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A paciência é uma virtude, mas apenas se estiver ao seu favor... - era o que meu pai dizia, embora não precisássemos realmente esperar para termos o que quiséssemos.

Mas havia um ensinamento em suas palavras, algo que ele tentou passar discretamente enquanto eu crescia e agora, me fez estar parada de frente para o museu britânico. Tentando decidir se seria uma boa ideia enfrentar o que me aguardava lá dentro.

A festa em homenagem à sua morte, um brinde à sua partida. Era o que estavam tentando mostrar para mim, suspeitei.

Minha intenção nunca foi chegar até aqui, principalmente por ter partido da Inglaterra em busca das minhas próprias emoções. No entanto, mesmo do outro lado do mundo, papai fez questão de não permitir o desvinculo entre mim e a herança Giordano.

Quem eu era para ir contra sua palavra?

Seu testamento foi incisivo quanto à minha vida, o meu futuro e até mesmo com quem me relacionava. Não esperava menos desse maldito velho, embora meus esforços tenham sido minimizados, foi o que me trouxe até aqui, me fazendo descobrir sobre a grande máfia da família Giordano.

Claro que eu não sabia sobre essa sombra que perseguia meu sobrenome, papai sempre foi um homem que transmitia sucesso e integridade por onde passava. Isso até mesmo me causou desejo em seguir seus passos, buscando ser tão boa quanto ele.

Maldito desgraçado.

Enganou a mim e todos que confiavam em suas mãos, sua empresa era desde o início uma fachada para lavagem de dinheiro, contrabando e assassinato. Eu desfilaria sobre os ossos que esse poder usou para construir o império.

Mordi o lábio, tentando conter o sorriso de escárnio.

Advogada de dia, contrabandista à noite. Era como uma história de princesa, onde não havia realmente um final feliz.

Apertei a bolsa de mão, sentindo a pele ser marcada pela costura e caminhei lentamente na direção das portas, decorando a visão das colunas imponentes e intensas, o lugar onde guardava muito mais do que a história. Segredos, poder, dinheiro e talvez sorrisos que fechariam contratos discretamente.

Papai havia me jogado no covil dos lobos sem dar a chance que eu precisava para recuar - como se alguém, alguma vez, fosse contra suas palavras.

A música rompia o silêncio do lado de fora, ecoando pelos meus ouvidos e se misturando com as batidas aceleradas do meu coração. Estava sendo difícil pensar e muito mais lidar com todo o peso que o lugar exercia sobre mim.

Passei pela entrada ignorando a segurança que fora deixada do lado de fora e o calor me atingiu como uma lufada. A conversa diminuiu e a música pareceu alta demais agora, percorrendo a minha pele como pequenas ondas.

Eis o covil.

Me sentir observada era um eufemismo, todos os olhos se voltaram para mim e não esconderam a análise que percorria desde o topo da cabeça à planta dos meus pés. Meu vestido parecia que iria me sufocar a qualquer momento, impedindo que o ar entrasse de forma fluida pelos meus pulmões.

No entanto, ergui a cabeça e respirei profundamente. Eu poderia ser a presa dentro desse salão, mas seria a única que jamais conseguiriam capturar.

Homens armados até os dentes estavam espalhados pelos cantos do salão, perdidos entre ossos e artefatos históricos. Nem mesmo todo o poder que o Papa possuía, seria suficiente para conseguir entrar nesse lugar. A menos que estivesse envolvido com o contrabando, com assassinatos e fosse conivente com a venda de armas. Qualquer um que sequer pensasse em invadir este lugar, sofreria com as consequências.

Disponível até 13/09 - AIDEN: Ultrapassando LimitesOnde histórias criam vida. Descubra agora