Aquele dia...

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Pov Raniele

Quase esboço um sorriso de alivio, por fim aquele Argentino marrento se foi.

''Vai tomar um banho e dormir um pouco Coronado, conversamos amanhã sobre a entrega'' Bato no ombro dele, mas o moreno continua paralisado. ''Vamos homem! Vai tomar um banho e descansar'' ele parece anestesiado. Os olhos marejados, o que me dói profundamente vê-lo assim. O puxo para um abraço sem dizer nada deixando que seu corpo relaxe ao menos um pouco contra o meu. Coronado me aperta contra seu corpo e soluça indo a lagrimas.


Pov Coronado

Como eu vou viver sem meu Garrito? Me jogo na cama e choro sem que mais ninguém me veja.


Pov Raniele

Yuri está suado e exausto após malhar, ligo a esteira e começo a correr enquanto o observo beber água já se preparando para passar pela porta.

''Yuri'' ele para e me olha com certo desdém.

''Vai ser só essa vez, o dinheiro que vamos pegar vai ser o suficiente para uma vida juntos.''

''Não me venha com essa de vida juntos, eu fiz o que fiz e sei que foi muito errado, mas não vou seguir essa vida que você está acostumado levar''

''Cheio de Moral né Yuri''

''Tenho meus princípios.''

''Vai ir embora com Garro?'' não era bem o que eu queria falar, mas sempre fui muito idiota em falar o que penso.

''É o que você quer?'' ele me olha esperando uma resposta. Paro a esteira e sigo em sua direção, seguro seu rosto prendendo sua boca na minha início um beijo, mas ele não corresponde.

''Não Raniele, não vai me ludibriar com sexo'' que pena era essa a minha intenção.

Sorrio e volto a beija-lo segurando em sua bunda aproximando seu corpo do meu. ''Por favor Yuri...não torna as coisas difíceis...'' sussurro e o prenso contra um dos equipamentos, Yuri apoia as mãos no mesmo se inclinando no instante que puxo sua bermuda. Eu sabia que ia dar certo.


Pov Coronado

Estamos no caminhão com a mercadoria escondida em algumas maquinas de lavar louça, Raniele dirige calado, enquanto eu estou com a cabeça a mil.

''Confia em Renato?'' puxo assunto enquanto seguimos estrada a frente.

''Meu irmão confiava''

Balanço a cabeça positivamente, espero que dê tudo certo.

A gente faz a entrega e dá tudo certo com os tipos que nos encontraram. Dirigindo de volta Raniele sugere que paremos para descansar, a viagem foi longa. Concordo com ele, viajar exausto é perigoso. Estacionamos em uma rua deserta e ele inclinando o banco para trás deita-se um pouco. Tento fazer o mesmo, mas ando mal desde que Garro se foi. Pego um pacote pequeno que trago no bolso e uso a mercadoria, Raniele me fita serio.

''O que está fazendo?''

''Sabe que eu uso''

''Sei, mas aqui?''

''Moralista agora?''

''Claro que não'' ele senta novamente e segura minha coxa me olhando docemente, apesar do nosso sexo sempre ter sido doloroso para mim, no fundo criamos uma aproximação inquebrável. ''Mas há outros meios de esquecer de tudo'' Raniele coloca a outra mão na minha nuca e me aproxima a ponto de quase encostar a boca a minha, o afasto segurando seu ombro para trás.

''É melhor você dormir um pouco, eu vigio o caminhão'' tento amenizar o que acaba de acontecer aqui.

''Se é o que prefere'' ele volta a se acomodar e fechando os olhos relaxa, como pode ser tão cafajeste assim? O que me estranha é isso ser novidade pra mim.

Respiro fundo soltando o ar lentamente, não sei nada de Garro, tento ligar, mas o celular dele cai direto na caixa postal, eu jamais devia ter permitido ele ir, que tonto eu fui! Eu devia ter feito alguma coisa para impedir.


Pov Yuri

Aproveito que estou sozinho na casa para chamar Romero, ele chega já no final da noite e trás uma garrafa de champanhe.

''O que vamos comemorar?'' pergunto confuso.

''Sou o novo delegado'' é o tempo passa, até uns cinco anos atras ele tinha a cara de menino, agora é um homem.

''Parabéns! Você merece'' o abraço eufórico, sei o quanto ele sonhou e lutou por isso.

Ele se solta do meu abraço e me olha um pouco chateado.

''Pena que as coisas não vão bem com você''

''Eu nunca quis ser policial mesmo.''

''Bom, então vamos beber?'' diz animado.

Beber é tudo o que eu preciso agora.


Pov Coronado

O telefone de Raniele começa a tocar, ele desperta assustado e com dificuldade consegue pega-lo no bolso do jeans. Pelo jeito é Renato, ele avisa que deu tudo certo e que já está com a grana. Ao desligar me diz que Renato mandou a gente seguir viagem agora mesmo. Olho ao redor e não acho uma boa ideia viajar a essa hora, mas quem manda aqui é ele, quer dizer: Renato.

Entregamos a parte do criminoso e entro no carro esperando por Raniele, o que demora alguns minutos, e ele se aproxima entrando e segurando o volante começa a dirigir. Me sinto exausto, tudo o que eu quero agora é um banho e dormir.

''Já pode ir ver seu pai, eu te dou sua parte do acordo.''

''Valeu'' digo agradecido. Fico pensando por um momento nas palavras de Garro, será que Raniele mudou mesmo? Tentou me beijar... Garro estava certo, as pessoas dificilmente mudam.

''Posso te fazer uma pergunta?'' Raniele me olha levemente de lado sem tirar os olhos da avenida.

''Faz homem''

''Gosta mesmo do Yuri?''

Ele sorri de canto '' De novo com isso? Não me superou fala logo''

''Ele parece ser um cara legal''

''Ele é, mas não quer aceitar em que situação está agora, cheio de moral, pensa que vai chegar aonde com isso? Conseguir seu cargo de polícia de novo?''

Entendo o desabafo do moreno.

''Leva tempo''

''É o que eu tô dando para ele, tempo.''

Chegando em casa tomo um banho e me jogo na cama, mas ao fechar os olhos me lembro do dia que me ajoelhei e pedi Garro em casamento, eu não tinha planejado nada daquilo, foi tão espontâneo e verdadeiro, mas ele não quis esperar. 

Poderosos do crimeOnde histórias criam vida. Descubra agora