Epílogo: O Vazio

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O universo, outrora pleno de galáxias, estrelas e mundos pulsando de vida, agora não passava de uma extensão infinita de trevas. O vácuo era absoluto. Não havia movimento, não havia som, não havia luz. Apenas Kronis, solitário, erguia-se no centro desse nada, sua silhueta colossal contrastando com o abismo eterno que ele próprio havia criado. Ele havia consumido tudo. Cada estrela, cada planeta, cada partícula de matéria havia sido sugada pela Esfera do Crepúsculo, até não restar mais nada além do vazio.

Kronis flutuava imponente, o último vestígio de existência, sua forma envolta em uma escuridão que parecia ainda mais densa do que o vazio ao seu redor. Ele era o fim de todas as coisas, o próprio apocalipse encarnado, e, com sua vitória final, deveria ter sentido algum tipo de satisfação. Mas a verdade, no âmago de seu ser, era outra.

Ele sentia apenas fome.

Não havia repouso ou glória em seu triunfo absoluto, apenas o eco de sua eterna necessidade, que continuava a crescer dentro dele, corroendo seu próprio ser. A Esfera do Crepúsculo, pendendo pesadamente em suas mãos, pulsava com uma energia insaciável, clamando por mais. Contudo, não havia mais nada para consumir.

O vazio não oferecia resistência, não respondia, nem contestava sua existência. Kronis era o último e único soberano deste reino de desolação. Sua presença, antes capaz de distorcer realidades e corromper o próprio tempo, agora apenas habitava. Sem estrelas para devorar, sem mundos para destruir, o universo se tornara um espelho do próprio Kronis: um poço sem fim de escuridão.

Mas havia algo mais, uma força que ele ainda não compreendia plenamente. A destruição do universo havia gerado uma fissura nas barreiras do tempo e do espaço. Além do vazio, além do silêncio, Kronis começou a sentir o eco de outras realidades. Universos ainda intocados, inteiros, repletos de luz e vida — destinos que ainda não tinham experimentado sua presença destrutiva.

A fome dentro dele cresceu. Ele ergueu a Esfera do Crepúsculo, agora mais faminta do que nunca, e olhou para além das fronteiras do que restava de seu universo. Ele sabia que a destruição não acabava aqui. Kronis não podia existir sem o caos e a morte que o alimentavam. O vazio o sufocava, e a existência de novos mundos chamava sua atenção. Sua jornada não estava terminada.

O fim de todas as coisas nunca seria o bastante. Ele precisava consumir mais, devorar mais. Além da escuridão, Kronis vislumbrou fissuras nas paredes do tempo. Ele percebeu que poderia transpor os limites do seu próprio universo, que poderia encontrar novas realidades, novas criações para destruir.

Com um movimento implacável, Kronis canalizou a energia residual do universo que ele havia aniquilado. Ele começou a abrir um caminho. Rachaduras no tecido do nada surgiram à sua volta, e por essas brechas, Kronis sentiu os ecos de outros universos. Atravessar seria apenas uma questão de tempo. Novos mundos, novas estrelas, novas vidas — tudo à sua espera, pronto para ser consumido.

E assim, no vazio absoluto, Kronis se preparou para continuar sua marcha. O fim de todas as coisas não era um destino final, mas apenas uma etapa em sua jornada infinita de destruição. Ele era a personificação da fome eterna, um deus da escuridão, condenado a devorar para sempre. Agora, novos universos aguardavam sua chegada, ignorantes do horror que estava por vir.

E enquanto o vazio absoluto se fechava atrás dele, o silêncio foi interrompido apenas por uma última, inaudível promessa: O fim nunca termina. Kronis estava a caminho, e o ciclo de destruição estava destinado a começar novamente.

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⏰ Última atualização: Sep 25 ⏰

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Kronis: O Fim de Todas as Coisas - ByLiFearOnde histórias criam vida. Descubra agora