Alexia no Dicionário

Prólogo

"Melhor sofrer uma injustiça do que cometê-la"

Sócrates

Há 3 meses

Choveu. Chovia muito. A tempestade provocou qualquer medo. Ficar sozinho. O d morrer. O medo de simplesmente existir e não viver. Foi isso que as tempestades fizeram

O trânsito na avenida estadual estava um caos. A chuva, o trovão e o relâmpago vinham em seu caminho, como se o mundo e Deus estivessem zangados com eles. Na verdade, acho que foi. O homem no carro estava com o rosto irritado, a testa franzida e os lábios rígidos, a mulher na carona estava tensa, ombros eretos, mas com um rosto complacente. O ar no carro estava tenso, quase palpável após a briga familiar.

— Calma, por favor. Não dá para ver nada, calma. -Pediu.

Um raio caiu, fazendo com que ela pulasse. Estar em um carro na estrada no meio de uma tempestade não era o que ela consideraria seguro, nem eles deveriam estar lá. O raio iluminou o caminho e ajudou o motorista a perceber o buraco de cerca de um metro na via, já que as luzes dos postes estavam sem energia no momento. Ele desviou o carro de um buraco.

Renée foi a primeira a notar que os faróis de outro carro apontavam para ela. Quando percebeu que já era tarde demais. O carro bateu. O veículo em que eles estavam foi jogado em um banco. Cacos de vidro voaram. O airbag abriu, mas não os salvou. Renee soltou um grito estridente.

Foi a morte? A morte que ele tanto desejava? Mas e os seus filhos? O que aconteceria com eles? O marido se virou, olhando para a esposa, o sangue parecia sair de todos os lugares dela. Ela estava quase imóvel. Foi quando ela olhou para ele, a dor, o medo, a angústia, o mesmo olhar que ela lhe dera nos últimos meses mais agravado e o que ela sussurrou partiu seu coração. Ou assim se pensava.

— Perdoo-o. Faça com que eles te perdoem. Por favor.

O sopro de vida que a cercava se foi. Fechou os olhos e depois gritou. O mais alto que podia. Seu grito era de dor; A mais pura dor de ser culpado por todo o infortúnio que causou. Por destruir todos que deveriam amá-lo.