Prólogo

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O calor abafava a minha pele.

Os raios de sol invadiam a casa pelas janelas de madeira escancaradas, aquecendo ainda mais a sala espaçosa. Observei o céu lá fora, azul brilhante, pulsante.

Nenhuma nuvem fofa naquela vastidão azulada, nenhum risco branco de avião ou sinal de pássaros migrando, apesar de que os cantos fossem melodicamente ouvidos das árvores que permeavam a residência.

Não havia movimentação além do muro, nenhuma pessoa na rua. Paisagens semelhantes já haviam rendido pinturas magníficas, mas agora só pensava em como parecia um lugar morto. Um eterno verão, uma espécie de deserto subtropical.

Procurei um fiapo de vida dentro de meu peito, o espelho daquela felicidade e paz discreta, e encontrei apenas o meu coração, mais silencioso do que de costume.

Me perguntei, por fim, se aquilo era a morte.

Não a neblina ou a noite cruel, não os gritos de misericórdia ou de tormento, mas o brilho incandescente da luz do dia e o silêncio vazio e solitário.

Uma brisa quente circulou pela sala, tão quente que parecia sufocar o ar ao redor.

Tive minha resposta.

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