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- Shiu - Teresa alertou o Doutor, que achava um absurdo estarem pegando a rota alternativa para Jerusalém apenas para seguirem Jesus. Na cabeça dele, era mais fácil usarem a rota comercial e encontrarem o homem em Jerusalém, já que a narrativa mostrava que ele iria entrar na cidade e ser bem recebido pelo povo de lá.

Do jeito que estavam indo, estavam parecendo stalkers pois todas as vezes que algum dos discípulos olhava para trás, os dois desviavam o olhar, preferindo encarar o céu, os mosquitos (que eram muitos, Teresa estava extremamente incomodada) e até seus sapatos.

Poucas pessoas usavam aquela rota, então além de Jesus, os 12 (Teresa ainda não conseguia identificar quem era quem, mas supunha que Pedro fosse o que parecia mais velho) e algumas mulheres, eles encontraram pelo caminho não mais que 5 pessoas por toda a hora que estavam caminhando.

- Me dei conta de uma coisa – ela disse, mudando o assunto que estava focado em reclamações e histórias do Doutor sobre planetas desérticos – Como o homem em Betânia entendeu o que eu falei? E como eu entendi a conversa de André e Tadeu?

- A TARDIS tem um circuito de tradução que se liga com o seu cérebro quando viaja nela. Permite que você fale, entenda, leia e escreva no idioma com o nativo que se comunicar.

- Então o homem não estava falando inglês? – Teresa levantou a sobrancelha ligeiramente, surpresa com a afirmação do Doutor.

- Não, aramaico. Meu cérebro ouve as duas, a original e a tradução. O seu traduz inconscientemente. – Ele sorriu com a expressão surpresa no rosto da mulher.

Quando voltaram o olhar para onde o grupo original estava, percebeu que tinham parado à sombra de uma árvore e distribuíam mantimentos entre si, mas Jesus não estava mais entre eles. Teresa arregalou os olhos quando percebeu onde o homem estava e puxou o seu companheiro pelo terno.

- Ele está vindo para cá, rápido, finja que não somos perseguidores. – Ela ordenou, com um tom de desespero em sua voz.

- Mas nós não somos perseguidores - O Doutor pareceu indignado.

- Shalom - o judeu os cumprimentou quando chegou perto o suficiente, sorrindo e Teresa quase teve um ataque do coração ali mesmo. O Doutor pareceu perceber, e com uma mão, apoiou as costas dela, para que as pernas bambas não a fizessem ceder. Discretamente, ele a empurrou na direção do nazareno enquanto dava alguns passos para trás, desconcertado pela aparição.

- Sha- shalom - ela gaguejou no início, mas conseguiu formar uma palavra inteira. Teresa estava se ocupando em dobrar as pontas do seu véu, pois estava envergonhada demais de ser flagrada por ele, então não o olhar nos olhos parecia uma boa ideia.

- Vocês gostariam de um pouco de água? A jornada é longa e o sol está alto no céu, trouxe algo para beberem e comerem, não é bom que caminhem de estômago vazio. - Ele sorriu, intercalando entre ela e o doutor. - Podemos nos sentar para comer?

- É claro - a menina pareceu cair em si - Por favor - ela apontou para uma pedra que havia ali e, enquanto Jesus se sentava, ela escolheu uma a frente dele.

Teresa o observou discretamente. Ele nunca se destacaria em uma multidão, a sua aparência era mais comum do que ela jamais havia imaginado e isso fez seu coração pular de alegria. O semblante dele era gentil, conseguia perceber o quanto de compaixão havia em seus olhos, mas ao mesmo tempo, ela via poder. Ela via segurança. E justiça. Como se tudo que há de errado pudesse evaporar apenas se ela ficasse perto dele.

Ele abriu uma bolsa que carregava e tirou um cântaro cheio e um pedaço grande de pão. Partindo em 3 pedaços, pegou um para si e dividiu os dois pedaços restantes entre o casal.

Uma discípula no caminho da TARDISOnde histórias criam vida. Descubra agora