DESCOBERTAS

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POV: Lux

Após dar banho na Beatriz, colocamos uma fralda nela, foi a primeira vez que fiz isso, e depois uma roupinha leve nela um conjuntinho lindo da Minnie, ainda bem que minha mãe lembrou de comprar algumas peças de roupa. Enquanto minha mãe foi na cozinha preparar alguma coisa para Beatriz comer, meu pai e eu ficamos babando na menina, mas só um pouquinho, ok?

— Olha pai, como ela pequena e fofa — falo enquanto brinco com ela no meu colo — eu queria tanto fazer ela sorrir e esquecer de tudo de ruim que ela viveu.

— Ela é muito linda mesmo, me lembra você quando era criança — também brinca com a menina que parece estar mais a vontade.

Eu só conseguia ficar olhando para ela completamente hipnotizada, aqueles olhos negros me fitava hora ou outra quase implorando por carinho e cuidado, e por mais que eu seja inexperiente nesse lance de cuidar de criança, essa vontade de cuidar dela só vinha crescendo mais e mais, mas eu tinha medo, medo de falhar. Estava perdida nesses pensamentos e naqueles olhos até meu pai me tirou dos meus devaneios.

— Filha, você decidiu o que vai fazer? — mesmo sem nunca ter tocado no assunto, eu sabia do que ele estava falando.

— Para ser sincera, eu não sei pai. Ainda estou tentando entender porque essa pessoa me escolheu dentre tantas por aí.

— Talvez seja porque ela viu que você é uma boa pessoa e vai cuidar bem da filha dela, ela vê em você uma chance da pequena Beatriz crescer saudável e amada. — ele segura minha mão — ela não disse na carta que olhou você por dias até lhe entregar a menina? Então ela provavelmente fez isso para ter certeza de que você era uma boa pessoa, e quando teve certeza deixou a criança com você.

Ouvir meu pai falando isso me fez pensar seriamente em adotar a Bia, não em dizer que me apaixonei por essa criança. Mas como eu disse, tenho medo de falhar miseravelmente e não conseguir fazer essa criança ser feliz. E se eu não for uma boa mãe para ela? E se ela não gostar de mim? Antes que eu percebesse, todas essas dúvidas tomavam conta da minha cabeça.

— Independente da decisão que você tomar, sua mãe e eu vamos apoiar você querida — dá um sorriso gentil.

— Obrigada, pai, isso é importante para mim — ele me abraça e beija o topo da minha cabeça e Beatriz ficou olhando aquela cena e meu pai deu um sorriso.

— Tá bom, um beijo e um abraço para você também pequena — logo o papai urso deu um abraço nela, tadinha quase sufocou ela com aqueles braços gigantes.

Apesar de grande e ameaçador, meu pai é extremamente gentil com aqueles que gosta, apesar de não ser o forte dele, ele conseguiu controlar a força e não machucar a menina, que, reagiu até bem ao abraço. Não demora muito minha mãe chega com uma tigelinha com mingau e uma colherzinha daquelas fofinhas de ursinho no cabo, ela realmente comprou tudo.

— Fiz um mingau de aveia porque é mais leve para esse horário, mas também é nutritivo — minha se sentou ao meu lado, já que ainda estava com a Bia no colo, e tentou lhe dar o mingau de aveia que ela havia feito, mas Bia virou o rosto e o escondeu no meu enquanto segurava minha camisa, aquilo foi muito bonitinho.

— Acho que ela não quer. Também, quem gosta de aveia? — sério, aveia é horrível.

— Não acho que esse seja o problema aqui Lux, e sim porque ela quer que você dê a ela. — me entrega a tigelinha.

— E se ela não quiser? — pergunto insegura.

— Vai querer sim, tá tudo bem. Olha, eu vou segurar a tigelinha e você dá a ela.

— Ok... — com a colher pego o mingau, assopro um pouco, apesar de estar morno, e dou a ela — aqui Bia, come isso aqui, é bom — falo me sentindo horrível para menina, já que aveia é horrível.

Para minha surpresa a Bia abriu a boquinha e coloquei o mingau dentro dela, olhei para minha mãe extasiada pela felicidade que sentia e ela me olhava com um sorriso tão bobo quanto o meu, já o meu pai era quase o mesmo. A cada colherada que dava ficava hipnotizada pelo jeitinho fofo de mastigar o mingau, suas bochechinhas pareciam tão macias que dava tanta vontade de apertar que tive que me segurar para não fazer.

— Está gostoso? — pergunto despretensiosa, mas para minha surpresa ela balançou a cabeça em positivo.

Meus olhos se encheram de lágrimas, enfim recebi a primeira resposta dela, minha mãe me olhava também emocionada, será que isso significa que ela tá confiando mais em nós? Em mim? Eu não sei, mas espero que ela se abra cada vez mais e sinta bem comigo. Terminamos de dar o mingau a Bia, que comeu tudinho, depois escovei os dentinhos dela, que estavam muito mal tratados, com a escovinha que minha mãe havia trago dentre as inúmeras coisas que comprou.

Bia parecia estar com sono, mas minha mãe me aconselhou a mantê-la acordada por pelo menos 40 minutos já que ela havia acabado de se alimentar e isso poderia causar um mal-estar na pequena, o ideal seria 1 hora, mas já era tarde. Manter Bia acordada foi uma missão difícil, já que era tarde, 21:30 exatamente, e ela estava cansada, mas minha mãe e eu ficamos brincando com ela com alguns dos brinquedos que tinha. Meu pai ficou na sala quase o tempo todo no celular, parecia estar falando de algo importante com alguém. Hora ou outra ela cochilava, mas não a deixamos dormir, minha vontade era de deixar ela dormir a vontade, mas tinha medo dela passar mal. Já passava das 22:00 e após os 40 minutos mais difíceis da minha vida, eu recebi finalmente a autorização de deixá-la dormir. Com todo cuidado e carinho peguei ela no colo e fiquei cantando algumas canções de ninar para ela dormir, o que não demorou muito para acontecer, coitada estava cansada, deve ter sido um dia muito ruim. Coloquei ela centralizada na cama para evitar cair e a tampei com um cobertor, por fim fiquei alguns minutos admirando a cena dela dormindo calmamente, linda, era só o que conseguia pensar ao ver ela.

Meu pai e minha estavam conversando do lado de fora do quarto no corredor e assim que perceberam que Bia dormiu me chamaram para conversar, dei uma última olhada na Bia e fui conversar com eles.

— Filha, você tem que decidir, mas tome uma decisão na qual você não irá se arrepender, pense com cuidado, aposto que seu já te disse, mas vamos te apoiar seja qual for sua escolha. Mas lembre-se, essa decisão vai, literalmente, mudar sua vida. — me faz um alerta.

— Eu sei mãe, vou pensar devidamente nisso e assim que tiver uma decisão final vou falar com vocês. — seus rostos estavam com um semblante de preocupação e eu até entendia o porquê.

— Sem querer te apressar, você tem de decidir o mais rápido possível, pois tem que avisar ao conselho tutelar e também a polícia, pois se você for, de fato, adotar, ela vai ter muitos trâmites a serem tomados e se não for... — deu uma breve pausa antes de continuar — ... ela vai ter que ir para um orfanato.

Ouvir que ela poderia ir para um orfanato não me agradou em nada, na verdade, me deixou ainda mais preocupada, e se uma família ruim adotasse ela? Só de pensar nisso fervo de raiva, ela já sofreu muito e não quero que sofra mais.

— Lux, seu pai e eu estávamos conversando e achamos melhor levar ela no hospital amanhã para fazer alguns exames.

— Sim, eu vou vir buscar vocês por volta das 9:00, enquanto Augatha arruma tudo para vocês no hospital.

— Tá bom... Agradeço muito a vocês, sério. — abraço eles.

— Vamos sempre estar aqui para você pequena. — me beija na testa meu pai gigante.

Meus pais decidiram ir embora, eu estava prestes a acompanhar eles até na porta, mas não deixaram, disseram para ficar com a Bia e que passaria a chave por debaixo da porta após saírem, assim me despedi deles e voltei para o quarto.

Me deito com um certo cuidado para não acordar Bia, fiquei deitada de lado olhando o seu rostinho pequeno, os traços de seu rosto eram perfeitamente desenhados, a mãe dela deve ser bonita também. Comecei a fazer algumas carícias em se cabelo, e lentamente, ela foi se aproximando e se aconchegando em mim, e foi assim, entre pequenas carícias e uma sensação boa que acabei adormecendo.

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