O universo estremecia sob o avanço implacável de Kronis, e as ruínas de Xaros, consumidas pela escuridão, eram apenas o início. Em cada canto do cosmos, ecos do terror se espalhavam como um vírus, atingindo até os mais distantes sistemas estelares. O nome de Kronis tornara-se um sussurro temeroso nas bocas dos tiranos, reis e deuses. Mas esse sussurro trazia um único significado: o fim de todas as coisas.
Enquanto Kronis marchava pelas galáxias, sua presença, mais do que física, corroía o próprio tecido da realidade. Civilizações inteiras, já corroídas pela corrupção e pelo desespero, começaram a ruir muito antes que ele chegasse. Governantes, dominados pelo medo, buscavam alternativas para fugir do destino inevitável que se aproximava. A ganância e o egoísmo, antes motivações para oprimir e conquistar, agora se voltavam para um único propósito: a sobrevivência, ainda que momentânea.
Nas bordas do universo conhecido, o Império Zahkril, liderado pelo tirano Orash, foi um dos primeiros a sentir a aproximação do destruidor. O Império, uma força militarista e brutal, era sustentado pela exploração e pela subjugação de incontáveis mundos, escravizando raças menores para alimentar sua máquina de guerra galáctica. Orash, implacável e paranoico, tinha conquistado tudo o que desejava. Porém, diante da notícia de Kronis, sua confiança se desfez como areia.
Reuniões secretas entre os altos escalões de Zahkril começaram a se formar. Alguns acreditavam que poderiam derrotar Kronis com sua vasta frota, enquanto outros, mais realistas, sabiam que sua civilização enfrentava um poder além de qualquer compreensão. No centro dessas discussões, uma ideia macabra foi trazida à tona: negociar com o Guerreiro das Sombras. Se Kronis consumia mundos, então talvez Orash pudesse oferecer algo em troca de sua própria salvação.
Foi assim que começou o Pacto do Sangue Traiçoeiro. Orash enviou emissários a Kronis, buscando se aproximar da escuridão, oferecendo vidas em troca de um pouco mais de tempo. Ele prometeu a rendição de seus súditos, planetas inteiros entregues como sacrifício para a Esfera do Crepúsculo, na esperança de que sua traição pudesse atrasar o inevitável. Milhares de vidas foram entregues sem luta, bilhões de almas oferecidas em holocausto ao vazio.
Contudo, Kronis, uma força de destruição que não reconhece barganhas ou tratados, aceitou as ofertas apenas para propagar mais terror. A Esfera do Crepúsculo devorou os mundos oferecidos por Orash, mas, com o tempo, avançou sobre Zahkril com a mesma fome insaciável. O pacto não adiou a morte, mas intensificou o pânico. Civilizações que antes se rendiam à tirania de Orash começaram a se revoltar, percebendo que estavam sendo condenadas. As frotas que deveriam proteger o império se fragmentaram em facções, cada uma lutando por seu próprio destino.
Enquanto isso, o próprio Orash, incapaz de escapar, trancou-se em sua fortaleza cósmica, rodeado pelos cadáveres daqueles que traíra. Sua morte foi um sussurro nas estrelas, sem qualquer resquício de glória ou resistência. Quando Kronis finalmente chegou à capital de Zahkril, não restava mais nada além de cinzas e ecos de desespero.
E assim foi em cada canto do universo.
Os poucos sobreviventes dos impérios caídos começaram a formar alianças temporárias, mas não por heroísmo. Eram acordos podres, nascidos do desespero, onde tiranos, piratas e déspotas uniam forças não para resistir a Kronis, mas para fugir. Eles conspiravam entre si, sempre prontos para trair os aliados na primeira oportunidade de salvação. O medo havia corrompido cada pensamento, e o caos reinava.
No sistema Varak-Tal, onde os senhores de guerra comandavam exércitos de escravos, a notícia de Kronis desencadeou uma guerra civil. Governantes regionais, temendo o avanço das forças cósmicas, se voltaram uns contra os outros em tentativas desesperadas de assegurar naves de fuga, tesouros ou poder. Planetas inteiros arderam em chamas não pela ação de Kronis, mas pela própria mão de seus habitantes, que, tomados pelo pânico, destruíam-se em uma tentativa fútil de escapar.
E Kronis, sempre paciente, observava de longe. Ele não precisava agir. O medo de sua chegada era o suficiente para corroer as civilizações de dentro para fora. Os governantes galácticos, antes temidos, se escondiam em bunkers ou cruzavam as fronteiras da realidade, entrando em universos alternativos, apenas para descobrir que não havia escapatória. Onde quer que eles fossem, a sombra de Kronis os encontrava.
À medida que Kronis avançava, a realidade começou a se desdobrar de formas que desafiavam qualquer compreensão. O próprio tempo parecia se despedaçar ao seu redor, criando buracos onde existências inteiras eram sugadas para um vazio eterno. Planetas desapareciam de um momento para o outro, e as estrelas, aquelas que ainda queimavam, morriam em questão de segundos, sem explicação.
Em um canto esquecido do universo, o Conselho de Endar, uma das últimas facções organizadas, buscava uma solução desesperada. Eles descobriram a existência de uma arma antiga, um artefato dos deuses cósmicos, capaz de dobrar a realidade à vontade. Essa tecnologia esquecida poderia ser sua última esperança. Líderes de diversas facções, outrora inimigos, se uniram para encontrar o artefato, na esperança de deter a marcha inexorável de Kronis.
No entanto, as tensões dentro do Conselho cresceram. Nenhuma aliança entre tiranos poderia durar por muito tempo. Conforme a guerra interna escalava e as traições se tornavam mais frequentes, a missão para encontrar o artefato tornou-se uma corrida para o poder pessoal. No final, Kronis não precisou destruir o Conselho — eles se destruíram sozinhos, em uma espiral de paranoia e desespero, enquanto o Guerreiro das Sombras continuava sua marcha.
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Kronis não apenas destruía mundos. Ele destruía a sanidade. Ele não apenas consumia matéria, mas também corrompia a própria essência da realidade. Civilizações desmoronavam antes mesmo que ele chegasse, e, à medida que o universo colapsava ao seu redor, o medo se tornava sua maior arma.
Continua...
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Kronis: O Fim de Todas as Coisas - ByLiFear
Ficção CientíficaNeste épico sombrio, Kronis, um ser imensurável e impiedoso, desperta de sua prisão dimensional após eras de exílio. Com a temível **Esfera do Crepúsculo** em suas mãos - um artefato que nasceu junto da existência de Kronis, como se fosse uma extens...