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Melissa Lima.Os dias no batalhão eram intensos, tanto para eles quanto para mim. Eu ouvia histórias que a maioria das pessoas não conseguiria nem imaginar. Sangue, perda, violência, decisões de vida ou morte. Cada soldado carregava um fardo, e aos poucos, alguns começaram a se abrir comigo. Mas havia um em especial que parecia intransponível. Capitão Nascimento.
Eu sabia que ele me observava. Ele sempre estava por perto, sem dizer muito, avaliando tudo o que eu fazia. Nascimento era uma muralha. E, ao contrário dos outros, ele não demonstrava a menor intenção de permitir que eu chegasse perto.
Até aquela vez, quando me perguntou se falar mudava alguma coisa. Naquele momento, percebi que, por trás da rigidez, havia uma batalha interna que ele nunca deixava transparecer.
Alguns dias se passaram desde aquela breve conversa. O ritmo no batalhão seguiu, as operações não paravam, e eu continuava fazendo o que podia. Mas eu ainda pensava nele.
Naquela sexta-feira, depois de uma semana longa e pesada, decidi que precisava de um tempo pra mim. O trabalho tinha sido exaustivo, e minha mente estava à beira da exaustão.
Saí do batalhão e fui direto para um barzinho à beira da praia, um lugar tranquilo que eu costumava frequentar antes de me envolver com tudo aquilo. Precisava de um momento para respirar.
Entrei, pedi uma cerveja e me sentei numa mesa de canto, onde podia ver o mar ao longe. O lugar estava cheio, mas nada caótico. As pessoas conversavam, o som de risadas misturado com o das ondas batendo na areia trazia uma sensação de paz. Era exatamente o que eu precisava. Fechei os olhos por um segundo, tentando esvaziar a mente.
— Doutora Melissa.
A voz grave me fez abrir os olhos imediatamente. Eu conhecia aquele tom de voz em qualquer lugar. Capitão Nascimento. Olhei para cima e lá estava ele, parado na minha frente, usando roupas civis. Uma camisa escura, calça jeans, sem o uniforme que eu estava acostumada a ver. E por um segundo, ele pareceu... diferente. Menos rígido. Mas a expressão? Ainda séria.
— Capitão? — A surpresa era inevitável. Nunca imaginei que o veria fora do batalhão, ainda mais ali, naquele bar casual. Ele não parecia o tipo que frequentava lugares como aquele.
— Só Nascimento. — Ele disse, olhando ao redor antes de se sentar na cadeira à minha frente.
Eu não sabia o que dizer. A última coisa que eu esperava era encontrá-lo fora daquele ambiente militar, e ali estava ele, sentado comigo em um bar, como se isso fosse a coisa mais normal do mundo.
— Não esperava te ver por aqui — falei, tentando quebrar o silêncio estranho.
Ele deu de ombros, pegando uma cerveja que o garçom tinha trazido para ele sem que eu percebesse.
— Nem eu. Mas precisava sair um pouco. — Ele tomou um gole da cerveja, o olhar fixo no mar. Por um momento, parecia vulnerável. Não o Capitão Nascimento que comandava o BOPE com mão de ferro, mas um homem comum, tentando escapar de algo.
Fiquei em silêncio por alguns segundos, observando-o. Essa era a primeira vez que eu o via tão próximo, sem as barreiras do batalhão entre nós.E por mais que quisesse manter as coisas profissionais, não consegui evitar a pergunta que escapou:
— E você? Quem cuida de você, Nascimento?
Ele virou o rosto na minha direção, e o olhar que ele me deu foi direto. Havia apenas um cansaço profundo. Ele segurou o copo com força, como se as palavras estivessem presas dentro dele.
— Ninguém — ele respondeu, sem rodeios. — E é assim que tem que ser.
Eu o encarei, sentindo uma onda de empatia por ele. Ninguém deveria carregar tudo sozinho. Mas ele parecia acreditar que era o único jeito. E, pela primeira vez, vi o peso real daquilo sobre ele.
— Não precisa ser assim, você sabe disso.
Nascimento balançou a cabeça, como se a ideia fosse completamente absurda.
— Você acha que sabe como é... Mas a verdade é que você não faz ideia do que eu carrego.
Ele estava certo. Eu não sabia tudo o que ele enfrentava, todas as decisões que ele tinha que tomar, todo o sangue em suas mãos. Mas, mesmo assim, a única coisa que me veio à cabeça foi:
— Talvez você não precise carregar isso sozinho.
O silêncio que se seguiu foi pesado, mas de algum jeito, não desconfortável. Nascimento me olhou por um longo tempo, como se estivesse pensando em algo que não conseguia dizer.
— Talvez você esteja certa — ele disse, por fim. Mas o tom de voz dele era cauteloso, como se admitir aquilo fosse perigoso demais.
Naquele momento, soube que algo havia mudado entre nós. Eu não sabia exatamente o quê, mas aquela noite no bar, longe do batalhão, foi o começo de algo diferente. Uma porta que, talvez, ele estivesse disposto a deixar entreaberta.
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Tensão no batalhão.| Capitão Nascimento.
Historical FictionMelissa e Capitão Nascimento vivem um romance intenso e proibido. Ele, marcado pelo perigo de sua vida no BOPE, tenta afastá-la para protegê-la, enquanto ela insiste em se aproximar. Entre confrontos, ciúmes e escolhas difíceis, eles precisam decidi...