7. A Queda do Universo

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O universo não era mais do que uma coleção de mundos moribundos, estrelas agonizantes e galáxias envoltas em trevas. A presença de Kronis havia corrompido tudo, consumido o que restava de vida, esperança e luz. As distorções na realidade eram tão profundas que, em algumas partes do cosmos, o tempo já não fluía de maneira linear. Civilizações inteiras existiam em um ciclo eterno de nascimento e destruição, refazendo seus últimos momentos de agonia, presas em espirais de sofrimento.

Kronis, agora completamente dominado pelo poder da Esfera do Crepúsculo, havia devorado tanto espaço quanto tempo. Sua fome insaciável cresceu a proporções inimagináveis. O colapso final do universo já não era uma hipótese distante; era uma certeza iminente. As estrelas, outrora luzes de esperança em um cosmos vasto, eram agora consumidas uma a uma, cada explosão de luz transformada em escuridão, cada supernova, um grito silencioso de morte.

Nas regiões mais distantes do cosmos, poucos planetas ainda permaneciam de pé. Eram relíquias de civilizações que haviam sobrevivido ao inevitável por pura sorte ou ignorância. Mas com a aproximação de Kronis, até esses refúgios estavam condenados. Não havia heróis, não havia resistência organizada, apenas o medo primordial de seres que compreendiam, de maneira dolorosa, que o fim estava próximo.

No planeta Valthea, uma antiga civilização conhecida por seus impérios cruéis e sanguinários, os governantes observavam impotentes enquanto Kronis se aproximava. Seus líderes, que durante eras dominaram galáxias com tirania e opressão, agora eram reduzidos a fragmentos de medo, incapazes de enfrentar o terror. Os céus de Valthea, outrora ricos em estrelas e galáxias visíveis, tornaram-se negros, enquanto a Esfera do Crepúsculo começava a consumir sua luz.

Kronis não tinha pressa. Sua presença paralisava o tempo, deixando seus alvos cientes de sua chegada por longos e aterrorizantes momentos. Ele permitia que sentissem o pavor absoluto antes de serem devorados. A Esfera consumiu o planeta de maneira meticulosa, sugando toda a sua energia vital, sua história e seu tempo. Valthea, uma civilização outrora poderosa, foi reduzida ao vazio. Apenas uma sombra cósmica permanecia onde antes havia vida.

O impacto de Kronis na realidade tornou-se catastrófico. O tecido do universo começou a se desfazer. Planetas inteiros foram despedaçados pela instabilidade crescente do espaço-tempo, sem que Kronis sequer precisasse tocá-los diretamente. O tempo fluía em direções opostas, dobrava-se sobre si mesmo e colapsava. Algumas civilizações, presas em bolsões de realidade fragmentada, experimentavam milênios de agonia em questão de segundos, enquanto outras eram congeladas em um estado de desintegração eterna.

Nas bordas do universo, onde as últimas galáxias remanescentes lutavam contra o colapso iminente, um último fragmento de resistência se reunia, não para lutar, mas para testemunhar o fim. Os seres ali presentes, criaturas antigas e deformadas pelo tempo e pelo caos, já não reconheciam seus próprios passados. A memória do que o universo havia sido estava se perdendo, corroída pela presença de Kronis e pela distorção da realidade.

Eles sabiam que não havia mais fuga. Kronis se aproximava. A última estrela, que brilhava com uma luz pálida e enfraquecida, era tudo o que restava de um universo outrora vasto e imenso. Quando Kronis chegou, não houve resistência. Não houve gritos, apenas o silêncio mortal de uma civilização que aceitou o seu destino final.

Kronis ergueu-se sobre a última estrela, com sua Esfera do Crepúsculo pulsando, sua fome maior do que nunca. A estrela tremeluziu diante de sua presença, como se estivesse ciente do fim inevitável. A Esfera engoliu a luz da última estrela em um único instante, como uma chama que se apaga no vazio. O universo ficou completamente imerso na escuridão. Não havia mais planetas, não havia mais vida, não havia mais luz. Apenas o vazio infinito e silencioso.

Com a destruição da última estrela, o universo começou a se desintegrar por completo. O próprio espaço começou a colapsar em si mesmo, enquanto o tempo, já instável, deixou de ter qualquer significado. O vácuo absoluto dominou tudo, e não havia mais nada além da presença colossal de Kronis, o devorador de realidades.

Kronis, agora o único ser restante em um universo destruído, pairava sobre o vazio que ele havia criado. Ele era a única entidade viva em toda a existência, e sua vitória era completa. O universo inteiro havia sido consumido, devorado pela sua fome insaciável e pela escuridão da Esfera do Crepúsculo. O silêncio absoluto reinava, interrompido apenas pelos ecos distantes de realidades distorcidas e corroídas.

Mas mesmo naquele vazio absoluto, Kronis ainda sentia fome. Ele havia devorado tudo, mas sua existência era definida por seu apetite insaciável, pela destruição e pela escuridão. O fim de todas as coisas não era suficiente para saciar sua natureza. A presença de Kronis, então, começou a se expandir, transcendendo o que restava de seu universo.

Kronis, agora um ser de poder absoluto, começou a sondar as fronteiras da realidade. Ele sabia que havia mais além do vazio que o cercava — outras realidades, outros universos. Sua fome, que havia consumido um universo inteiro, agora se voltava para além de sua criação. Ele buscava novas dimensões, novos cosmos para devorar.

Através das fissuras que ele mesmo havia criado no tecido da existência, Kronis começou a romper as barreiras entre os universos. O próximo ciclo de destruição estava para começar. Ele havia alcançado o fim de todas as coisas, e mesmo assim, sua jornada estava apenas começando.

Kronis: O Fim de Todas as Coisas - ByLiFearOnde histórias criam vida. Descubra agora