Na extremidade mais sombria e desolada do universo, onde as estrelas morriam silenciosas e os planetas se dissolviam em poeira estelar, existia um mundo cujas raízes estavam fincadas na corrupção mais profunda. O planeta Morikha, um remanescente de eras longínquas, balançava nas bordas do esquecimento. Seu solo era negro como breu, marcado por cicatrizes de épocas passadas, e o ar pulsava com um mal ancestral que poucos ousavam compreender.
Neste cenário de pura decadência, uma ordem nefasta prosperava. Os Filhos do Crepúsculo, um culto devoto às forças da destruição, acreditavam ser os escolhidos para libertar a verdadeira essência do caos no cosmos. Durante séculos, eles se reuniram em cavernas subterrâneas, seus corpos deformados pela exposição a energias arcanas e suas almas consumidas pela sede de poder absoluto.
No centro desse culto, no coração pulsante de Morikha, o Alto Sacerdote Zaran preparava o ritual final. Ele era uma criatura grotesca, com olhos negros vazios que refletiam a própria ausência de luz, e uma pele esquelética, marcada pelo tempo e pelo sacrifício. Suas mãos estavam adornadas com símbolos antigos que pulsavam com uma luz maligna e febril. Ele sentia a presença de Kronis, aprisionado, mas ainda vivo, em uma dimensão além da compreensão. Durante anos, Zaran teve visões perturbadoras de Kronis — não como um salvador, mas como a própria personificação da destruição. A ideia o fascinava e o consumia. Não havia redenção, apenas o fim, e para Zaran, o fim era a única verdade.
Os preparativos para o ritual estavam completos. Nas paredes das cavernas, símbolos distorcidos e arcaicos eram desenhados com sangue fresco, e o ar ao redor vibrava com a expectativa daquilo que estava por vir. A escuridão parecia ganhar vida, como se o próprio planeta estivesse conspirando com Zaran e seus seguidores. No centro da câmara, uma esfera de sombras flutuava, uma réplica fraca, porém ameaçadora da Esfera do Crepúsculo, uma ferramenta vital para o retorno de Kronis ao universo físico.
Os membros do culto estavam prontos, seus corpos contorcendo-se de antecipação. Eles se ajoelhavam em um silêncio absoluto, aguardando o momento em que Kronis atravessaria a barreira entre dimensões e os libertaria de suas existências miseráveis. Zaran, em seu trono de ossos e desespero, ergueu as mãos, e a esfera no centro da sala começou a pulsar, emitindo uma luz negra que devorava o pouco de claridade que ainda ousava existir.
"Ele se aproxima", Zaran sussurrou, sua voz rachada ecoando nas cavernas como um lamento agonizante.
Com um grito final de invocação, ele abriu os braços e recitou as últimas palavras do ritual. O chão tremeu sob seus pés, e o ar ao redor se tornou denso, quase sólido, como se o próprio universo estivesse prestes a se dobrar ao desejo daquele culto insensato. O tecido da realidade começou a se rasgar, e a esfera de sombras se expandiu rapidamente, sugando a luz, o som e até mesmo o tempo. O silêncio que se seguiu foi absoluto, como se todo o cosmos estivesse prendendo a respiração.
Então, das profundezas da escuridão, uma silhueta começou a emergir. Não era uma figura mortal, mas uma presença que não deveria existir, uma mancha no próprio tecido da realidade. Kronis, o Guerreiro das Sombras, havia retornado.
Ele era colossal, sua forma cercada por uma aura de sombras que parecia devorar a luz ao seu redor, uma manifestação do desespero e da fúria do universo. Seus olhos vermelhos brilhavam como dois sóis mortos, cheios de ira e vingança acumuladas por eras. A Esfera do Crepúsculo pairava em sua mão, pulsando com uma fome insaciável que se estendia além da compreensão. Cada pulsação da esfera distorcia a realidade ao redor, e o culto, que até então aguardava sua salvação, começou a perceber o erro que haviam cometido.
Zaran, em um momento de clareza desesperadora, olhou nos olhos de Kronis e compreendeu a verdade que sempre estivera oculta. Não havia nova era de poder, não havia bênção ou recompensa. Havia apenas a morte, e ele a trouxera para si mesmo.
Sem um único som, Kronis ergueu a mão que segurava a Esfera do Crepúsculo, e num instante, todos os cultistas foram sugados para dentro dela. Seus gritos foram silenciados antes mesmo de ecoarem, seus corpos desintegrando-se, e suas almas, se é que alguma vez tiveram uma, foram consumidas pela fome eterna da esfera. Apenas Zaran permaneceu, por um momento agonizante, enquanto a realidade ao seu redor se fragmentava e desmoronava.
Com um último gesto, Kronis esmagou o corpo do Alto Sacerdote com sua mera presença, reduzindo-o a pó, antes de se voltar para o espaço além, onde as estrelas brilhavam sem saber do horror que se aproximava. Não havia redenção. Não havia propósito maior. Kronis estava livre, e o universo se curvaria à sua vontade de destruição.
O culto, Morikha e suas promessas de poder eterno desapareceram, engolidos pela escuridão. Kronis, agora liberto de sua prisão, ergueu-se sobre o vazio interestelar e, com um pensamento, abriu um rasgo na realidade, atravessando-o. Sua jornada para o fim de todas as coisas havia começado, e com isso, o universo estremeceu em um prelúdio de terror que reverberaria através das eras.
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Kronis: O Fim de Todas as Coisas - ByLiFear
Bilim KurguNeste épico sombrio, Kronis, um ser imensurável e impiedoso, desperta de sua prisão dimensional após eras de exílio. Com a temível **Esfera do Crepúsculo** em suas mãos - um artefato que nasceu junto da existência de Kronis, como se fosse uma extens...