Confia nele?

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Pov Garro

Sigo Coronado sem que ele perceba, ele se aproxima do moreno e eles conversam, mas eu não consigo escutar, após a conversa que não demora muito eles se abraçam como se fosse uma despedida, isso está estranho. Corro de volta para o pátio é já é hora do almoço. Comer essa comida aqui não é nada agradável, mas morrer de fome é pior então tento engolir enquanto olho ao redor para ver se Coronado volta, mas nada dele.


Pov Raniele

Yuri se aproxima da minha cela e me entrega duas chaves.

''Uma é do cadeado que você vai precisar abrir, a outra do carro que está aonde combinamos.''

''Te vejo lá fora'' digo ansioso enquanto ele me olha com um semblante preocupado.

''Toma cuidado, tem que estar lá as onze em ponto que é o horário que eles abrem o portão''

Coloco a mão em seu ombro ''Relaxa, vai dar certo'' ele sorri, mas ainda parece nervoso.

Espero ele ir e tento descansar um pouco, mas não quero deixar Coronado aqui, embora tudo seja apenas sexo, eu gosto dele, mas é arriscado por mais alguém nessa comigo. Olho no relógio velho que tenho no canto da cela, falta meia hora e finalmente sairei daqui e verei novamente meu irmão, como sinto falta dele.


Pov Coronado

Garro está deitado já quando volto para a cela, me aproximo das minhas coisas velhas, não há nada que eu queira levar comigo, mas Garro sim, esse eu quero que venha. Toco seu ombro, ele me olha sonolento.

''Preciso te falar uma coisa.'' ele senta e esfrega os olhos voltando a me fitar novamente com aquele olhar claro e meigo.

''Que pasa?''

''Vou fugir'' ele arregala os olhos.

''Como?''

''Raniele tem um plano''

''Confia nele?''

''Sim, mas há riscos''

''Yo me voy contigo'' ele diz animado.

Ouço Raniele perto da grade e ele tem um guarda com ele, o guarda tira as algemas dele e abre o cadeado.Raniele o golpeia com um golpe forte na cabeça, o homem cai, ele chuta algumas vezes a cabeça do homem, Garro leva as mãos ao rosto não querendo ver a forma como aquele homem acaba de ter morte cerebral.

''Garro vem com a gente'' aviso, Raniele me olha nervoso.

''Não! Levar você já é arriscado demais.''

Dou a mão a Garro nos colocando de pé.

''Eu não vou deixar ele aqui'' Raniele olha a cena e me encara furioso.

''Então vai ficar os dois'' ele se afasta passando pelo homem morto no chão, corro até ele e seguro seu braço.

''Por favor!'' meus olhos marejam. Raniele sorri debochado.

''Não vou levar você e seu mascote''

''Eu faço qualquer coisa pra você lá fora, sabe que tenho contatos importantes.''

''Tão importantes que nem se quer moveram um dedo pra te tirar daqui''

''Eles pensam que estou morto!''

Raniele se solta de mim e respira fundo ''Esta bem, mas vamos logo que estamos passando da hora.''

Garro se apressa e seguimos o moreno em passos leves para não despertar os presos.


Pov Raniele

Abro o cadeado que Yuri me disse e entro no caminhão, os dois sobem também e eu não acredito que estou ajudando esses panacas.

''O que vai fazer quando sair daqui?'' Coronado me pergunta enquanto esperamos sentadinhos atras das latas de lixo.'' Garro mantem o dedo no nariz fazendo uma careta impagável.

Não é uma boa hora para conversar, mas sussurro.

''Vou procurar meu irmão e você?''

''Vou procurar meu pai''

''Hey'' Garro por fim decide participar.

''Não podem fazer isso, se procurar seus parentes a policia vai encontra-los''

Não é que o baixinho é inteligente.

''Ele tem razão Raniele''

É eu não tinha pensando assim, na verdade eu nem tinha pensado muito no que fazer se conseguisse sair desse inferno.


Pov Coronado

O caminhão começa a se mover, abaixo a cabeça e rezo para que isso dê certo.

Uma lata grande se move na direção de Garro que consegue se desviar rapidamente, ele vem pro meu lado e me abraça. Olho para Raniele que está sério e pensativo. Na verdade, nem sei se poderemos ser amigos e continuar juntos.

O caminhão para e um breve silencio é tomado pelo barulho de chaves, a porta se abre fazendo um ruido desagradável, mas quando vejo o céu estrelado abro um sorriso sem acreditar no que estou vivendo. Raniele se levanta e sai primeiro, ele assobia e eu seguro na mão de Garro ajudando-o a passar entre as latas.

O homem do caminhão aponta para um carro preto estacionado.

Raniele entra no carro, abro a porta de trás e Garro entra, vou na frente, ele logo dá a partida e por longos minutos ficamos apenas apreciando a madrugada e me sinto tão livre como um pássaro.

''Vamos para onde?'' pergunto a Raniele que não desvia os olhos da estrada.

''Eu tenho um sitio, vou pra lá'' ele disse vou pra lá, ou seja não inclui eu e Garro. Ele já fez muito por mim.

''Eu não tenho para onde ir'' digo tentando pensar em alguma opção, mas procurar meu velho agora seria arriscado demais.

''Pode vir comigo'' Encaro Rani, 'Isso inclui ele?'' ele olha para trás Garro está dormindo. Um bebê.

''Eu não faço ideia se ele tem alguém''

''Não tinham tempo para conversar né'' Rani diz irônico.

''Nunca rolou nada entre a gente.'' tento amenizar as coisas.

''Mas vai rolar, tá na cara que ele é louco por você''

Tá na cara?

''Eu só quero passar a noite em um lugar seguro e amanhã pensar em algo.

''Relaxa Coronado, eu não vou deixar você e seu mascote na mão'' respiro aliviado.

Mais de uma hora e por fim chegamos em um portão grande e rodeado por arvores, Raniele desce e me manda esperar no carro. Tiro o cinto e viro para trás, seguro a mão de Garro que desperta confuso.

''Chegamos gatinho, acorda.''

''Confia mesmo nele?'' Garro pergunta com a demora em Rani voltar.

''Conseguimos escapar graças a ele.'' Garro faz uma expressão marrenta me fazendo rir.

''Vamos ficar bem'' é no que eu mais tento acreditar agora.

Um homem grisalho se aproxima ele pede que entremos, pergunto por Raniele ele diz que o mandou vir nos acomodar. Ele nos leva até um dos quartos do grande sitio, Garro olha surpreso com o tamanho.

''Tem algumas coisas no frigobar, se precisarem a cozinha fica lá em baixo'' o grisalho diz e sai.

Garro já está com uma cerveja nas mãos e me faz rir ao mostrar as coisas com empolgação. Bebo uma cerveja, mas o que mais desejo agora é um banho.

''Estamos fedendo'' digo encarando Garro que ri e concorda. ''estamos''

Abro a porta do banheiro e vejo que tem uma banheira, por fim a vida que eu mereço.

''Garro, olha isso''  

***

Continua? estou amando ler os comentários obrigada kkk

Poderosos do crimeOnde histórias criam vida. Descubra agora