Revolução e Confusão

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Capítulo 4: Revolução e Confusão

Luca e Mia reapareceram em meio a uma praça tumultuada, cercada por gritos e o som de marchas. As bandeiras tricolores agitavam-se no ar e uma multidão raivosa se aglomerava, carregando tochas e cartazes. Não demorou muito para que percebessem onde estavam.

"Estamos na França?" perguntou Mia, olhando ao redor. "E eu acho que no meio de uma revolução..."

"Isso não parece bom," respondeu Luca, nervoso. "Precisamos sair daqui antes que as coisas piorem."

Mas o caos ao redor era inescapável. Soldados revolucionários e cidadãos tomavam as ruas, acusando e prendendo aqueles que julgavam inimigos da revolução. No meio da confusão, um dos supervisores, que os havia seguido através do tempo, tentou se infiltrar entre a multidão sem ser notado.

Ao fundo de toda essa cena de confusão e multidões aglomeradas se escutava um toque de uma música, e uma letra que parecia mexer com o ambiente, a letra dessa música era mais ou menos essa aqui:

Le ça ira
Ça ira, ça ira, ça ira
Les aristocrates à la lanterne
Ça ira, ça ira, ça ira
Les aristocrates, on les pendra
Voilà trois cents ans qu'ils nous promettent
Qu'on va nous accorder du pain
Voilà trois cents ans qu'ils donnent des fêtes
Et qu'ils entretiennent des catins

A letra dessa música traduzida para o português ficaria assim:

Vai dar certo
Ah, vai dar certo, vai dar certo, vai dar certo
Os aristocratas, para o poste
Ah, vai dar certo, vai dar certo, vai dar certo
Os aristocratas, nós os enforcaremos
Há trezentos anos eles nos prometem
Que vão nos dar pão
Há trezentos anos eles dão festas
E sustentam prostitutas.

Vestindo sua capa escura, o supervisor se movia pelas ruas de Paris, mas sua presença não passou despercebida. Um grupo de revolucionários o avistou, e sua aparência e postura o fizeram parecer um aristocrata, o maior inimigo da Revolução Francesa.

"Aquele ali! Ele é um aristocrata!" gritou um dos revolucionários, apontando para o supervisor.

O supervisor, percebendo o perigo, tentou fugir, mas foi rapidamente cercado. "Esperem, vocês estão cometendo um erro!" disse ele, tentando se livrar da situação.

"Erro? Não temos tempo para erros! Você será julgado como qualquer outro traidor da pátria!" gritou um dos líderes da multidão, sem dar ouvidos às explicações do supervisor.

Enquanto isso, Luca e Mia, que estavam tentando se esconder entre as vielas estreitas de Paris, observaram a confusão à distância. Quando viram o supervisor sendo arrastado para a guilhotina, um calafrio percorreu suas espinhas.

"É um dos supervisores! Eles o pegaram," disse Mia, atônita. "E eles acham que ele é um aristocrata."

"Ele vai ser executado... não podemos interferir, Mia. Já mexemos demais no passado," disse Luca, tentando manter a calma.

"Eu sei, mas... se ele morrer aqui, o que vai acontecer com o resto da linha do tempo? Será que isso vai mudar algo ainda maior?" Mia perguntou, preocupada.

Enquanto tentavam decidir o que fazer, o supervisor foi levado até a guilhotina. A multidão gritava em êxtase, sedenta por justiça e vingança, sem perceber que estavam prestes a executar alguém de fora de sua própria linha temporal.

"Traidor! Traidor! Para a guilhotina!" ecoavam os gritos.

O supervisor, sabendo que não havia escapatória, manteve-se calmo. Ele não poderia revelar sua verdadeira identidade, nem explicar que não pertencia àquele tempo. Assim, aceitou seu destino, mas antes de ser levado à lâmina, ele murmurou algo que fez Luca e Mia se encolherem ao ouvir:

"Se não tem pão, que comam brioches!"

A multidão ficou em silêncio por um momento, perplexa. Então, o silêncio deu lugar a um burburinho de risadas e confusão. "Brioches?! Esse aristocrata acha que estamos comendo brioches?" alguém gritou, enquanto outros começaram a rir da ironia da situação.

Antes que pudesse perceber o que estava acontecendo, a lâmina da guilhotina caiu, e a cabeça do supervisor rolou sobre as ruas frias e geladas de Paris, deixando sua marca  na história. Luca e Mia, observando de longe, sentiram o impacto do momento. Sabiam que o supervisor estava certo: mesmo com um deles fora de ação, outros continuariam a caçá-los. E agora, além de tentarem sobreviver às fugas temporais, estavam cada vez mais envolvidos nas mudanças que causavam na história.

"Temos que continuar nos movendo," disse Luca, pegando a trena.

"Mas para onde agora?" perguntou Mia, sentindo o peso de suas decisões.

"Não sei, mas temos que nos afastar o máximo possível daqui. Esse lugar está prestes a explodir em mais caos," respondeu Luca, enquanto puxava a trena mais uma vez, criando um novo portal.

Antes de desaparecerem, ouviram a multidão aplaudindo e comemorando a execução. No entanto, sem que ninguém soubesse, um pequeno fragmento do tempo havia sido alterado. Um dos supervisores havia sido apagado da linha temporal, e as consequências dessa perda ainda estavam por vir.

A Terra do Tempo (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora