar por muito tempo sem uma rota.''

Me lembro do celular de Coronado, o pego no bolso, mas está travado. Merda e a senha? Tento algumas palavras e consigo ao tentar a mais óbvia o nome do Garro. Falo o endereço do pai dele a Yuri e mais alguns minutos de voo a gente pousa em um campo de terra. ''Deve ser aqui perto'' ele diz me olhando preocupado.

Seguro seu pulso e o fito. '' Yuri, Será que não foi seu amigo que entregou o nosso endereço?''

''Romero?''

''É, ele é o único que sabia daquela casa''

''Eu não sei, mas no fundo acho que ele não faria isso, podem ter seguido ele, mas ele ter entregado acho difícil. E agora não é hora para isso, precisamos ir para um lugar seguro.

Yuri tem razão.

Caminhamos até o endereço que Coronado deixou em seu celular. Bato na porta enquanto Yuri espera atras de mim, um homem grisalho me atende.

''Coronado disse que poderia nos ajudar'' ele nos deixa passar e apos entrarmos na casa nos oferece um copo de água que aceitamos.

Nos acomodando no sofá explico que a polícia nos encontrou e que infelizmente, Coronado se entregou para nos livrar, digo que insisti para que não fizesse isso, mas ele não me ouviu. Os olhos do homem se enchem de lagrimas.

''Eu se quer o vi desde que conseguiu escapar da prisão'' as lagrimas rolam pelo rosto dele '' Eu pensei que estava morto, por anos pensei que estava morto.''

''Eu sinto muito''


Pov Garro

Ligo a tv segurando meu chimarrão, mas quando vejo que um dos poderosos mais procurados do Brasil foi pego hoje em uma casa bem isolada da capital o solto fazendo-o molhar todo o chão. Minha mulher se aproxima.

''Que pasó?''

Não consigo dizer nada, apenas olhar para as imagens de Coronado sendo preso.

Meu amor sendo preso naquele inferno de novo.



Pov Raniele

O pai de Coronado muito gentilmente nos deixa ficar na casa por um tempo, nos leva até um dos quartos.

''Temos que pensar em um jeito de tirar Coronado de lá'' digo preocupado.

Yuri me olha recoso e parece não gostar do que eu acabo de dizer.

''Confessa que ainda sente algo por ele Raniele''

''Yuri, por deus! eu te amo. Até quando vai ficar nessa de que eu sinto algo por ele.''

''Se fosse eu lá preso?''

''Faria o mesmo, não te deixaria lá nem um dia se quer.''


Pov Coronado

Me jogam na cela, antes eu já tinha me conformado em estar nesse lugar, mas depois de sair e poder dormir em uma cama confortável, em tomar banho em um chuveiro quente, faz isso aqui ser um pesadelo. Fecho os olhos e me vem à mente o olhar do Garro, no fundo ele estava certo, eu devia ter escutado e ter ido com ele, mas agora é tarde e o que me resta é morrer aqui.


Pov Raniele

Ouço uma batida na porta, a abro, o pai de Coronado pede para falar comigo, o acompanho até a sala, ele me serve uma cerveja que aceito.

''Preciso resgatar meu filho ou vou enlouquecer, ele não merece passar por isso de novo''

''Ele queria muito voltar aqui e te ver, sempre falava sobre você, mas estávamos trabalhando para conseguir uma grana.''

''Faço o que for preciso para tirar meu filho de lá o mais rápido possível''

Penso em algo, mas não tenho outra opção se não pedir ajuda a Renato.


Pov Garro

Sigo para o quarto do meu filho e o pego em meus braços, o que seria de mim se não pudesse ter esse momento novamente? Beijo sua testa e agradeço a deus por minha ex me aceitar de volta. Sinto seu cheirinho gostoso e posso vê-lo ate abrir um sorriso doce que faz meu peito se encher de alegria.

Como é bom estar aqui.

Volto para o quarto e tento dormir, mas o sono não vem, fico pensando no que Coroando deve estar passando naquela cela fria. 

Poderosos do crimeOnde histórias criam vida. Descubra agora