Prólogo: O Caos que Precede a Criação

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Antes da primeira estrela acender e banhar o vasto vazio com sua luz tênue, apenas o Caos Primordial existia. Um abismo sem fim de escuridão absoluta, onde o conceito de vida ou morte não possuía forma ou significado. Nesse profundo e inquietante vazio, forças incompreensíveis habitavam, entidades sem nome que moldavam o universo com propósitos insondáveis, em um balé eterno de criação e destruição. Entre essas forças, emergiu um ser cujas intenções não eram de criar, mas de consumir — seu nome era Kronis.

Kronis não era uma entidade qualquer; ele era a própria personificação da destruição pura, um espectro de voracidade que surgira do próprio caos primordial. Enquanto os outros deuses se dedicavam à forja de mundos e ao cultivo da vida nas estrelas, ele vagava entre eles, deixando um rastro de trevas e ruína. Seu poder era absoluto e inigualável: manipulava o tecido do espaço e do tempo, dobrando as leis naturais à sua vontade caprichosa. Mas o que realmente o tornava uma figura temida era a sua Esfera do Crepúsculo, um buraco negro em miniatura que devorava tudo o que tocava. Estrelas, planetas, civilizações inteiras eram obliterados em um instante, sugados para o coração daquela arma cósmica, como folhas secas tragadas pelo vento.

Os deuses observavam aterrorizados. Eles compreendiam que Kronis não desejava apenas poder ou domínio sobre o cosmos; seu anseio era por um fim absoluto, o extermínio de todas as coisas. Assim, numa última e desesperada tentativa de preservar a criação, uniram-se em uma traição. Com suas forças combinadas, eles conseguiram aprisioná-lo em uma dimensão de escuridão absoluta, um vazio entre realidades onde nem mesmo sua malícia poderia alcançar o cosmos.

Por eras incontáveis, Kronis permaneceu selado em sua prisão. Mas o caos, assim como o tempo, não pode ser contido para sempre. Dentro de sua cela, sua raiva e frustração cresceram, alimentadas pela passagem do tempo. Ele sentia o universo continuar seu curso, as estrelas prosperarem, os mundos florescerem; e essa contínua efervescência só alimentava seu ódio. A cada ciclo de vida e morte, a cada novo mundo que surgia, ele ansiava por liberdade.

Ele aguardou. Sua paciência era infinita, cada momento uma semente de vingança germinando em sua mente obscura. E quando o momento certo chegasse, quando a própria criação estivesse desprevenida, ele escaparia. E então, tudo o que existia, tudo o que já existiu, e tudo o que um dia poderia existir seria consumido pelo vazio que ele trazia consigo, sem possibilidade de retorno.

A criação, em sua inocência, não tinha ideia do que estava prestes a despertar, uma tempestade de escuridão que prometia devorar a luz e a vida, mergulhando o cosmos em um abismo sem fim.

Kronis: O Fim de Todas as Coisas - ByLiFearOnde histórias criam vida. Descubra agora