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hortênsias e begônias

Era hoje, buscando seu irmão na escola, que ele iria comentar sobre o florista.

Todo o assunto que Bern tinha era meticulosamente pensado antes de ser falado. Era assim que era para ele a vida toda. 'Vou pegar um pão, quando chegar no padeiro vou falar "oi eu gostaria de um pão," ele vai falar "ok irei pegar seu pão" e tudo vai acabar bem'. Poderia se dizer que Bern era uma pessoa precavida e que não gostava muito quando as coisas não iam como o planejado.

Bern pensou em como o assunto iria correr. 'Fiz um novo amigo,' avisaria, 'sério? Quem?' o irmão iria indagar. 'Um florista que tem uma loja na esquina da minha casa,' 'legal, por isso as flores no hospital?' 'é' 'legal' e assim correria para uma agradável conversa com Chip.

Chegando na escola de carro, Bern desacelerou, estacionando o carro para que o irmão entrasse. Abriu a porta do veículo para ele já que estava ocupado segurando as muletas, ja logo as colocando pra dentro se sentando no banco da frente.

"Eai mano," Chip disse casual, colocando o cinto.

"Opa."

Um silêncio confortável residiu entre os dois rapazes, com o de cabelos brancos colocando o fone de ouvido nas orelhas.

"É," enrolou um pouco o 'é', tentando chamar atenção do irmão que logo o olhou. "Fiz um novo amigo."

"Ah é? Legal, qual o nome dele?"

"Feuripe, ele é florista. Só nos encontramos na loja dele mas considero ele como um amigo," comentou Bern.

Chip pareceu realizar algo, "Por isso as flores..." ele disse mais para si mesmo do que para o irmão. Ótimo, até agora tudo ocorreu como o planejado.

Bern dirigia enquanto olhava para a estrada asfaltada em sua frente. Estava atento, achando que o assunto tivesse acabado, mas foi pego de surpresa quando o irmão soltou uma pergunta.

"E ele é bonito?"

Bern freou bruscamente na sinaleira que marcava vermelho, gaguejando alguns 'quê?'s. "Como assim, bonito?"

"É ué, bonito, atraente. Você acha esse Feuripe atraente?" Chip dizia na maior naturalidade do mundo como se não fosse um absurdo botar Bern para pensar sobre o assunto.

"Sei lá," a resposta era um sim com letras maiúsculas, mas preferiu não se entregar. Ele lembrou de como o sorriso de Feuripe era grande e acolhedor, como ele encaixava na sua face harmônica e pele suave, os cabelos lisos meio compridos formando uma franja de lado, o que Bern não poderia dizer que não lhe atraía. Seu rosto começou a esquentar. "Você acha que eu fico olhando pras pessoas pensando se elas são bonitas ou não?"

"Acho, e acho que você pensa que o seu amigo florista é bonito," o mais novo disse, concluindo. E ele não estava errado.

Mas e daí? E daí que Bern achava Feuripe bonito? Isso não é significava nada. Absolutamente nada. "E se eu achar? O que que tem?"

"Ué, que daí você podia pedir uma chance pra ele," Bern estava quase surtando internamente, pisando no acelerador quando o sinal abriu.

"Pedir uma chance pra ele? Você tem noção do que você tá falando?" Bern jura que um dia ainda ia matar Chip.

"Mas você mesmo disse que podia ser menino ou menina, que não importava," ele disse confuso.

"Não importa porque eu não vou namorar nenhum dos dois!" Bern nunca ficou com tanta vergonha na sua vida. Era verdade que pra ele não importava que gênero fosse a pessoa, mas porque ele não queria saber de namorar, não tinha nada a ver com sua sexualidade. Era tão difícil assim de entender?